sábado, junho 21, 2008

A Razão Seguinte


Durante os últimos 15 dias o país andou na catarse do costume a acreditar mais uma vez que ao menos no futebol somos os melhores do mundo. Mais uma vez se demonstrou que não somos. Nem do mundo nem da Europa. E por mais sobranceria que os jogadores tenham nas suas conferências de imprensa, o que interessa mesmo é o resultado final. E esse é o que sabemos. Durante 15 dias Portugal e a sua selecção de futebol foram unos. Literalmente. Os defeitos e as virtudes da nação estão espelhados no percurso da sua selecção nacional. A arrogância socrática é copiada pelos jogadores que parece que vão resolver tudo numa penada mas que afinal, à semelhança de Sócrates, é tudo uma fantochada cheia de fragilidades. A selecção continuará a ser a eterna favorita e o país continuará a ser um país adiado.
Há um português mais lixado que todos os outros com a derrota da selecção portuguesa nos oitavos de final. Chama-se José Sócrates. Durante estes últimos 15 dias os camionistas suspendiam por 90 minutos o bloqueio para beber umas cervejolas em frente da televisão onde Portugal jogava; os cidadãos prometiam boicotes aos combustíveis mas à última hora engrossavam as filas nos postos de abastecimento com medo de ficarem apeados; os mesmos cidadãos queixavam-se do aumento dos combustíveis mas inexplicavelmente pegavam nos carros para circular freneticamente na Rotunda do Marquês comemorando os jogos da selecção. Durante este últimos 15 dias de habitual esquizofrenia nacional, José Sócrates gozou de um estado de graça momentâneo, pelo simples facto de ninguém se lembrar que ele existia. A partir de ontem José Sócrates voltou a existir – e mais uma vez pelos piores motivos. Deprimidos com o facto de nunca chegarem a lado nenhum os portugueses preparam-se agora para o novo desporto nacional: lixar um português. E convenhamos que José Sócrates está mesmo à mão para isso.
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