quarta-feira, maio 24, 2006

As Farpas

«O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As falências sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia… explora. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. A intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada.»( transcrição do início do primeiro livro das Farpas, escrito por Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão e publicado no dia 17 de Junho de 1871)

A ASSIDUIDADE DOS NOSSOS DEPUTADOS

Ranking dos deputados mais baldas:
1. Virgílio Costa, do PSD - 24 faltas justificadas,
2. Manuel Maria Carrilho, do PS - 23 faltas justificadas,
3. Dias Loureiro, do PSD - 23 faltas justificadas,
4. João Soares, do PS - 23 faltas justificadas,
5. Nuno da Câmara Pereira, do PPM - 21 faltas justificadas,
6. Marques Mendes, do PSD - 20 faltas justificadas,
7. Paulo Portas, do CDS - 18 faltas justificadas e 1 injustificada,
8. Gonçalo Nuno Santos, do PSD - 19 faltas justificadas,
9. Jerónimo de Sousa, do PCP - 18 faltas justificadas,
10. Paulo Rangel, do PSD - 18 faltas justificadas,
11. Matilde Sousa Franco, do PS - 17 faltas justificadas,
12. António Vitorino, do PS - 16 faltas justificadas,
13. Luis Campos Ferreira, do PSD - 16 faltas justificadas,
14. Marco António Costa, do PSD - 16 faltas justificadas,
15. Álvaro Castello-Branco, do CDS - 16 faltas justificadas,
16. Ceia da Silva, do PS - 15 faltas justificadas,
17. Jacinto Serrão, do PS - 14 faltas justificadas,
18. Paulo Pereira Coelho, do PSD - 13 faltas justificadas e 1 injustificada,
19. José Cesário, do PSD - 14 faltas justificadas,
20. José Lamego, do PS - 12 justificadas e 2 injustificadas,
21. José Pedro Aguiar Branco, do PSD - 13 faltas justificadas,
22. Jorge Neto, do PSD - 13 faltas justificadas,
23. Pires de Lima, do CDS - 13 faltas justificadas,
24. Pina Moura, do PS - 12 faltas justificadas,
25. João Teixeira Lopes, do BE - 10 faltas justificadas,
26. Fernando Rosas, do BE - 6 faltas justificadas,
27. Ana Drago, do BE - 6 faltas justificadas,
28. Luisa Mesquita, do PCP - 6 faltas justificadas,
29. Francisco Madeira Lopes, do PEV - 2 faltas justificadas,
30. Heloísa Apolónia, do PEV - 1 falta justificada.
Estes dados referem-se a apenas 8 meses de serviço no Parlamento (entre 10 de Março e 30 de Novembro de 2005) onde tiveram lugar 61 sessões plenárias.Trinta indivíduos, deram 442 faltas. É obra!Muito se fala em produtividade, mas com exemplos destes, vindos de cima, continuaremos a ser um dos países mais atrasados da Europa, está instituído o "chico-espertismo" e o "safe-se quem puder".Estes senhores, na sua maioria, faltam porque têm outros afazeres profissionais cá fora. A maioria das justificações apresentadas, são uma tanga! É uma enorme falta de respeito pelo eleitor, que depositou neles a sua confiança, pelo contribuinte, que sustenta a máquina toda e por todo o país em geral.Sabem uma coisa? Se eu fosse empresário e tivesse ao meu serviço estes trinta indivíduos, despedia-os todos!


O DINHEIRO COM QUE O ESTADO FICA

Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho,o Estado, e muito bem, tira-me 20 euros para o IRS e 11 euros para a Segurança Social. O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75 euros para a Segurança Social. E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros. Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19 euros para si.
Em resumo: - Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 55. - Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 19. - Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.- Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.Eu pago e acho muito bem, portanto, exijo: um sistema de ensinoque garanta cultura, civismo e futuro emprego para o meu filho. Serviços de saúde exemplares. Um hospital bem equipado a menos de 20 km de minha casa. Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o País. Auto-estradas sem portagens. Pontes que não caiam. Tribunais comcapacidade para decidir processos em menos de um ano. Uma máquinafiscal que cobre igualitariamente os impostos. Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida. E jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros. Policia eficiente e equipada.Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público. Uma orquestra sinfónica. Filmes criados em Portugal.. E, no mínimo, que não haja um único caso de fome e de miséria nesta terra. Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugalgarantem ao Estado 100 euros de receita. Portanto Engenheiro Sócrates, governe-se com o dinheirinho que lhe dou porque eu quero e tenho direito a tudo!
Portugal tem a mão-de-obra mais barata
Qual é o preço de 1/hora de trabalho assalariado?Para que se saiba quanto se é explorado em Portugal, e como o rendimento é tão mal distribuído no nosso país, que também é o país onde se trabalha mais com maior número de horas de trabalho!!!!O custo de trabalho em Portugal ascendia aos 8,13 euros/hora em 2000, o valor mais baixo entre os países da União Europeia. Os dados são do Eurostat.Segundo um estudo do Eurostat, o custo médio horário da mão-de-obra na indústria e nos serviços variava, em 2000, entre os 8,13 euros em Portugal e os 28,56 euros na Suécia. A média europeia era de 22,70 euros/hora.Depois de Portugal, os custos laborais mais baixos pertencem à Grécia (10,40 euros/hora), Espanha (14,22 euros/hora) e à Irlanda (17,34 euros/hora). Os custos mais elevados, por sua vez, ocorrem na Suécia e Dinamarca (ambos com 27,10 euros/hora) e na Alemanha (26,54 euros/hora).O Eurostat salienta, ainda, que o custo de mão-de-obra em Portugal, durante o período em análise, chegou a ser mais barato do que em alguns países recentemente integrados na UE. O Chipre (10,74 euros/hora) e a Eslovénia (8,98 euros/hora) são dois exemplos apontados.Porém,o custo médio por hora de trabalho dos países que acabaram de aderir à EU (República Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovénia, Polónia, Malta, Chipre, Lituânia, Estónia, Letónia) situava-se nos 4,21 euros.
fonte: TSF


Promessas

"Não estou de acordo com a subida dos impostos. A subida dos impostos já foi feita no passado e não produziu bons resultados."(J.Sócrates no debate televisivo com o Lopes, 10 de Março de 2005)
"[O aumento de impostos] vai ser evitável, porque estamos cá para garantir que vamos conter a despesa e combater a fraude e a evasão fiscal."(J.Sócrates no debate do Programa do Governo, 21 de Março de 2005)
"[O défice público português] será muito acima dos 5% e próximo dos 6%."(J.Sócrates em entrevista a Judite de Sousa, 14 de Abril de 2005)
"Nós não vamos aumentar os impostos, porque essa é a receita errada.Não vamos cometer os erros do passado.As prioridades são: aposta no crescimento económico, reduzir a despesa e combater a fraude e a evasão fiscal."(J.Sócrates em entrevista a Judite de Sousa, 14 de Abril de 2005)


Acabar com a corrupção é o objectivo supremo de quem ainda não chegou ao poder.

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