Este artigo mostra que uma das causas do crescimento dos défices públicos na maioria de países da UE-15 se deve às reformas fiscais regressivas neoliberais (tais como baixar os impostos) levadas a cabo pelos governos de tais países, incluindo Espanha.
Uma das políticas fiscais que caracterizaram o pensamento neoliberal reproduzido na maioria dos partidos dirigentes na União Europeia, tanto de direita como de centro-esquerda, foi a redução de impostos. Dizia-se que tal baixa de impostos libertava a capacidade criativa, tanto dos cidadãos como das empresas, estimulando assim a economia. Em Espanha, não só a direita – tanto espanhola (PP), como catalã (CiU) – como também a esquerda dirigente (PSOE), enfatizaram a conveniência de baixar os impostos. O presidente Zapatero iniciou o seu mandato com a declaração de que «baixar impostos é de esquerda». Antes, os governos do PP tinham feito dessa baixa o elemento central da sua política fiscal.
E algo semelhante ocorreu em vários países da UE. Na Alemanha, por exemplo, os impostos sobre o capital reduziram-se (de 1995 a 2009) nada menos que 26 pontos, ao mesmo tempo que o nível de incidência fiscal dos rendimentos superiores se reduziu 9,5 pontos. Em Espanha e na França, a redução dos impostos dos rendimentos superiores foi inclusive maior, reduzindo-se 13 pontos. Em Itália, o Imposto de Sociedades baixou 20,8 pontos e o dos rendimentos superiores 6,1 pontos. Tais reduções favoreceram os rendimentos do capital e os rendimentos superiores, de modo que tais rendimentos, como percentagem dos rendimentos nacionais, dispararam, aumentando as desigualdades de rendimento de uma forma muito acentuada. Desta maneira, a regressividade fiscal e as desigualdades sociais aumentaram espectacularmente nestes últimos 15 anos.
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