terça-feira, junho 29, 2010

[Espanha] Estádio do Barcelona é atacado com artefato incendiário

Comunicado:

Na noite de terça para quarta-feira, 23 de junho, em pleno fervor midiático pela patética vitória da seleção espanhola, temos colocado um artefato incendiário composto por vários galões de gasolina e dois botijões de gás de camping numa sucursal do banco La Caixa, situado no Estádio Camp Nou, em Barcelona. Apesar de que provavelmente esta seja uma das poucas sucursais da cidade que não abriga algum sem-teto, a razão pela qual escolhemos este lugar para a ação não foi esta, nem tampouco foi casual. Elegemos atacá-la especificamente por pertencer às instalações do Camp Nou, que consideramos o objetivo extremo do golpe.

Com esta escolha, sem dúvida, haverá alguém que fique chocado. Haverá quem, negando com a cabeça, se perguntando o porquê desta mescla de futebol e “política". Inversamente, a nós nos estranha que não se esperasse um ataque dirigido especificamente contra este mundo. E apesar do derrotismo e a sonolência social reinante, nunca deixa de surpreender a insolência com que os nossos inimigos pensam que podem nos enganar repetidas vezes.

Os tubarões do governo e da burguesia que com tanto entusiasmo promovem o negócio futebolístico, realmente esperavam que podiam manter milhares de desempregados, milhares de pessoas bronqueadas, babando e olhando fixadamente para uma bola quicando de gol a gol, sem mesmo intuir a armadilha? Realmente acreditam que nem um só entre todos nós cuspiria sua raiva sobre o espetáculo, que nos resignaríamos a bater palmas e sorrir para a tela, enquanto a corda continua a apertar no nosso pescoço?

A função social que cumpre o nojento negócio do futebol moderno, e da seleção espanhola e o do Barcelona, em particular, é profundamente política. Nós atacamos o Camp Nou por ser o nosso particular e atualizado circo romano, pelo seu poder de distração e alienação em um momento de miséria crescente. Atacamos com especial raiva, conscientes de que também estávamos golpeando um símbolo, uma "marca" de atração internacional que desempenha um papel significativo na transformação de Barcelona em um enorme terreno baldio de plástico que foi vendido para a especulação e o turismo. Atacamos porque apesar das manobras de propaganda, no porão de sua cidade show, nas ruas, ali onde nos afastam com paus para longe da vista dos turistas e dos ricos, se multiplicam os graves abusos que ferem a nossa dignidade e a nossa consciência.

Toda gente que tenham posto a dormir nos caixeiros bancários, as centenas de pessoas que se tornaram viciadas em álcool ou antidepressivos, os imigrantes que caçam nas ruas como cães e são torturados até a morte nos CIEs por serem indocumentados... A angústia, o medo, as dívidas, os eternos segundos sob o olhar do chefe, os hospitais, as prisões, os cemitérios... Como se celebra toda essa violência? Como se relaciona com a onipresente propaganda futebolística, se não com a fúria e a indignação de quem sabe que está sendo tapeado?

Optamos seguir atacando o edifício social que construíram sob as nossas costas, com a esperança excitante de ver um dia tudo desmoronar com vocês dentro... Em silêncio, à sombra dos estádios, dos bancos, das instituições do Estado, das delegacias e sedes dos partidos políticos, demonstrando que sob a Barcelona anestesiada palpita a bela Rosa de Fogo, que anos atrás dominava a cidade, e que ainda hoje faz brotar suas pétalas incandescentes na destruição dos símbolos e estruturas de humilhação acumulada. Voltaremos a atacar... Mas até lá, lançamos uma mensagem para todos aqueles que estão chegando aos limites da sua paciência, que sentem em suas veias as batidas da fúria, mas ainda relutam em sair as ruas contra tanto abuso e tanta miséria:

Não há nada que esperar, agora é o momento, agora é nosso momento!

Invisíveis

agência de notícias anarquistas-ana

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