Espera-se que cerca de 150 mil pessoas procedentes de mais de cem países participem da 7ª edição do Fórum Social Mundial, que acontecerá entre os dias 20 e 25 próximos em Nairóbi, no Quénia. As expectativas em torno do encontro mundial da sociedade civil parecem tão variadas quanto as nacionalidades que passarão pelo Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta a caminho do Centro Desportivo Internacional Moi. Bárbara Kalima‑Phiri, analista política para as estratégias de redução da pobreza preocupa‑se se o fórum demonstrará ser efectivo. «No FSM não temos uma agenda, além dos slogans que criamos. O fórum tem redes muito boas, mas não tem um foco», disse à IPS desde a ONG Southern Africa Trust, com sede em Johannesburgo, África do Sul.
A especialista acrescentou que no FSM é possível «passar de uma sessão a outra, ouvir todo tipo de queixa e praticamente não esperar nenhuma acção. Tal como estão as coisas agora, as nossas vozes estão dispersas», acrescentou Bárbara. Mas entre muitos quenianos parece haver mais optimismo. «Existem muitas expectativas, especialmente entre cidadãos comuns», disse Thomas Deve, da Mwalekeo wa NGO (MWENGO), outra organização com sede no Zimbabwe cujo nome na língua swahili significa “Visão para as organizações não-governamentais”. MWENGO trabalha na África oriental e austral. «Os quenianos estão ansiosos, por exemplo, para ver como as organizações da sociedade civil que participam da conferência podem contribuir para a democracia do seu país», disse à IPS. «Colocámos na agenda assuntos que a África enfrenta. No último dia queremos apresentar propostas para um plano de acção», acrescentou Dave, que já está em Nairóbi para o FSM.
Os organizadores identificaram 12 temas nos quais os debates estarão centrados: SIDA, assuntos femininos, privatização de bens comuns, trabalhadores sem terra, paz e conflito, migração e diáspora, história do povo e sua luta, juventude, dívida, acordos de livre comércio, trabalho e habitação. A pandemia da síndrome de imunodeficiência adquirida, causada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana), talvez seja o tema que mais causa pressão, já que a África subsaariana é, de longe, a região mais afectada. Com assinala a Actualização Epidémica da SIDA, divulgado em Dezembro pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA (Onusida) e pela Organização Mundial da Saúde, «dois terços dos adultos e crianças portadores do vírus existentes no mundo vivem na África subsaariana, com seu epicentro na África austral». Também nesta região habita um terço das pessoas com HIV do planeta e 34% de todas as mortes por SIDA em 2006 aconteceram ali».
Os participantes africanos também compartilharão com os seus pares de outras regiões suas experiências de paz e conflito. Embora a violência tenha sido sufocada em certas partes do continente, os pontos graves ainda existem, especialmente na Somália, na República Democrática do Congo, na Costa do Marfim e no Sudão. Entretanto, é improvável que sejam desfeitas as percepções de que o FSM é apenas um mero debate. E estas já estimularam uma discussão a respeito de ser o momento de o encontro adoptar um programa político. «Esta questão tão disputada merece consideração de todos os envolvidos no FSM, já que agora estamos no sétimo ano», disse Patrick Bond, director do Centro para a Sociedade Civil, com sede na cidade portuária sul‑africana de Durban. Porém, o peso político requer um apoio de base ampla, o que pode apresentar alguns problemas.
«Não temos feito do Fórum Social Mundial algo vivo e relevante para as pessoas comuns. Se falar sobre ele a alguém na rua, por exemplo, é provável que essa pessoa não tenha ideia sobre o encontro mundial em Nairóbi», disse Kalima-Phiri. «A Copa do Mundo de Futebol, que acontecerá em 2010 na África do Sul, já está na boca de todos: as pessoas falam sobre ela nos bares, nos táxis e em suas casas», prosseguiu. Mas, acrescentou, «nós não estamos a conseguir levar às pessoas comuns a mensagem sobre a conferência do FSM», criado em 2001 na cidade de Porto Alegre.
Criado em oposição ao Fórum Económico Mundial, que acontece todo início de ano na localidade suíça de Davos, reunindo governos e as elites financeira e empresarial, o FSM reúne quase simultaneamente organizações e activistas da sociedade civil, que, entre outras coisas, se opõem à dominação global por parte do capital. As três primeiras edições aconteceram na capital gaúcha, em 2004 foi realizado na cidade indiana de Mumbai, no ano seguinte voltou a Porto Alegre e em 2006 foi dividida entre Bamako, Caracas e Carachi, tendo por essa razão sido chamado de fórum policêntrico. O próximo encontro marcará a primeira vez que um país africano é anfitrião único das dezenas de milhares de activistas e especialistas que chegarão de todas as partes do planeta.
Moyiga Nduru
IPS/Envolverde
http://www.infoalternativa.org/altermundismo/alter022.htm
A especialista acrescentou que no FSM é possível «passar de uma sessão a outra, ouvir todo tipo de queixa e praticamente não esperar nenhuma acção. Tal como estão as coisas agora, as nossas vozes estão dispersas», acrescentou Bárbara. Mas entre muitos quenianos parece haver mais optimismo. «Existem muitas expectativas, especialmente entre cidadãos comuns», disse Thomas Deve, da Mwalekeo wa NGO (MWENGO), outra organização com sede no Zimbabwe cujo nome na língua swahili significa “Visão para as organizações não-governamentais”. MWENGO trabalha na África oriental e austral. «Os quenianos estão ansiosos, por exemplo, para ver como as organizações da sociedade civil que participam da conferência podem contribuir para a democracia do seu país», disse à IPS. «Colocámos na agenda assuntos que a África enfrenta. No último dia queremos apresentar propostas para um plano de acção», acrescentou Dave, que já está em Nairóbi para o FSM.
Os organizadores identificaram 12 temas nos quais os debates estarão centrados: SIDA, assuntos femininos, privatização de bens comuns, trabalhadores sem terra, paz e conflito, migração e diáspora, história do povo e sua luta, juventude, dívida, acordos de livre comércio, trabalho e habitação. A pandemia da síndrome de imunodeficiência adquirida, causada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana), talvez seja o tema que mais causa pressão, já que a África subsaariana é, de longe, a região mais afectada. Com assinala a Actualização Epidémica da SIDA, divulgado em Dezembro pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA (Onusida) e pela Organização Mundial da Saúde, «dois terços dos adultos e crianças portadores do vírus existentes no mundo vivem na África subsaariana, com seu epicentro na África austral». Também nesta região habita um terço das pessoas com HIV do planeta e 34% de todas as mortes por SIDA em 2006 aconteceram ali».
Os participantes africanos também compartilharão com os seus pares de outras regiões suas experiências de paz e conflito. Embora a violência tenha sido sufocada em certas partes do continente, os pontos graves ainda existem, especialmente na Somália, na República Democrática do Congo, na Costa do Marfim e no Sudão. Entretanto, é improvável que sejam desfeitas as percepções de que o FSM é apenas um mero debate. E estas já estimularam uma discussão a respeito de ser o momento de o encontro adoptar um programa político. «Esta questão tão disputada merece consideração de todos os envolvidos no FSM, já que agora estamos no sétimo ano», disse Patrick Bond, director do Centro para a Sociedade Civil, com sede na cidade portuária sul‑africana de Durban. Porém, o peso político requer um apoio de base ampla, o que pode apresentar alguns problemas.
«Não temos feito do Fórum Social Mundial algo vivo e relevante para as pessoas comuns. Se falar sobre ele a alguém na rua, por exemplo, é provável que essa pessoa não tenha ideia sobre o encontro mundial em Nairóbi», disse Kalima-Phiri. «A Copa do Mundo de Futebol, que acontecerá em 2010 na África do Sul, já está na boca de todos: as pessoas falam sobre ela nos bares, nos táxis e em suas casas», prosseguiu. Mas, acrescentou, «nós não estamos a conseguir levar às pessoas comuns a mensagem sobre a conferência do FSM», criado em 2001 na cidade de Porto Alegre.
Criado em oposição ao Fórum Económico Mundial, que acontece todo início de ano na localidade suíça de Davos, reunindo governos e as elites financeira e empresarial, o FSM reúne quase simultaneamente organizações e activistas da sociedade civil, que, entre outras coisas, se opõem à dominação global por parte do capital. As três primeiras edições aconteceram na capital gaúcha, em 2004 foi realizado na cidade indiana de Mumbai, no ano seguinte voltou a Porto Alegre e em 2006 foi dividida entre Bamako, Caracas e Carachi, tendo por essa razão sido chamado de fórum policêntrico. O próximo encontro marcará a primeira vez que um país africano é anfitrião único das dezenas de milhares de activistas e especialistas que chegarão de todas as partes do planeta.
Moyiga Nduru
IPS/Envolverde
http://www.infoalternativa.org/altermundismo/alter022.htm
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