sábado, agosto 09, 2008

Ossétia do Sul: Rússia e Geórgia em guerra


As abundantes reservas de petróleo do mar Cáspio tornaram mais importante ainda o Caucaso, de um ponto de vista geo-estratégico.

Aí os interesses da Rússia e dos EUA estão em confronto directo. Não se pode esquecer que as repúblicas transcaucásicas do Azerbaidjão (rica em petróleo) e da Geórgia se aproximaram da NATO/EUA/UE. O interesse das grandes corporações petrolíferas ocidentais está espelhado no financiamento do oleoducto BTC, que transporta o petróleo azeri até ao Mediterrêneo e o gasoducto Nabucco, em projecto que irá abastecer os energívoros da UE.
A administração Bush apoia a entrada da Geórgia na NATO. O presidente georgiano fez uma jogada arriscada, aproveitando a «trégua olímpica» e o facto do seu amigo Bush estar por pouco tempo na Casa Branca, para tentar forçar a reocupação de facto da Ossétia do Sul.
Esta, proclamou-se independente da Geórgia desde 1992 e tem vivido à sombra da Rússia, tal como a Abkásia, outra província separatista georgiana.

A Rússia quer manter-se como a grande potência regional no Caucaso e recuperar seu amor-próprio ferido pelo espinho da Tchechénia, em que os russos se têm comportado como um exército de ocupação.
Agora, perante um ataque das tropas georgianas à capital da Ossétia do Sul, a Rússia tem um «casus belli», para mostrar que não irá tolerar o fechamento do cerco pelas potências da NATO. Também clama estar a defender a vida de «cidadãos russos». Os ossetas do sul são portadores de passaporte russo, desde há algum tempo atrás. Isto por motivos «humanitários»: a população da Ossétia do Sul recusava-se a usar passaporte georgiano e não podia, por isso, se deslocar ao/no estrangeiro.

A NATO tem enormes responsabilidades: não haveria um avanço para esta ofensiva ordenada pelo presidente georgiano Saakachvili, se não tivesse luz verde dos seus amigos da NATO. Este político nacionalista tem perdido popularidade: os 53% de sufrágios recolhidos por Saakachvili nas últimas eleições(tinha recebido perto de 95% em 2004)teriam sido obtidos à custa de pressões e chantagens sobre os eleitores.

No meio disto tudo, as populações civis são bombardeadas, chacinadas, aproveita-se para fazer (ou completar) a «limpeza étnica».
Nesta guerra criminosa, todos estão envolvidos: forças militares regulares da Geórgia, milícias da Ossétia do Sul, tropas russas, assim como a camarilha político-militar que dirige os países da NATO.

Manuel Baptista
http://www.luta-social.org/

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