terça-feira, novembro 22, 2005

EDITORIAL VII - Do Jornal "A Batalha"

No espaço de tempo que medeia entre a escrita destes editoriais e a respectiva publicação de “A Batalha” imensos acontecimentos alguns públicos e amplamente discutidos, embora de alcance crítico reduzido, outros mais ou menos subreptícios porque não convém suscitar más más consciências, são produzidos em catadupa. O objectivo deste espaço é de chamar a atenção a alguns desses acontecimentos do nosso quotidiano, ampliar a nossa reflexão crítica visto que os grandes orgãos de comunicação social enfeudados aos grupos capitalistas não estão interessados em fazê-la, e chamar a atenção dos leitores, pois ao contrário do que dizia o filósofo alemão seiscentista Leibniz - este não é o melhor dos mundos possíveis. Apelo a uma reflexão crítica que obrigatoriamente terá de levar a uma intervenção prática, quando houver condições objectivas para que isso aconteça.
Dito isto chamamos a atenção para uma declaração dum basbaque do sistema que declarou que “ Se eu fosse Deus eliminaria toda a pobreza, a fome e a dor da humanidade (...) Só que, se fizesse isto, destruíria também a liberdade das pessoas.” Qual é a diferença entre esta argumentação retórica e a argumentação dos racistas sul-africanos que defendiam que o poder nunca poderia ser entregue aos negros porque antes de mais eram uma raça inferior, o que levaria o país ao caos e à ruína? Trata-se do mesmo tipo de pensar retrógrado - por conveniência - que encontramos ao longo do processo histórico. É o mesmo pensar que defendeu a escravatura e que hoje defende, por exemplo, a pena de morte com a convicção que, por este meio, os assassínios e a violência - não legal - iriam diminuir. O senhor que escreveu o texto acima transcrito é da Universidade Católica, e não se admirem, se for do Opus Dei.
Feita esta introdução de como vai um certo pensar pelas lusas bandas, vejamos mais de perto como se proporciona no dia a dia a nossa “convivência democrática”. Durante quatro anos os nossos “queridos deputados” gastaram quase meio milhão de contos nas célebres “viagens” que foram noticiadas. Sabe-se agora que oitenta por cento desse dinheiro não foi utilizado nos fins para que estava efectivamente destinado. Coitados dos nossos deputados que são tão injuriados!
Num inquérito à classe jornalística foi apurado que os jornalistas sofrem todo o tipo de pressões. Mais precisamente, nove em cada dez de mais de cinquenta por cento dos que responderam ao inquérito admitem êxito nas pressões. dito isto ficamos de vez esclarecidos sobre o sifnificado de expressão “jornalismo independente”.
O poder central sacudiu alegremente a água do capote no caso do aumento das contribuições autárquicas, atirando as culpas para o Parlamento e as câmaras municipais. Mas será que o ministro das finanças não soubeda iniciativa do grupo parlamentar que sustenta o governo para aumentar a taxa máxima de 0,3 % no orçamento de 98. E fez alguma coisa para a impedir? E não era uma promessa do actual governo que só haveria alterações na contribuição autárquica um “pacote” que incluiria a abolição da sisa e um novo método de cálculo dos valores matriciais das propriedades? A conclusão a retirar, mais uma vez, é que o poder central ora exalta ora deita abaixo o poder municipal, consoante tira dividendos daí, para sua maior glória. Em contrapartida este poder municipal, não sendo mais do que emanação do poder central não responde naturalmente nem às expectativas nem aos interesses das respectivas populações.
Uma nota positiva a registar, que pretende ser também um ponto priveligiado destes editoriais, é a existência de comissões de luta que, pelo menos na sua constituição, estavam libertas dos ditos poderes “democráticos” instituídos. A comissão de luta dos utentes da ponte 25 de Abril, a comissão de luta anti-portagens do Oeste e a comissão de luta contra a taxa dos telefones. estas três comissões deram, têm dado, mais dores de cabeça ao poder central que todos os outros grupos e poderes constituídos no conjunto e isto apesar da justiça das suas reivindicações com as quais partilhamos uma total simpatia.
Para concluir, registamos o facto de que como diz a Constituição que mui democraticamente nos rege, há uma total separação e independência de poderes entre o Estado e a Igreja Católica e para quem tinha dúvidas basta lembrar o facto que devido à morte do bispo de Lisboa, o governo ter decretado um dia de luto nacional. Tratou-se somente da subserviência do Estado face a um dos seus. Amem.

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