quarta-feira, novembro 23, 2005

A REPETIÇÃO COMO INFRA-ESTRUTURA DO DEVIR MUSICAL

O minimalismo consiste em transformar o quotidiano em arte.


Foi no dia 21 de Janeiro que teve início o ciclo de conferências ilustradas musicalmente levado a cabo pela Biblioteca da Escola Secundária Ibn Mucana. O primeiro encontro teve como objectivo o de dar a conhecer a música minimal repetitiva através de alguns dos seus principais cultores. Teve a duração duma aula lectiva e contou com a presença de 40 a 50 pessoas.
Os anos após guerra, marcados por profundas mudanças sociais e de comportamento, tiveram um enorme impacto nos meios artísticos e culturais, quer na Europa, quer nos Estados Unidos. A experimentação, a inovação e a procura, por parte dos compositores e outros artistas, de uma linguagem marcadamente pessoal, levou ao aparecimento de uma diversidade de caleidoscópio de estilos musicais.
A partir da segunda metade da década de 50, várias correntes se desenvolveram quer de carácter mais estruturalista, quer mais experimental. Um dos movimentos que se viria a revelar dos mais importantes no panorama musical dos Estados Unidos, tendo influenciado igualmente certos compositores europeus, foi o minimalismo. Este termo, utilizado inicialmente em relação às obras de vários artistas plásticos, passou a ser aplicado a certo tipo de composições musicais caracterizadas pela economia na utilização do material sonoro (melódico, rítmico ou tímbrico).
O background musical deste movimento é bastante variado. As influências provêm, por um lado, de certo tipo de música contemporânea, na qual se começou a notar uma tendência para o isolamento de notas, concedendo-lhes uma importância primordial ao nível microcósmico sonoro; por outro lado, alguns compositores, manifestaram uma outra tendência, consistindo no prolongamento de notas de intensidade sonora reduzida, cuja actividade se desenvolve num ritmo extramente lento.
O interesse em culturas não ocidentais, por parte dos compositores e do público em geral, foi igualmente importante no aparecimento e desenvolvimento deste novo estilo de música. O minimalismo constitui também uma reacção contra a crescente complexidade da música de vanguarda e um desejo por parte dos novos compositores de estabelecerem um contacto com uma audiência mais larga, para a qual as elaborações técnicas e composicionais do serialismo por exemplo, se apresentam praticamente incompreensíveis a nível auditivo.
Embora na última vintena de anos a composição de estilo minimal tenha sido aceite e praticada por muitos compositores, é na obra de La Monte Young (1935- ), Terry Riley (1935 -), Steve Reich (1936 - ) e Philip Glass (1937 -) que podemos encontrar definidos com maior precisão os modelos teóricos e os conceitos fundamentais relacionados com a estática deste novo estilo. Embora certos aspectos superficiais de algumas das obras destes compositores possam por vezes apresentar semelhanças, os processos estruturais de composição e as motivações de carácter estético são bastante diferentes mais isso é uma outra história que não cabe aqui analisar.

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