sexta-feira, julho 07, 2006

EUA rejeitam inquérito independente sobre três suicídios em Guantánamo

O Pentágono rejeitou ontem os apelos à realização de um inquérito independente sobre o presumível suicídio de três detidos na prisão da base americana de Guantánamo, em Cuba. Pressionados pela Amnistia Internacional (AI) e pela UE para encerrar o centro de detenções, os responsáveis da Defesa disseram-se capazes de fazer a sua própria investigação."Os EUA são capazes de examinar os seus próprios procedimentos para determinar as mudanças que devem ser feitas", declarou o porta-voz do Pentágono Bryan Whitman. Sublinhando o "olho crítico" com que os militares americanos analisam os acontecimentos, Whitman garantiu que os suicídios de dois sauditas e um iemenita serão examinados "de forma apropriada".A AI apelou à realização de um inquérito independente na sequência das declarações de alguns responsáveis americanos, que classificaram o triplo suicídio como "acto de guerra" e "manobra mediática" dos detidos. A organização de defesa dos direitos humanos receia que estas palavras pesem sobre o inquérito lançado pelo serviço de investigação criminal da marinha.A forma como os EUA reagiram aos suicídios relançou a preocupação sobre as
condições em que são mantidos os 460 suspeitos de terrorismo que ainda se encontram na prisão aberta em Janeiro de 2002 para receber os suspeitos de terrorismo detidos na sequência do 11 de Setembro. A Cruz Vermelha já anunciou que irá enviar uma equipa ao local para averiguar a situação. Os responsáveis americanos terão ignorado sinais de doenças mentais em alguns dos detidos, depois de, na véspera, a BBC ter avançado que um dos três suicidas ia ser libertado em breve, apesar de ainda não ter sido informado disso.
Preocupado com estas notícias, o Parlamento Europeu aprovou ontem, por larga maioria, uma resolução que apela ao encerramento da prisão. O texto pede aos 25 estados membros para adoptarem uma posição comum de forma a pressionarem a Administração americana durante a cimeira UE-EUA, agendada para o próximo dia 21, em Viena. Posição idêntica foi manifestada pela Áustria, actualmente na presidência da União. Após uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros europeus no Luxemburgo, a chefe da diplomacia austríaca, Ursula Plassnik, afirmou que Washington deve tomar medidas para encerrar Guantánamo "o mais rapidamente possível", exigindo que "os direitos do homem sejam respeitados mesmo na luta contra o terrorismo".

http://dn.sapo.pt/2006/06/14/internacional/eua
rejeitam_inquerito_independente_.html

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