Médicos em Gaza têm relatado acerca de lesões inéditos provocados por armas israelenses que causam queimaduras severas e deixam ferimentos internos profundos, que muitas vezes resultam em amputações ou na morte. Estas lesões foram vistas pela primeira vez em Julho, quando Israel atacou Gaza depois de militantes palestinos terem capturado um soldado israelense. "Os corpos chegaram severamente fragmentados, fundidos e desfigurados", afirma Jumaa Saqa'a, médico do Hospital Shifa na cidade de Gaza. "Descobrimos queimaduras internas de órgãos, enquanto externamente havia minúsculas porções de metralha (shrapnel). Quando abrimos muitas das pessoas lesionadas descobrimos pós sobre os seus órgãos internos". Não está claro se as lesões provêm de uma nova arma. Os militares israelenses negaram que as lesões proviessem de um Explosivo de Metal Inerte Denso (Dense Inert Metal Explosive, DIME), uma arma experimental. Em Gaza, o Dr. Saqa'a afirma que as pequenas porções de metralha descobertas nos corpos dos pacientes não se mostram sob o Raio X. "Costumávamos ver a metralha penetrar os corpos fazendo danos localizados. Agora não vemos a metralha, mas descobrimos a destruição", afirmou. Os médicos também descobriram que pacientes que estavam estabilizados após um dia ou dois morriam subitamente. "O paciente morre sem qualquer causa científica aparente", informou o Dr. Saqa'a. Fotografias de alguns dos mortos do Hospital Shifa mostram corpos que foram fundidos e enegrecidos para além do reconhecimento. Em vários casos os médicos amputaram membros gravemente queimados. No Hospital Kamal Odwan, em Beit Lahiya, o vice-director, Saied Jouda, disse que pacientes admitidos nos últimos dias ainda mostram sinais de lesões inabituais. O ministro da Saúde em Gaza relatou que estas lesões vêm de um "tipo de projéctil sem precedentes" e também notou queimaduras severas e órgãos internos seriamente danificados. Amostras de tecidos de pacientes em Gaza foram dadas a jornalistas do canal de televisão italiano RAI. Num documentário apresentado na semana passada, o canal afirmou que as lesões pareciam semelhantes aos efeitos da DIME. Um laboratório italiano que analisou as amostras confirmou que os resultados eram compatíveis com a hipótese de uma arma DIME. A arma ainda está na fase preliminar de desenvolvimento nos EUA. Ela tem uma cápsula de fibra de carbono e contem partículas de tungsténio fino ao invés de fragmentos metálicos. Ela provoca uma explosão muito poderoso, mas com um raio muito mais limitado do que outros explosivos. Os militares israelenses negam a utilização de armas DIME. "O estabelecimento da defesa está a investir esforços consideráveis para desenvolver armamento destinado a minimizar o risco de ferir civis inocentes. Em relação às alegações da utilização de armamento DIME, as Forças de Defesa de Israel (IDF) negam a posse ou a utilização de tais armas", disseram eles. "Além disso deveria ser enfatizado que as IDF apenas utilizam armas conformes ao direito internacional". Alguns peritos militares israelenses também afastaram a sugestão de que uma arma DIME estivesse envolvida.
Rory McCarthy na Cidade de Gaza
http://resistir.info/
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