sexta-feira, julho 03, 2015

MAIS UMA VEZ SE PÕE A QUESTÃO

Deve continuar a haver relatórios para análise do mercado financeiro? Em todo o caso, o conhecido site de notícias norte-americano Business Insider advertiu, perante a leitura do Global Financial Stability Report do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicado em meados de Abril, que este relatório sobre o estado dos mercados financeiros mundiais "não era próprio para cardíacos". O FMI constatava um aumento da instabilidade do sistema financeiro mundial desde Outubro de 2014, em paralelo com um deslocamento de "riscos de estabilidade" para domínios onde são difíceis de detectar. Eles ter-se-iam deslocado das "economias avançadas para as economias emergentes, dos bancos para os bancos-sombra e de problemas de solvabilidade para problemas de liquidez".

O FMI concluía que os "mercados podem ser cada vez mais vulneráveis a episódios em que a liquidez desaparece e a volatilidade dispara." Como exemplos da crescente instabilidade estrutural do sistema financeiro global, o relatório mencionava as distorções desencadeadas pela abolição da ligação do franco suíço ao euro em Janeiro de 2015, bem como o repentino voo picado das obrigações a dez anos do tesouro dos EUA em Outubro de 2014, cujo colapso foi comparável à reacção à falência do Lehman Brothers em 2008. Estas turbulências nos mercados foram reforçadas principalmente pela enorme "retirada de apoio à liquidez", alertava o FMI.

Falando claramente: sob a superfície da actividade "normal" do mercado, o cepticismo e a desconfiança estão a espalhar-se entre os sujeitos que nele intervêm, já que existe mesmo a ideia da insustentabilidade da dinâmica de especulação actual – da bolha de liquidez desencadeada pela política monetária expansionista dos bancos centrais. Cada actor do mercado financeiro tem de participar durante tanto tempo quanto possível durante a bonança, mas ao mesmo tempo tem aumentar a disponibilidade para sair o mais rapidamente possível na turbulência. Por isso também podem ocorrer eventos limitados de ondas de choque maiores através de todo o sistema, como observava o Business Insider: "Quando a liquidez do mercado seca, em momentos de maior volatilidade, a extensão e o alcance dos movimentos do mercado é reforçada". O que surge aqui é o retorno da constelação de crise da crise financeira global de 2007/2008, quando os mercados "congelaram", após o choque do Lehman Brothers, e os empréstimos no mercado interbancário quase paralisaram, porque os actores do mercado financeiro já não confiavam entre si.


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