terça-feira, setembro 14, 2010

EDP, PT e GALP distribuíram aos accionistas 8.243 milhões de euros de lucros

EDP, PT e GALP distribuíram aos accionistas 8.243 milhões de euros de lucros que deviam pagar um imposto extraordinário e depois obtiveram 25.589 milhões de euros de crédito, mais que o concedido à Agricultura, à Pesca e à Indústria

Os banqueiros e os defensores do pensamento económico neoliberal dominante dizem que o crédito está a ser cada vez mais difícil de obter e a banca aproveitou isso para fazer disparar o valor do spread, aumentando os seus lucros. No entanto, o crédito existente continua a ser mal utilizado, e o crédito disponível é, em grande parte, canalizado para as grandes empresas que, no lugar de investirem os lucros que obtêm, distribuem a maior parte, descapitalizando as empresas, e depois pedem emprestado, reduzindo significativamente o crédito disponível para PME’s, etc.

Num estudo anterior, utilizando dados do Banco de Portugal, mostrámos a profunda distorção que existe na concessão do crédito em Portugal, já que, entre 2000 e 2010, o crédito concedido à Agricultura, à Pesca e à Indústria Transformadora diminuiu de 11,3% para apenas 7,3% do crédito total, enquanto o crédito concedido às empresas de construção, às actividades imobiliárias e à habitação, que tornou possível os preços inflacionados e a especulação que se verificou no sector imobiliário, aumentou de 62,3% para 71,7% do crédito total concedido pela banca. É evidente, a continuar este política de crédito baseada na procura do lucro elevado e sem risco, em que a maior parcela dos recursos financeiros disponíveis do País não são aplicados em actividades produtivas, que são a base quer da satisfação das necessidades internas quer de uma actividade exportadora séria, o País não sairá certamente da situação de estagnação, de atraso e de crise em que se encontra mergulhado. A má utilização dos escassos recursos financeiros de que o País dispõe parece não incomodar nem o governo, nem o Banco de Portugal, nem o pensamento económico neoliberal dominante, nem mesmo os partidos políticos, pois ninguém fala disso.

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