terça-feira, junho 16, 2015

Antes o poço da sorte que tal morte

Estamos no início de mais uma “semanas decisivas”, uma das muitas que têm marcado o impasse entre as instituições europeias, o FMI e o governo grego. Este prognóstico recorrente tem um fundamento. É crescentemente evidente que há um impasse e é também crescemente evidente que o impasse é político. Não tem nada a ver com a restruturação da dívida ou as metas do saldo primário. E também não tem a ver com “trabalho” como gostam de dizer os dirigentes europeus. O centro da divergência são as medidas a implementar e as posições parecem irredutíveis.
O caminho para esta irredutibilidade é, no entanto, bastante diferente. Enquanto o governo grego já deixou cair várias das suas propostas, a reestruturação da dívida, incluiu algumas exigências das instituições, comprometeu-se com metas pouco sensatas para o saldo primário, as instituições estão essencialmente imóveis. A posição actual da Europa é muito próxima do seu ponto de partida, sobretudo no que à política diz respeito. De tal forma é assim que várias das medidas que estão a ser exigidas ao novo governo grego constavam do programa… de Samaras.
Hoje, de entre as medidas que estão a ser exigidas, constam cortes nas pensões equivalentes a 1% do PIB e um aumento do IVA que garanta uma receita adicional também de 1% do PIB. Só estas duas exigências do FMI resultariam numa contracção do PIB entre os 1,8% e os 3,4%, de acordo com os cálculos do… FMI. Ou seja, se aplicarmos a estas medidas insanas os resultados do estudo realizado pelo próprio FMI, o que está a ser proposto governo grego é que mergulhe deliberada e conscientemente a sua economia numa nova recessão económica. Ora, parece cada vez mais claro que isso não vai acontecer.

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