Os Ministério da Saúde tentou mexer nas carreiras médicas. Levantou algumas meras hipóteses que ficaram no “ar” e de imediato os sindicatos reagiram de forma drástica levando o Ministra a recuar em toda a linha. Na saúde pode dizer-se que os médicos fazem a reforma em vez do ministério. Não vi sinais de que os médicos tivessem minimamente preocupados pela opinião pública e que o governo pudesse capitalizar alguns pontos percentuais nas sondagens.
Os magistrados do Ministério Público prometem lutar contra as políticas reformadoras preconizadas pelo Ministério da Justiça. Até avançaram com uma hipótese de greve de fome. Que se saiba não esperaram por nenhm sinal da opinião pública.
Para este governo quem entra aos “coices” é respeitado, como foram respeitados os camionistas que apedrejaram os colegas de profissão e ainda os pescadores que pararam até o governo arranjar uma solução.
Na TAP o governo treme perante uma greve dos respectivos funcionários e Mário Lino apelava, como um ministro deve fazer, à calma e à abertura das partes.
Nos STCP do Porto bastou uma greve para que os funcionários fossem atendidos. Tenho pessoalmente conhecimento de causa porque um dos meus alunos EFA é motorista dos STCP. Por incrível que pareça esse motorista é casado com uma professora do 1º ciclo e afirmou-me que “os professores não se dão ao respeito”.
Serve isto para ilustrar o quanto tempo perderam os professores por causa das divisões e por acharem que se consegue vencer uma luta com o apoio da opinião pública.
Nunca ocorreu à classe que o governo não nos respeita porque nos falta alguma coragem, somos comodistas, por vezes oportunistas e por vezes até sentimos um complexo de culpa de sermos professores. Temos sempre uma atitude defensiva quando deveríamos ter uma atitude ofensiva e sem complexos.
O abrandar da luta e das tréguas com que os docentes presentearam o governo, foi ouro sobre azul. O ME já denota um certo alento e alguma motivação para nos atacar com todas as “bombas legislativas” no intuito de dividir a classe à custa de migalhas.
Vem isto a propósito de ter tomado conhecimento que, em algumas escolas, alguns professores após terem assinado moções a recusar serem avaliados, se apressaram a entregar os objectivos às escondidas. Esperam estes professores serem beneficiados nas quotas pela rejeição à avaliação dos restantes colegas. Na minha escola ao ouvir alguns deste hipotéticos cenários preferi ignorar. Soube entretanto que um outro grupo de colegas se irá reunir para exigir serem avaliados em todas as componentes: funcional e científico-pedagógica. Dizem estes colegas que não podem permitir que “os oportunistas” se promovam à custa dos outros colegas que rejeitaram a avaliação.
O mesmo cenário se está a passar em algumas escolas onde alguns colegas começam a “furar” o compromisso que assinaram e que em princípio deveriam honrar. Uns por oportunismo outros por reacção ao oportunismo.
Não englobo aqui os pouquísimos professores que não assinaram as moções por defenderem as políticas deste governo. Estes ao menos tiveram a coragem de reafirmar aquilo em que acreditam.
O governo sente estas fraquezas e por esse motivo não respeita a classe e de facto com estas atitudes não merecemos respeito de quem quer que seja.
Seremos filhos de um Deus menor?
É aquilo que sinto e observo, logo não vou ser politicamente correcto.
Pedro Castro
(recebido por mail)
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