Cerca de 55% das baixas no Hospital da Universidade Governamental de Beirute são crianças de 15 anos de idade ou menos, revelam os registos do hospital.
«Isto é pior do que durante a guerra civil libanesa», disse à IPS Bilal Masri, director-assistente do hospital, um dos maiores de Beirute.
Não só a maioria dos pacientes são crianças, mas muitos dos feridos foram trazidos em situação grave, disse. «Agora temos um índice de fatalidade de 30% em Beirute. Isto quer dizer que 30% de todos os atingidos pelas bombas israelitas estão a morrer. É uma catástrofe».
O índice de fatalidade é alto, afirmou, «porque os israelitas estão a usar novos tipos de bombas que podem penetrar nos abrigos. Estão a bombardear os abrigos de bombas que estão cheios de refugiados».
Masri contou à IPS que, no seu entender, tantas crianças estavam a ser vítimas devido à «natureza disseminada e indiscriminada dos bombardeamentos» e porque «as crianças são menos capazes de fugir quando os bombardeamentos começam».
Este novo hospital de 544 camas foi forçado a abrir a sua sala de emergências seis meses mais cedo devido à corrente crise. O hospital teve de lidar com «quantidades e quantidades» de baixas, de acordo com o director-assistente.
Masri declarou que mal pôde dormir nos 13 dias desde que começaram os bombardeamentos israelitas contra o Líbano. O seu hospital, disse, estava a funcionar com apenas 25% do pessoal porque «a maioria é actualmente incapaz de chagar aqui porque tantas estradas e pontes são bombardeadas. Os que estão aqui estão a comer, a dormir e a viver aqui 24 horas por dia, pois se saírem temem que não possam regressar».
No domingo, o responsável da das Nações Unidas para a ajuda humanitária, Jan Egeland, visitou as áreas devastadas no sul de Beirute. Descreveu o que viu como «horrífico» e afirmou que a destruição «torna‑a numa violação do direito humanitário».
Egeland declarou que os fornecimentos de ajuda humanitária da ONU chegariam nos próximos dias, mas «necessitamos ter acesso» e «até agora Israel não nos deu acesso».
A ajuda é agora uma questão de vida ou morte. Masri afirmou que o seu hospital ficará em breve sem medicamentos e provisões.
«Estamos preocupados com o que virá, porque não podemos continuar neste ritmo», disse. «Já tivemos de ir ao Ministério da Saúde para obter provisões adicionais. Se a ONU tiver sucesso em abrir uma passagem segura a partir do sul, seremos inundados de pacientes».
Masri afirmou que os hospitais em Sidon e outras cidades do sul estão abarrotados de pacientes, que estão a ser atendidos nos corredores ou nas salas de espera.
De acordo com Masri, muitos dos feridos aí estão a sofrer o impacto de fósforo branco incendiário. O Ministério do Interior libanês declarou oficialmente que os militares israelitas usaram esta arma.
«Não sei porque não estamos a receber ajuda do Comité Internacional da Cruz Vermelha», disse Masri. «A Cruz Vermelha libanesa está a ajudar‑nos o melhor que podem, mas nenhumas agências estrangeiras nos estão a ajudar. Porque não?»
Enquanto o correspondente da IPS falava com o director-assistente, um homem enfurecido era levado do hospital por vários guardas de segurança. O seu filho ferido acabava de receber alta.
«Quero que o meu filho fique aqui, porque não temos lugar para onde ir», gritava o homem. «A nossa casa foi arrasada. Se sairmos daqui teremos de ir para um acampamento de refugiados numa escola, ou dormir na imundície de um parque. Peço que nos deixem ficar aqui».
As pessoas estão furiosas pelo alto número de baixas entre as crianças. Mariam Mattar, uma mãe de 50 anos sentada num colchão num parque no centro de Beirute, juntamente com centenas de outros refugiados do sul do Líbano, afirmou que nenhuma casa lá estava a salvo.
«Deixámos a nossa casa porque estão a bombardear tudo nos bairros civis», declarou à IPS. «Estão a matar todos os nossos filhos. Que ser humano faria uma coisa dessas?»
Tinham‑se mudado para o centro de Beirute porque era mais seguro. Mas viver ao relento significou outro tipo de inferno. «Nem sequer temos os nossos sapatos. Vivemos na imundície. Israel permitiria que os seus filhos vivessem assim?», perguntou, apontando para os seus pés descalços.
Puxou um rapazinho para ela e disse: «O que fizeram estas crianças? As outras crianças que não escaparam estão a apodrecer debaixo dos edifícios destruídos enquanto nós falamos».
Os aviões de guerra israelitas rugiam acima enquanto vários refugiados falavam à IPS.
«Estamos muito assustados por causa de todos bombardeamentos», disse Ramadan, um menino de 12 anos no parque. «Espero que parem. Isso é tudo o que nós queremos agora».
Dahr Jamail
http://infoalternativa.org/autores/jamail/jamail015.htm
«Isto é pior do que durante a guerra civil libanesa», disse à IPS Bilal Masri, director-assistente do hospital, um dos maiores de Beirute.
Não só a maioria dos pacientes são crianças, mas muitos dos feridos foram trazidos em situação grave, disse. «Agora temos um índice de fatalidade de 30% em Beirute. Isto quer dizer que 30% de todos os atingidos pelas bombas israelitas estão a morrer. É uma catástrofe».
O índice de fatalidade é alto, afirmou, «porque os israelitas estão a usar novos tipos de bombas que podem penetrar nos abrigos. Estão a bombardear os abrigos de bombas que estão cheios de refugiados».
Masri contou à IPS que, no seu entender, tantas crianças estavam a ser vítimas devido à «natureza disseminada e indiscriminada dos bombardeamentos» e porque «as crianças são menos capazes de fugir quando os bombardeamentos começam».
Este novo hospital de 544 camas foi forçado a abrir a sua sala de emergências seis meses mais cedo devido à corrente crise. O hospital teve de lidar com «quantidades e quantidades» de baixas, de acordo com o director-assistente.
Masri declarou que mal pôde dormir nos 13 dias desde que começaram os bombardeamentos israelitas contra o Líbano. O seu hospital, disse, estava a funcionar com apenas 25% do pessoal porque «a maioria é actualmente incapaz de chagar aqui porque tantas estradas e pontes são bombardeadas. Os que estão aqui estão a comer, a dormir e a viver aqui 24 horas por dia, pois se saírem temem que não possam regressar».
No domingo, o responsável da das Nações Unidas para a ajuda humanitária, Jan Egeland, visitou as áreas devastadas no sul de Beirute. Descreveu o que viu como «horrífico» e afirmou que a destruição «torna‑a numa violação do direito humanitário».
Egeland declarou que os fornecimentos de ajuda humanitária da ONU chegariam nos próximos dias, mas «necessitamos ter acesso» e «até agora Israel não nos deu acesso».
A ajuda é agora uma questão de vida ou morte. Masri afirmou que o seu hospital ficará em breve sem medicamentos e provisões.
«Estamos preocupados com o que virá, porque não podemos continuar neste ritmo», disse. «Já tivemos de ir ao Ministério da Saúde para obter provisões adicionais. Se a ONU tiver sucesso em abrir uma passagem segura a partir do sul, seremos inundados de pacientes».
Masri afirmou que os hospitais em Sidon e outras cidades do sul estão abarrotados de pacientes, que estão a ser atendidos nos corredores ou nas salas de espera.
De acordo com Masri, muitos dos feridos aí estão a sofrer o impacto de fósforo branco incendiário. O Ministério do Interior libanês declarou oficialmente que os militares israelitas usaram esta arma.
«Não sei porque não estamos a receber ajuda do Comité Internacional da Cruz Vermelha», disse Masri. «A Cruz Vermelha libanesa está a ajudar‑nos o melhor que podem, mas nenhumas agências estrangeiras nos estão a ajudar. Porque não?»
Enquanto o correspondente da IPS falava com o director-assistente, um homem enfurecido era levado do hospital por vários guardas de segurança. O seu filho ferido acabava de receber alta.
«Quero que o meu filho fique aqui, porque não temos lugar para onde ir», gritava o homem. «A nossa casa foi arrasada. Se sairmos daqui teremos de ir para um acampamento de refugiados numa escola, ou dormir na imundície de um parque. Peço que nos deixem ficar aqui».
As pessoas estão furiosas pelo alto número de baixas entre as crianças. Mariam Mattar, uma mãe de 50 anos sentada num colchão num parque no centro de Beirute, juntamente com centenas de outros refugiados do sul do Líbano, afirmou que nenhuma casa lá estava a salvo.
«Deixámos a nossa casa porque estão a bombardear tudo nos bairros civis», declarou à IPS. «Estão a matar todos os nossos filhos. Que ser humano faria uma coisa dessas?»
Tinham‑se mudado para o centro de Beirute porque era mais seguro. Mas viver ao relento significou outro tipo de inferno. «Nem sequer temos os nossos sapatos. Vivemos na imundície. Israel permitiria que os seus filhos vivessem assim?», perguntou, apontando para os seus pés descalços.
Puxou um rapazinho para ela e disse: «O que fizeram estas crianças? As outras crianças que não escaparam estão a apodrecer debaixo dos edifícios destruídos enquanto nós falamos».
Os aviões de guerra israelitas rugiam acima enquanto vários refugiados falavam à IPS.
«Estamos muito assustados por causa de todos bombardeamentos», disse Ramadan, um menino de 12 anos no parque. «Espero que parem. Isso é tudo o que nós queremos agora».
Dahr Jamail
http://infoalternativa.org/autores/jamail/jamail015.htm
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