quinta-feira, setembro 21, 2006

John Lennon contra os Estados Unidos da América

(acerca do novo documentário The U.S. vs. John Lennon)


Acabou de ser exibido no Festival de Veneza, tendo sido muito aplaudido pelo público presente, um documentário realizado por David Leaf e John Scheinfeld com o sugestivo título The U.S. vs John Lennon e que relata a luta pacifista daquele músico, e figura lendária dos anos 60, contra a guerra do Vietname.

O filme foi realizado com o apoio e ajuda de Yoko Ono, mulher de Lennon que, com ele, participou em numerosas manifestações contra a guerra levada a cabo pelos norte-americanos contra o povo vietnamita, como o célebre bed-in para a paz, onde ambos se mostraram deitados na cama como forma de protesto anti­‑guerra e que teve um enorme impacto mundial.

O filme tem claras ressonâncias com o que se passa na actualidade, nomeadamente a invasão e ocupação do Iraque pelo exército norte-americano, constituindo-se um verdadeiro manifesto contra a Guerra do Iraque desencadeada por Bush.

Ao longo do documentário conta-se como é que este cantor dos Beatles se converteu gradualmente num inimigo dos Estados Unidos, onde residia. A parte final do documentário trata, de resto, da longa batalha judicial de Lennon para evitar ser deportado dos Estados Unidos, batalha que ele acabou por ganhar em 1976.

Vigiado pelo FBI, que lhe pôs o telefone sob escuta e o fazia seguir na rua, segundo Yoko Ono, Lennon «tinha de ser neutralizado» – era pelo menos isto, como se diz no filme, o que advogavam as mais altas esferas do estado.

O cantor foi assassinado em Nova Iorque em 8 de Dezembro de 1980.

No documentário, que retrata a época do “Make Love Not War”, Lennon aparece descrito como um humanista e um fervoroso pacifista. Inclui imagens de arquivo e diversas entrevistas a jornalistas e intelectuais (Chomsky, Gore Vidal, por exemplo), mas também a agentes secretos e políticos da época.

O escritor norte-americano Gore Vidal aparece aí a dizer: «John Lennon encarna a vida, ao passo que [os presidentes norte-americanos] Nixon e Bush encarnam a morte».

O filme será brevemente lançado nos Estados Unidos.

«The U.S. vs. John Lennon é a história do que poderá ser a maior obra de arte de John Lennon fora dos Beatles: a campanha que ele e Yoko iniciaram em 1969. Portanto, o filme acompanha o crescimento dele de herói do rock’n’roll contestatário a activista, a promotor da paz, a ícone internacional, e símbolo do que significa lutar por aquilo em que se acredita», diz o co-realizador do documentário, David Leaf.

«Quando descrevemos este filme às pessoas, dizemos: “refere-se a uma guerra impopular, a um Presidente que não foi honesto com o seu país, a escutas e vigilância ilegais, e ao facto de quem se manifestar contra isso não ser considerado patriota”. Parece-lhes familiar, não?», remata o co-realizador John Scheinfeld.

Site oficial do filme: http://www.theusversusjohnlennon.com/site/

Fala-se no filme ainda de um novo país inspirado em John Lennon, chamado Nutopia. Trata-se de um país conceptual cuja bandeira é toda branca e a sua mensagem é simples e directa: «War is over if you want it» (a guerra acaba se tu quiseres).

Nutopia é um país sem fronteiras, nem passaportes. Só tem pessoas. A sua declaração é a seguinte:

Declaração de Nutopia

Declaramos o nascimento do país conceptual, Nutopia
A cidadania do país é obtida através da livre adesão à Nutopia
Nutopia não tem território, nem fronteiras, nem passaportes, apenas pessoas
Nutopia não tem leis a não ser as do universo.
Todas as pessoas da Nutopia são embaixadores do país

Não deixes de te tornar cidadão da Nutopia: http://www.joinnutopia.com.
Pimenta Negra
http://www.infoalternativa.org/cultura/cinema009.htm

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