segunda-feira, novembro 21, 2005

EM REDOR DO PROUDHONISMO: ECONOMIA DE MERCADO, TROCAS, MUTUALISMO

Proudhon critica por um lado o capitalismo, por outra parte o estatismo.
Dum lado, é o triunfo do “direito ao lucro”, a apropriação privada da mais valia que resulta do desvio entre o que produz a convergência das forças e o que produz a simples adição das mesmas forças tomadas uma a uma: como não são pagas a não ser as forças individuais, nunca a soma dos salários é suficiente para comprar o que é o fruto do trabalho colectivo. Há portanto por sua vez denegação da especificidade do colectivo ( só se quer ver indivíduos) e açambarcamento do que resulta desta especificidade ( a mais valia). São deste modo confiscados à sociedade as forças que entretanto dela emanam; a sociedade volta-se contra ela própria, e aparecem potências que, nascidas no seu seio, dela pendem.
De outro lado, o Estado aparece como “ a constituição exterior da potência social” ou a “constituição externa da potência colectiva”. Pretender reorganizar a sociedade pelo Estado voltaria por conseguinte a finalizar o retorno desta contra ela própria. Encontramos na vertente política, parece, a mesma lógica fundamental que era empregue na vertente económica.
Indo um pouco mais rápido, poderíamos concluir que projectando constituir “interiormente” as potências sociais, Proudhon visa do mesmo golpe abolir toda a política. Seria parar na fase “destruidora” da obra e esquecer a sua fase “reconstruidora”.
O mutualismo é antes de tudo a forma principal que toma em Proudhon a reconquista da sociedade por ela própria no campo económico. Mas também é a articulação ou o dinamismo do que será a reconquista no campo político.
O mutualismo não se opõe à economia de mercado; Quer-se pelo contrário a mais transparente realização. Noutros termos, “economia de mercado” e “capitalismo” estão longe de ser considerados como sinónimos; explorar esta diferença constituirá sem dúvida uma questão fundamental em termos de futuro.
Além do estudo da formação e dos princípios económicos de Proudhon, além da análise da sua dívida a respeito dos movimentos operários do seu tempo, além do que se refere a Proudhon à teoria e à prática do mutualismo é importante o enriquecimento de contributos relativos a concepções que, contemporâneos, ou não, podem estar bem próximas como antagónicas: “a cessação do antagonismo, e por consequência a morte”, escrevia um certo autor Bisontin.

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