quarta-feira, junho 14, 2006

Ainda sobre os professores, e o novo ECD

Pareceres de professores, de pais, e de quem não é nem uma coisa nem outra


Sobre o que temos escrito sobre a dita reforma do ensino promovida pela actual Ministra do Governo Sócrates, recebemos o seguinte comentário de alguém que se identificou como "Carlos Alberto - militante socialista 75000":

Algum dos senhor(a)es professores que vão fazer greve (mini-férias) no próximo dia 14.06.06, pode explicar-me porque razão tendo frequentado escolas com boas instalações e material sempre do melhor, com os livros que foram sempre escolhidos pelas escolas que frequentou, a minha filha com 17 anos mal sabe ler e escrever no 10 ano de escolaridade...É culpa desta e dos anteriores Ministros da Educação?É culpa minha? de certeza. A minha a culpa resulta de não ganhar o suficiente para pagar a peso de ouro umas explicações que não são declaradas ao fisco.É dos Professores? Nunca. Como pode ser se estão em greve...Militante Socialista 75000

Porque têm medo de ser avaliados os Professores
Dizem os sindicatos, e os profetas da desgraça do costume, que isso vai fazer com que os Professores ao atribuírem a classificação aos seus alunos, teriam que passar a levar em conta esse factor. Segundo estas caridosas alminhas desinteressadas, os Encarregados de Educação tomariam na “devida consideração” os Professores que não avaliassem seus filhos como “deve ser”.Mas já agora, porque não dizem também que os Encarregados de Educação, poderiam ser levados a fazer uma avaliação dos Professores dos seus filhos, de forma “favorável”, porque como é sabido no ensino básico, um Professor normalmente acompanha o aluno durante 4 anos, quem arriscaria ver o seu filho posto de lado durante 3 anos por um Professor ressabiado.Mas se levar, tão infeliz, argumento até ao absurdo, por aqueles que têm medo de ser avaliados, deveria o Ministério da Educação, encerrar todo o Ensino Particular. Senão vejamos, em que situação é por demais evidente a dependência (no caso económica) de Professores em relação aos Encarregados de Educação. O Encarregado de Educação do Ensino Particular, ao passar o cheque da mensalidade, não está a avaliar, a cada dia 30, os Professores dos seus filhos. Estão estes Professores mais diminuídos, que os do Ensino Público.Qual a razão do medo de serem avaliados nos doze itens apenas num deles, pelos Encarregados de Educação. De que tem medo a FRENPROF.
Fica a resposta de um Professor:Esta posição praticamente não tem resposta, pois move-se num nível de compreensão da realidade muito perigoso e tendencioso. Era o que faltava agora despechar para os professores todas as culpas pelo insucesso escolar. Este não é um problema só da escola, mas sim de toda a sociedade. É evidente que a escola reflecte de um modo mais claro as contradições, as misérias e a complexidade humana, mas por isso mesmo os professores não têm uma varinha de condão que de um modo mágico possa resolver problemas que são basicamente estruturais.A escola recebe os alunos que foram "educados" na base da lógica de uma sociedade que permanentemente promove e apela ao consumismo fácil, que apregoa a hedonismo e a vacuidade de valores, a uma sociedade que por motivos sociais, económicos, geográficos e regionais viu emergir um crescente nível marginalização social e cultural, provocando o nascimento de verdadeiros guettos urbanos, atirando ainda para as margens sectores geográficos que pela dimensão de assimetria e de ruralidade ficaram despojados do clima cultural e educativo que se tornam evidentes essencialmente nas zonas rurais.. O problema do insucesso, repito, é um problema que deve mobilizar toda a sociedade, é uma questão que exige uma compreensão de uma complexidade de factores, e que não pode ser de uma forma mentirosa, hipócrita e pior que tudo perigosa, ter os professores como bode expiatório. Senão qualquer dia ainda vão dizer que o nosso atraso cultural e educativo durante os 48 anos de facismo deve ser atribuído aos professores que não tiveram capacidade criar as condições educativas para superar o obscurantismo cultural do salazarismo e do marcelismo. Pouco falta.Jorge Caetano

Alterações ao ECD e avaliação dos professores feita pelos pais

Não são os pais que são incompetentes(para quê insultá-los, chamando-os de incompetentes? Há alguém que goste de ser chamado publicamente de incompetente? Mesmo que com razão?)
É A PROPOSTA QUE É IMBECIL!Como seria também se os contribuintes avaliassem os funcionários das finanças que recebem e aprovam ou não as suas declarações de impostos, ou os empreiteiros os fiscais das suas obras, ou os réus os juízes que os julgam, etc, etc, etc!!!É que há uma coisa que se chama "conflito de interesses".Este conflito existe(esta explicação é para os ignorantes do governo - de facto numa coisa lhes dou razão: o sistema educativo que os formou é uma miséria!)por exemplo, quando há uma relação em que a parte que avalia é interessada directa no resultado da actividade avaliada.Ou ainda quando haja uma relação de litígio com a entidade de quem recebe os serviços.A proposta é de tal modo cretina e demagógica que só pode ter 3 objectivos:1º, Desviar as atenções de outras propostas realmente penalizadoras para os professores (por exemplo, funções atribuídas - 21 para o professor normal, em que cada uma é todo um programa; 29 para o professor titular... nem o Superhomem! Ou ainda aumento da carga lectiva para os professores mais velhos e para o secundário; ou uma progressão mais lenta; etc).2º, Vir a servir como moeda de troca para a(s) medida(s) que o governo quer ver realmente aplicadas.3ºFazer subir a popularidade do governo junto dos pais, ao mesmo tempo que coloca mal os professores (e estes estão a cair direitinhos na armadilha ao hostilizarem os pais em vez de combaterem simplesmente a proposta de alteração da carreira).Adenda irónica:(ou talvez nem tanto)Imaginemos que eu era professor do filho de um dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça que considera «lícitos» e «aceitáveis» castigos físicos - como palmadas e estaladas - e que não as dar pode configurar "negligência educacional".Irei ser avaliado negativamente por não aplicar uns valentes sopapos nos alunos?

http://blogdosindocentes.blogspot.com/2006/05/alteraes-ao-ecd-e-avaliao-dos.html



Para que servem os Professores?

Para que servem os professores? - perguntou, no Prós e Contras, com trejeitos de animadora mediática, para gáudio e aplauso da plateia acéfala, Clara Pinto Correia, professora e investigadora (?), colunista e colunável que se tornou há bem pouco tempo notícia escandalosa em jornais e revistas por ter plagiado uns artigos científicos.Se foram esses os métodos ensinados pelos seus professores ou se os ensina aos seus alunos, não me espanta que questione a sua utilidade como professora, pois lhe bastará mandar os estudantes à Internet para fazer 'copy & paste' de um qualquer artigo! Mas a memória é curta... e este país parece sofrer de amnésia crónica.E eu, professora do Ensino Secundário, por vocação e escolha, me confesso: ao fim de 35 anos de dedicação exclusiva ao ensino, senti-me esventrada até ao âmago da alma pela agudeza da pergunta e tentei encontrar uma (possível) resposta que gostaria de partilhar com o mundo. Para que servem, então, os professores?Servimos, em primeiro lugar, como bombo da festa e consolo nacional para a ignorância, mediocridade e incompetência que grassa transversal e perpendicularmente em todas as profissões (sem excepção!) deste país; presumo, a julgar pela atitude da plateia, que não tivemos, nem temos, qualquer crédito na formação dos bons, dos competentes e dos cultos. Se os portugueses estão na cauda da Europa, não é por falta de habilitações, nem por trabalharem mal, mas por terem tido maus professores! Servimos de desculpa e bode expiatório para a impossibilidade, incapacidade ou desinteresse dos pais (quantos destes naquela plateia?), encarregados de educação e outros familiares em ensinarem aos filhos, nos primeiros anos da infância, os princípios morais e cívicos, tão necessários à formação do indivíduo. Como poderá a escola impor hábitos de higiene, de delicadeza, de disciplina e outros igualmente básicos a alunos adolescentes, quando os não tiveram na infância? Servimos, assim, para assediar os pais com chamadas à escola, incomodando-os com ninharias como as faltas injustificadas, mau comportamento ou o desinteresse dos filhos.Servimos também para arcarmos com as culpas e responsabilidades do falhanço continuado de reformas impostas por sucessivos Ministérios, feitas muitas vezes "sobre o joelho" e por gente que desconhece a realidade escolar e aposta no facilitismo para mascarar o insucesso.Servimos de trampolim para muitos 'chicos-espertos' fazerem carreira à custa do nosso trabalho e da nossa dedicação, apesar das condições miseráveis das nossas escolas.Servimos para muita coisa, pelos vistos, menos para ensinar as matérias das nossas disciplinas, porque passamos o tempo a tentar que os adolescentes se comportem com civismo, sentados (sim, C. P. Correia, um acto tão simples como ficarem sentados 45 m) a uma mesa, a trabalhar numa aula de Português ou de Matemática, sem gritos, sem conversa, sem música de telemóveis, para só falar nos males menores.Servimos de pano para toda a obra, nas nossas escolas, mas servimos acima de tudo, para amar os nossos alunos, para os compensar das muitas carências afectivas, mesmo quando nos rejeitam, para tentar ensinar-lhes, embora remando contra a maré de bruteza desta sociedade que os tritura, que há valores que são eternos, como os diamantes e, como eles, igualmente preciosos.

Deana Barroqueiro
Escritora e Professora do E. Secundário
(Carta aberta)

http://outroarcanjo.blogspot.com


GREVE DOS PROFESSORES


J Pereira

Então os professores não querem ter evolução pela antiguidade e não pelo mérito.Algo não bate certo no ensino porque só deve passar quem tem mérito, acho eu?Ou alguém anda a contar histórias?

APROVADO...
"Algo não bate certo no ensino porque só deve passar quem tem mérito..."Sábias palavras de J Pereira mas errou o destinatário! O principio mencionado deveria ser primordial na aprovação de um aluno. E penso que o nosso Sistema de Ensino, infelizmente, premeia a antiguidade do aluno e aprova-o administrativamente com a escolaridade minima obrigatória, para cumprir rácios de falso saber!Assinalo as faltas, superiores ao permitido. Corrijo os testes com nota negativa mas no final do ano o aluno sorri e exclama:"Eu não lhe disse Store. Passei!"








Incrível!!As greves dos professores apanham sempre fim-de-semanas prolongados...pq será??A Classe mais priviligiada do país não aceita as mudanças necessárias pois estao encostados as regalias. Até o nosso Presidente da República dá razão a Ministra da Educação, só a uma explicação... os professores têm má vontade. Conheço casos de professores excelentes que apresentam resultdos excelentes e que não vão fazer greve mas pelo contrário aqueles professores em que os alunos apresentam piores resultados são aqueles que estão sempre prontos para mais um greve para mais um fim-de-semana prolongado...Pensem nos alunos, as coisas têm de mudar, sem mudança não somos nada.


Qual a razão da ministra apenas apresentar propostas para negociar 15 dias antes dos exames, quando prometeu apresentá-las aos Sind. em Fevereiro?.É evidente que queriam passar a perna a quem trabalha. Lixá-los..E quando queriam que fizessem greve?Antes do prazo legal?Na semana de exames?Já em férias?.E a discussão da propostaseria para quando? no ver da sra. ministra, seus ministrinhos e xuxinhasaqui do ON?..Marranitos



J Pereira

No que toca à greve ouvi hoje de manhãzinha no telejornal qualquer, uma explicação para o período da greve pelos sindicatos.E pareceu-me plausível, entre feriados e exames, optaram pelos feriados, eu também optava.

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