terça-feira, julho 08, 2008

O museu do horror


Voltou a polémica do Museu de Salazar que desejam construir em S. Comba Dão. Voltou porque deu discussão e foi votada na Assembleia da Republica. O problema parece estar na possibilidade desse museu se transformar numa “Cova da Iria dos fachizoides” onde se passariam a fazer romagens de saudade daquele que foi um ditador sangunilento e que conseguiram fazer votar como o maior português de sempre. Ofensa maior à história deste país e a todos os que lutaram pela sua existência, pela sua independência e que em nome dele praticaram actos de coragem e heroísmo, dando muitas vezes a sua vida em seu nome. Ofensa a todos os homens bons, a todos aqueles que, nascendo anónimos e assim vivendo até morrerem ainda anónimos aos olhos dos outros, trabalharam, riram, choraram e ajudaram a fazer este país. Também o argumento contrário, o de que não devemos branquear a história é verdadeiro pelo que apresento aqui uma proposta. Façam o Museu do Salazar, mas não em Santa Comba Dão, façam-no em Peniche, em Caxias, na António Maria Cardoso, em qualquer lugar onde esteja marcado a sangue aquilo que ele foi e representa. Façam com que todos esses recalcados, esses que por pequenez intelectual e moral só se conseguem sentir gente se puderem auto-intitular-se “raça superior”, ir prestar a sua homenagem ao assassino em frente aos horrores de que foi responsável. Faça-se o Museu, mas não como um lugar de culto mas sim de memória, para que o silêncio nunca mais volte a ser lei.
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