terça-feira, maio 18, 2010

Canadá - 5º Festival Internacional de Teatro Anarquista de Montreal

O Festival Internacional de Teatro Anarquista de Montreal (FITAM) chega à sua quinta edição apresentando duas noites de espetáculos, em francês e em inglês, nos dias 18 e 19 de maio, na Sala Rossa, em Boul St-Laurent. 10 peças serão apresentadas no evento. Em 2009, o FITAM apresentou no Teatro D.B. Clarke da Universidade Concordia, o grupo mundialmente conhecido "The Living Theatre" de New York. Mais uma vez o FITAM fará parte de uma das maiores manifestações culturais e políticas do anarquismo contemporâneo da América do Norte, o Festival da Anarquia, que antecederá a Feira do Livro Anarquista de Montreal, que acontece em 29 e 30 maio de 2010. Confira a programação do FITAM abaixo.

[Terça-feira, 18 maio, Teatro em francês.]

• "La diseuse quelqu'un", pela Companhia Monsieur Madame, com Maylis Isabelle Bouffartigue (França).

• "Inspiree et ascenseur pour le paradis", por ParkerBoro Lab, com Rita Parker e Fabio Fabbri (França).

• "Et on dansera sur les cendres", pelo Le Théâtre du fil jaune (Montreal).

• "In-TERREUR-gation", por e com Bruno Massé (Mtl).

• "Voyage au Club Med", por Geneviève Fortin, com Emilie Monnet (Mtl).

• "Oraison", por e com Marie France Bancel (Mtl).

[Quarta-feira, 19 de maio, Teatro em inglês.]

• "The Bomb", um monólogo de Haymarket Riot (baseado na novela de Frank Harris), com Kevin Mullins e Kevin Kordis, do Flat Earth Theatre (EUA).

• "Words of a Revolutionary", baseado em escritos de Kaneko Fumiko, por Cecília Copeland, com Jessica Rose (Montreal).

•"Red Riding Hood & The Freudian Experiment", pelo Teatro Experimental del Zurdo (Mtl).

• "The Recession of Evelyn Grey", pelo La Bouche (Mtl).

Programação 2010

[Terça-feira, 18 maio, Teatro em francês.]

”La diseuse quelqu'un”

(Um locutor qualquer) pela Companhia Monsieur Madame, com Maylis Isabele e Bouffartigue, concepção, texto e encenação (França).

Breves trechos de Rainer Maria Rilke: "O livro da pobreza e da morte".

Música: Fréhel "Sous la flotte".

Maylis Bouffartigue, Diretora Artística da Companhia "Monsieur Madame" (Montesquieu/Volvestre, França), é um verdadeiro ovni subversivo no meio teatral.

”La diseuse quelqu'un” tem uma forma curiosa de comunicar: apresenta perguntas sem esperar resposta. A grande maioria das palavras e frases que se usam são constantemente repetidas.

Repetição essa inspirada da infância, do sagrado, do ritual, retirada, entretanto da História que sem cessar se repete e revela a nossa impotência. Porque é disso que se trata… duma personagem solitária que está num estado de impotência face à monstruosidade da política e da economia do qual o sentido lhe escapa porque ela não compreende mais nada. Aflora-se aqui o tema do exílio, dos indocumentados, da identidade. "Eu tinha e eu perdi, eu os tinha e os perdi… Papéis! Documentos!": eis a obsessão… quando desembrulha o pacote, contém este outro pacote que por sua vez encerra outro pacote, etc… até encontrar alguns jornais nos quais não reconhece a sua História. Acaba, por fim, no meio da palha: a sua casa.

"Inspirée" (Inspirada)

le ParkerBoro Lab, com Rita Parker (Marselha, França).

"Falar, comunicar, inspirar, expirar, se asfixiar. Abro o dicionário e leio palavras e definições que estão ligadas à anarquia, inalando hélio (gás que altera a voz). Comunicação tóxica. Vida. Ato. Vídeo. Cadáver. Requintado. Versão clubber. Imagem construída para texto desconstruído. A ação termina quando embriagado já não consigo falar".

"Ascenseur pour le Paradis"

le ParkerBoro Lab., com Fabbio Fabri (Marseille, França).

"700 anos passaram e Caronte continua a fazer passar as almas condenadas no rio Achéron, onde Dante começou a sua descida aos infernos. Hoje, séculos de progresso e de evolução conseguiram criar um elevador que liga diretamente este Inferno ao Paraíso. Ao longo da história, desde o Renascimento, passando pela Revolução Francesa até ao novo milênio, a sua ascensão acelera, torna-se instantânea para que a humanidade possa desfrutar e viver no êxtase tão desejado e necessário, em nome do projeto humano e do seu direito de governar "pretensiosamente" sobre esta terra. O anfitrião desta viagem é nada menos nada mais que o teu melhor amigo: é inteligente, persuasivo e manipulador, mestre das palavras. É o porta-voz de uma mensagem, humilde, servo, o promotor, o jogador... demônio? Chame-o de Palhaço, veja que a sua viagem começou no subsolo onde o fogo alimenta o magma que se desloca na sua pujança destrutiva. Um Palhaço amigo, um demônio gentil, que irá tratá-lo com grande reserva e atenções dignas de um Príncipe".

ParkerBoro Lab é o rótulo da produção da PLA (associação criada em 1993). Nascida em 2000, da associação de uma artista plástica cineasta, Rita Parker, e de um autor (comediante, Jack Boro (Ecole International de Theatre Jacques Lecoq), tem por objetivo a realização de projetos artísticos, pluridisciplinares e pedagógicos à volta das artes plásticas, da escrita, do teatro,da performance, da dança, do desporto, do vídeo, das viagens. É também um espaço de investigação e experimentação. http://ritaparker.free.fr/inspiree.html

"Et on Dancera sur les Cendres" (E dançar-se-a sobre as cinzas)

Pelo Le Théâtre du fil jaune (Montreal).

Personagens (por ordem de entrada):

O poeta: Quentin Conesa

O palhaço: Laurie-Ève Laroche Dubé

O cinéfilo: Gabriel Lesage

O estudante: Caroline Hamel

O policial: Salim Martin

Técnico de som e visual: Hugo Lebleu et Romain Borboen-Léonard. Encenação: Jean-Gabriel Bergeron.

"A ação desenrola-se no metrô Frontenac, no espaço para música que se situa entre as escadas rolantes e os cais do metrô. O pano abre-se sobre um poeta yiddish que canta “a capela”, pedindo esmolas. Alguns transeuntes que passam sorriem do ridículo da sua atitude, um ou dois dão-lhe algumas moedas… uma menina vestida como palhaço passa e fica absorvida pela atuação do poeta. Pára para ouvir e, logo de seguida, irrompe em lágrimas. O poeta parece um pouco perturbado ao vê-la chorar, mas continua a cantar, olhando perplexo pelo canto do olho. Ela chora tanto que o cantor pára e olha-a, incrédulo".

"In-TERREUR-gation" (In-TERROR-gação)

Uma comédia satírica solo. Texto, interpretação e música de Bruno Massé (Mtl).

Durante uma insurreição, um suposto anarquista é capturado pelos Serviços Secretos e agora encontra-se detido para interrogatório. Chega o Agente Especial, perito em prevenção. Por outro lado, este homem é particularmente insensível. A sua carreira de oficial, o estresse da vida moderna e problemas familiares deixam-no irritado e frustrado. Pesquisar as motivações do movimento libertário levam-no a requestionar seriamente a sua posição. Ele dirige-se ao prisioneiro e à "quarta parede", num monólogo satírico, descrevendo a futilidade daquilo que ele deveria defender.

Bruno Massé (Raven) é um membro ativo do meio anarquista de Montreal desde 2002. Mais conhecido por sua pesquisa sobre o movimento ambientalista radical no Quebec, ele é também autor de vários romances, coleção de poesias e peças de teatro. Um fã do humor negro e de crítica anti-civilização, ele está envolvido em vários coletivos, tais como Erva Daninha, Subversify Magazine, Comitê do Fim do Mundo, a Floresta Negra e Liberterra. www.daemonflower.com

"Voyage au Club Med" (Viagem ao Club Med)

Por Geneviève Fortin (Viagem de Geneviève Fortin ao Club Med), com Emilie Monnet (Montreal).

"Voyage au Club Med" descreve o caminho que uma jovem "junky" percorre em direção ao único destino que, acredita, vai fazê-la feliz.

Este monólogo duro e cru e de uma veracidade pungente vai levá-los ao cerne de uma realidade tabu, desconhecida da grande maioria das pessoas.

Genevieve Fortin cresceu em L'Assomption, no seio da sua família. Apesar dos seus resultados acadêmicos mais que satisfatórios e do seu envolvimento em várias atividades desportivas e artísticas, Genevieve deixa a sua casa com apenas 14 anos. Ela vive na rua vários anos e conhece o inferno da droga. Aos 15 anos, escreveu esta peça que é um conto urbano inspirado na sua vida

Hoje, com 27 anos, continua as suas atividades artísticas sempre com base na abstinência.

"Oraison" (Oração)

Texto e interpretação de Marie France Bancel (Montreal).

Escrevi uma oração para a adolescente de 14 anos que vende creme anti-rugas, ela que está apenas começando a menstruar já está com medo da menopausa.

Recito esta oração na catedral da nova religião: a beleza. As modelos são os novos missionários, espalham o evangelho da perfeição física acessível para aqueles que se dedicam a… corpo e dinheiro. Elas trazem a boa nova: um creme esfoliante que fará remover as pequenas imperfeições "que ninguém vê, e você não tinha notado que você mesmo tinha antes de falar sobre o novo creme contra ”vermelhidão".

Mas a nova pureza que oferece às mulheres não é a da alma... é o da epiderme. A nova santidade é a juventude. O novo ascetismo? Esta é uma dieta masoquista e impraticável que vos fará encontrar o corpo dos seus 16 anos. Além disso, elas não estão sozinhas: a menina que o anuncia tem 16 anos.

[Quarta-feira, 19 de maio, Teatro em inglês.]

"The Bomb" (A Bomba)

Um monólogo do motim de Haymarket baseado no romance de Frank Harris, por Kevin Mullins e Kevin Kordis, do Flat Earth Teatro (EUA).

A bomba é uma peça de teatro histórico que narra a história do massacre de Haymarket pela voz de quem lançou o explosivo, mas que nunca foi preso. Sobre o seu leito de morte, numa cidade latino-americana, Rudolph Schnabelt confessa o seu papel num dos acontecimentos mais sombrios da história do movimento operário.

Acompanharemos a sua chegada aos Estados Unidos, a sua vida nas favelas de Nova York e de Chicago, a sua participação nas lutas para obter a jornada das 8 horas e a sua adesão ao anarquismo. Um caminho que o leva a lançar a bomba que mata oito policiais e resulta na morte de cinco de seus companheiros.

Criado em 2006, Flat Earth Teatro, é um coletivo sem fins lucrativos, localizado na região Metropolitana de Boston. Como artistas, compartilhamos uma paixão: criar. Esforçamo-nos para mergulhar nas nossas histórias e entreter os outros, eliminando a diferença entre os atores e os espectadores. Somos otimistas, crendo que o teatro possa ser um veículo de idéias e novas formas de expressão. Como anarquistas é importante, nas nossas lutas para mudar o mundo hoje, que nos lembremos daqueles que vieram antes de nós e que lutaram e deram as suas vidas combatendo o capitalismo.

"Words of a Revolutionary" (Palavras de uma Revolucionária)

Baseado nos escritos de Kaneko Fumiko, por Cecilia Copeland (EUA).

Esta peça foi encomendada para o lançamento do livro de Adrienne Hurley, "Anarquismo no Japão" (lançado em 2010 pela PM Press).

As “Palavras de uma Revolucionária” inspira-se nos escritos de Kaneko Fumiko(1903-1926), personagem de grande importância no movimento anarquista japonês.

Kaneko Funiko foi presa e condenada por conspiração contra o imperador Showa do Japão e apoiando o movimento coreano pela independência. Em Tóquio, ela se juntou ao grupo "Futeisha" (sociedade dos fora da lei, rebeldes e insatisfeitos) e se tornou camarada e companheira de Yeol Park (1902-1974), um anarquista coreano.

Na prisão durante o seu julgamento, Kaneko escreveu a sua autobiografia, a pedido do juiz. Esta história que é publicada e que é intitulada "Por que o fiz?“ está disponível em inglês sob o título "Memórias da prisão de uma mulher japonesa” (M.E. Sharpe Inc., New York, 1991).

Kaneko e Park foram condenados à morte em março de 1926, dois dias depois de se casarem na prisão. A sentença foi comutada para prisão perpétua, mas Kaneko recusando ao governo o poder de gerir a sua vida e a sua morte, enforca-se na cela onde está confinada ao isolamento.

"Red Riding Hood and the Freudian Experiment" (Chapeuzinho Vermelho e a Experiência Freudiana)

Pelo Teatro Experimental del Zurdo, teatro coletivo (Montreal).

As cenas da vida da Chapeuzinho Vermelho não se passam num piquenique, especialmente quando se trata de um conto de fadas. Nesta peça as personagens da velha história (Chapeuzinho Vermelho e o Lobo) enfrentam a realidade dura de um novo mundo, capitalista, onde os valores foram distorcidos e já não há a certeza de um final feliz naquele quarto.

Existe ainda uma chance para a Chapeuzinho Vermelho chegar a casa da vovó, sã e salva ou para um lobo voltar para a floresta? Acompanhe estes velhos amigos da sua infância e caminhemos através da floresta, onde a perigosa estrada nos traz de volta à sanidade. www.tezos.blogspot.com (In Spanish; English and French versions coming soon)

"La récession du gris d'Evelyn" (A recessão cinzenta de Evelyn)

Por La Bouche, escrito por Ryan Hurl e desenvolvido com Erin Jenkins e Alarey Alsip (Montreal).

"As ramificações da recessão global atualmente igualam não apenas o crash de 1929, mas nós levantamos a questão como coletivo: trata-se de um sistema defeituoso que nunca foi corrigido, em primeiro lugar. Evelyn Grey é um protesto, uma memória e um fantasma arrepiante... Continuaremos a competir para sempre? Será que vamos continuar aprisionados nos papéis de gênero em busca da individualidade? Ou continuarão a cavalgar-nos? Esta recessão é a nossa. A economia é sempre o povo! Possamos nós desconstruir o isolamento e encontrar a realidade emergente.

Mais infos do FITAM: www.myspace.com/anarchisttheatre_montreal

Contato: anarchistefestival@yahoo.ca

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana


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