O princípio básico da censura moderna consiste em inundar as informações essenciais com um dilúvio de notícias insignificantes difundidas por uma multidão de meios de comunicação social com conteúdos similares. Isto permite que a nova censura tenha todas as aparências da pluralidade e da democracia. Já Chomsky tinha dito: “A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, mas estimular muito intensamente o debate dentro daquele espectro…Isto dá às pessoas a sensação de que o livre pensamento está pujante, e ao mesmo tempo os pressupostos do sistema são reforçados através desses limites impostos à amplitude do debate.” Esta estratégia de entretenimento e distracção aplica-se em primeiro lugar aos noticiários televisivos, principal fonte de informação pública. Desde o início dos anos 90, os noticiários de televisão não contém quase informação. Seguem chamando-se “Noticiários de Televisão” quando na realidade deveriam chamar-se “magazines ou revistas”. Um noticiário contém em média no máximo de 2 a 3 minutos de informação. O resto está constituído de reportagens anedóticas, de factos diversos, de micro câmaras das quais quase sempre se reportam a vida quotidiana dos chamados reality-shows. Toda a subtileza da censura moderna reside na ausência de censores. Estes têm sido eficazmente reforçados pela “Lei de Mercado” e a “Lei de Audiência”. Pelo simples jogo de condições económicas habilmente criadas, os canais de televisão já não mais dispõem de meios financeiros para realizar reportagens verdadeiramente periódicas, e sem dúvida, ao mesmo tempo, o reality-show e as micro câmaras arrastam mais audiência a um custo muito mais reduzido. Mesmo os acontecimentos importantes são tratados debaixo de um ângulo de revista, pelo canto dos olhos. Desse modo, uma encontro internacional dará lugar a uma entrevista do organizador do encontro, com as imagens de limusines oficiais e as saudações diante de algum edifício, porém, nenhuma informação, nenhuma análise com relação aos temas discutidos pelos chefes de Estado. Da mesma forma, um atentado será coberto por micro câmaras em quase todos os lugares do drama, com as impressões e testemunhos dos transeuntes, ou a entrevista de alguém do poder a transpirar alguma mensagem ou um oficial de polícia. A estas insignificâncias seguem-se os desportos, os factos diversos, as reportagens pitorescas sobre as profundezas do país, sem duvidar das publicidades disfarçadas por produtos culturais fazendo o objecto de uma campanha, com espectáculos, filmes, livros, discos... Todos os sociólogos e especialistas da neurociência sabem que a memorização da informação por parte do cérebro se faz de melhor forma em função da forma estruturada e hierarquizada em que é apresentada a informação. A estruturação e a hierarquização da informação são também princípios de base ensinados a todos os estudantes de periódicos. Sem dúvida, nestes últimos 10 anos, os noticiários de televisão fazem exactamente o contrário, encadeando em desordem, temas excêntricos e de importância desigual como por exemplo, um facto diverso, um pouco de política, desporto, um tema social, um outro facto diverso, logo de novo política, etc. como se o objectivo buscado fosse obter a pior memorização possível das informações para o público. Uma publicação amnésica é de fato muito mais fácil de manipular...
http://www.cuidardoser.com.br/teelvisao-da-informacao-a-desinformacao.htm
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