A "ordem económica mundial", leia-se capitalismo, assassina 100.000 pessoas famintas por dia, apesar de o mundo ter actualmente a capacidade de alimentar 12 bilhões de seres humanos, o dobro de sua população, denunciou hoje o relator da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler. Ziegler participou da apresentação do 2.º Fórum Mundial das Migrações, que reúne 3.600 pessoas de 86 países até sábado na localidade espanhola de Rivas Vaciamadrid, perto de Madrid. Ele disse falar em nome próprio, e não como relator da ONU, para "ter mais liberdade". Participam do fórum intelectuais, líderes indígenas, ambientalistas, cientistas, académicos, artistas e representantes de ONGs, com o objectivo de debater idéias sobre a construção de um mundo mais justo e igualitário. Seus eixos de discussão serão o impacto da globalização sobre os movimentos migratórios, os direitos dos imigrantes e refugiados, as políticas de regulamentação, asilo e refúgio, modelos de convivência, bem como problemas de exclusão social e desenvolvimento. Ziegler denunciou que a cada sete segundos uma criança menor de 10 anos morre por problemas ligados à desnutrição, e que a cada quatro minutos uma criança fica cega por falta de vitamina A. "A ordem mundial económica e capitalista não é só assassina, mas absurda, porque mata sem necessidade. Há riquezas para alimentar 12 bilhões de pessoas, o dobro da humanidade", disse. A situação geral da fome é "especialmente dramática na África, um continente onde 36% da população é sub nutrida; 186 milhões de africanos sofrem de fome grave e, em 20 anos, o número de famintos passou de 91 para 186 milhões". Ziegler acrescentou que o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a Organização Mundial do Comércio são "organizações mercenárias das grandes oligarquias e do capital financeiro", que "anulam os progressos" obtidos pelas 22 agências humanitárias e de desenvolvimento da ONU, e criticou a política de subvenções agrícolas da União Europeia. Segundo Ziegler, o Fórum das Migrações — iniciativa que segue a linha do Fórum Mundial Social do Porto Alegre e é concentrada na reflexão sobre efeitos e soluções para o desafio dos fluxos migratórios —, é uma oportunidade para informar e mobilizar a opinião pública sobre as desigualdades e combater esse "absurdo".
http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=80753&cidade=1
http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=80753&cidade=1
Sem comentários:
Enviar um comentário