Na próxima sexta-feira realiza-se uma reunião de trabalho do grupo de investigadores que está a preparar para Centro Interdisciplinar As Faces de Eva o 2º volume da obra Dicionário no Feminino. Faço parte da equipa, colaborando de forma graciosa com um conjunto de textos, mas não vou poder estar presente, aliás como não tenho estado presente nas reuniões realizadas desde Setembro. São normalmente à 5ª ou 6ª feira e para comparecer preciso de faltar a um par de aulas. Actualmente isso é complicado. É melhor não. Sei que é um espaço de debate e discussão sobre a investigação na minha área de formação académica, mas o novo ECD é claro e as regras propostas para um eventual concurso para titular taxativas: a assiduidade é o valor maior de um professor.
Também na próxima sexta-feira, dia 23, pelas 15 horas, é feita a apresentação do Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos. Tem a presença do nosso Primeiro (já sei que é um ponto contra) e recebi um convite que traz impresso ser da responsabilidade de dois Ministros. A iniciativa é interessante e tem directa relação com a Educação. Gostava de ir até à antiga FIL assistir. O problema é que a essa hora tenho uma aula e para lá chegar teria de faltar a outra. Vou ter de deixar para uma próxima oportunidade. Se possível em horário não lectivo. Porque, enfim, uma pessoa precisa de ser previdente. Há uns anos eu não pensava nisso, ia a colóquios e congressos, era irresponsável. Sexta-feira fico-me pela Escola. Não vá a minha assiduidade ressentir-se. Seria uma experiência potencialmente enriquecedora? Agora dizem que não.
Na passada semana realizou-se na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, aquela a que estou actualmente ligado como doutorando, o Colóquio Internacional Complexidade: Um novo paradigma para investigar e intervir em Educação? Decorreu entre dias 15 e 17. O tema pareceu-me de interesse directo para a minha actividade profissional. Mas depois pensei no ECD e no resto. Ora bolas, é melhor não. Vou esperar por uma qualquer acção de formação dinamizada por técnicos do ME fora do horário lectivo para me enriquecer como profissional reflexivo com base na doutrina tutelar. Estas coisas com especialistas estrangeiros e tudo só perturbam e confundem. No fundo era uma maçada. E depois quando me candidatasse a titular? Logo duas faltas em Fevereiro de 2007? Uma dezena de horas lectivas? Só servia para provar à tutela que sou um incapaz e incompetente, insensível à função mais nobre do professor.
E assim é a miopia desta forma ministerial de encarar as coisas.
No artigo 18º do documento apresentado para discussão sobre o concurso para professor titular determina-se que em caso de igualdade, o primeiro critério de preferência é a assiduidade.
Significa isso que um potencial doutoramento (não vamos adiantar-nos à realidade) exactamente em Ciências da Educação e a participação, com comunicação, em diversos colóquios e congressos nacionais e internacionais nas áreas da Educação e da História de nada servirá perante um currículo que se apresente imaculado em faltas.
Afinal a quem interessam profissionais que apostem numa formação e actualização permanente em Educação e na área de formação académica? E que até se dêem ao trabalho de fazer investigação? Aos alunos certamente que não, na opinião da tutela. O que interessa é um professor assíduo e dedicado, se possível cordato, que não faça greves, saiba em que situações fazer as necessárias genuflexões físicas e mentais e que não refile quando leva no lombo (metaforicamente, é claro). E que chore por mais.
E já agora, recuperando a velha dúvida aristotélica sobre as mulheres, será que os docentes também têm uma verdadeira alma? Em caso afirmativo, será que precisam dela? Não bastará o corpo presente?
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