domingo, dezembro 31, 2006

Nem + nem - revolucionários que os tempos que correm...

Sob o pano de fundo da crise, o Estado, o patronato português, as multinacionais aqui instaladas, isto e aquilo, têm conseguido impor um medo crescente nos locais de trabalho, utilizando a precariedade e o desemprego para enfraquecer e destruir as resistências dos trabalhadores, numa reinvenção da velhinha exploração.Não é um problema apenas desta ou daquela empresa ou região - para poder estar assim, à disposição do capital, o medo tem de estar em todo o lado. A perseguição aos imigrantes, a privatização da saúde, os despejos nos bairros pobres, a violência policial, as prisões lotadas, a condenação de mulheres que abortaram ou a redução da escola à aprendizagem do trabalho, da disciplina e da competitividade, são algumas das suas faces visíveis. Em todas as suas formas, o medo é fundamental na constituição de uma força de trabalho domesticada e barata e que se contente com o seu direito a ser explorada.Da parte que nos toca, as derrotas acumuladas e os recuos constantes têm tornado as exigências e reivindicações cada vez mais “dialogantes e responsáveis” até ao ponto de deixarem de ser exigências ou reivindicações e passarem a ser uma oportunidade para o paternalismo empresarial/governamental estender a mão ao oportunismo sindical, em torno da miragem de “mais e melhor emprego de qualidade”.O isolamento e legalismo das lutas, as derrotas perante uma correlação de forças altamente desfavorável, a insuficiente solidariedade que as envolve, são outros tantos sintomas do medo e outras tantas causas para o estado a que isto chegou.Ricos e poderosos tratam dos seus negócios à bruta enquanto as estratégias de luta se tornam cada vez mais defensivas e expectantes.Passar o medo para o campo do adversário exige abandonar a defesa e passar ao ataque. Contra o presente estado de coisas, toda a inteligência será pouca.Inteligência para comunicar e organizar, bloquear e sabotar, ferir o poder dos poderosos. Inteligência que nos deve relembrar outros tempos, convocados pelo simbolismo da data.Não tenhamos dúvidas: quando, no confronto com o poder, ignorando os apelos ao realismo, ao espírito de sacrifício e à passividade, tudo aquilo que realmente importa foi conquistado à bruta.
http://precariedaderevolucionaria.blogspot.com/

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