sexta-feira, setembro 22, 2006

Testes de morte

A guerra sempre serviu como ocasião para investir e testar novas formas de armamento. A ilustração mais sombria na história moderna terá sido o Projecto Manhattan, envolvendo mais de cem mil cientistas, engenheiros e outros técnicos, dispersos em trinta unidades de investigação e produção. Este programa acelerado logrou melhorar a nossa compreensão da energia atómica e torná-la numa arma de guerra. E porque não se podia deixar de demonstrar o resultado de um investimento de cerca de 22,5 mil milhões de dólares (2006), quase 200 mil pessoas morreram em resultado do lançamento das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki.
Foi também durante a Segunda Guerra Mundial que dois químicos de Harvard desenvolveram o Napalm, ao juntar gasolina aos sais de alumínio dos ácidos nafténico e palmítico, formando um gel incendiário facilmente manuseável. Embora tenha sido usado pelos EUA ainda no final dessa guerra, na Europa e no Pacífico, ou ainda pelas forças militares da Grécia contra as forças comunistas gregas durante a sua guerra civil, o seu uso é geralmente associado à Guerra no Vietname, onde foi usado extensiva e indiscriminadamente. Esta guerra foi também palco da introdução de armas herbicidas, uma forma de arma química, já então proibida pelos Acordos de Genebra. A aplicação destes químicos, incluindo o Agente Laranja, durante uma década, fez muito mais que destruir as plantações da população vietnamita. Afectou a sua saúde e a de milhares de soldados estado­‑unidenses, causando por exemplo um aumento de incidência de vários tipos de cancro. Embora a Dow Chemical e a Monsanto, companhias produtoras do Agente Laranja, tenham já pago milhões de dólares em compensação a veteranos dos EUA, Austrália, Nova Zelândia e Canadá, nenhum vietnamita recebeu ainda qualquer compensação [1].
O uso de armas químicas precedeu todas estas guerras – o gás mostarda foi usado pelos alemães na frente europeia em 1917 e pelos britânicos contra os bolcheviques em 1919 – e, apesar da Convenção sobre Armas Químicas estar em vigor desde 1998, o seu uso persiste ainda hoje. Os EUA usam fósforo branco, um químico incendiário, no Iraque ocupado, como sucedeu por exemplo na batalha de Falluja em Novembro de 2004. E existem indícios de que Israel faz uso deste químico nos presentes ataques ao Líbano [2].

EVIDÊNCIAS

Mas tudo isto são formas de armas antigas. Não andam a testar nada de novo? Um documentário recente, Guerra das Estrelas no Iraque, produzido por Maurizio Torrealta e Sigfrido Ranucci para a RAI [3], revela evidências de que os EUA fazem uso no Iraque de armas de energia dirigida (laser) e microondas: metal derretido, corpos sem cabeça ou membros, ou com apenas as cabeças queimadas, corpos reduzidos em tamanho. Sobreviventes das armas misteriosas afirmam que não ouviram qualquer ruído ou explosão. Não tinham balas ou estilhaços nos corpos.
Interrogado sobre se estas armas experimentais já estavam em condições de serem usadas em combate, o Pentágono respondeu «quando o mundo real intervém recorremos a coisas em fase de desenvolvimento e podemos usá-las. Portanto... não tenho resposta. (...) O General Franks está aberto a novas coisas, e se estão disponíveis, está disposto a usá-las em combate, mesmo antes de estarem completamente testadas». O analista William Arkin estima que os EUA gastam provavelmente 300 a 400 milhões de euros no desenvolvimento deste tipo de armas.

Estas armas emitem feixes de electrões, alguns num espectro fora do espectro do visível, têm alcance a longa distância e podem perfurar metal. Contrariamente à maioria das armas convencionais, não usam impacto cinético. Não há uma bala que destrói fisicamente o alvo, mas sim energia, inaudível, possivelmente invisível. Fontes do Pentágono revelam que uma arma laser, conhecida como Zeus, foi já utilizada no Afeganistão. Montadas num veículo móvel (MTHEL [4]), poderiam ser usadas para destruir mísseis e outras instalações. Mas em conjunto com armas acústicas estão também pensadas para actuar contra grupos de pessoas, quer sejam inocentes no Iraque ou um grupo de manifestantes numa cidade ocidental.

[1] Um processo legal movido por um grupo vietnamita nos EUA foi rejeitado pelo juiz do Tribunal Distrital em Março de 2005. Um apelo movido mais tarde deverá ter sessão de argumentos no final deste ano.
[2] O Human Rights Watch alerta que Israel tem também feito uso de bombas de fragmentação contra civis libaneses.
[3] Pode ser visto buscando o nome original, Star Wars in Iraq, em Google Video (http://video.google.com/).
[4] Mobile Tactical High Energy Laser.

André Levy
http://infoalternativa.org/mundo/mundo169.htm

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