Este velho mundo esforça-se para se manter vivo, sendo a violência sua força motora e o seu patrimônio. É um mundo mais cruel, mais bárbaro do que se possa imaginar, mas é real: essa face torna-se visível através da repressão de cada resistência, de cada ameaça que está gerando em seu interior.
Terminemos com os estúpidos argumentos que rodeiam as operações policiais, que dizem pretender acabar com a violência dos que estão fora do sistema. Os que declaram tão definitivamente que estão contra a violência, simplesmente mentem aos outros e a si próprios.
A violência é um constituinte básico deste mundo.
Ela está localizada na nossa percepção do lugar que se define a partir da fronteira entre as nossas casas e as dos nossos vizinhos, que é um ambiente controlado e previsível que “caracteriza seus ritmos do dia a dia através da divisão do tempo e da sua venda a todos os que desfrutam de superioridade econômica”.
Rege as relações por meio das separações, e da sua assimilação irrefletida, que levam à divisão dos seres humanos. Sua expressão mais cruel é o argumento retórico do que se descreveu antes, usando o falso pretexto de algumas liberdades que, no essencial, constituem em si mesmas outras grilhetas.
Também nós nos movemos ao ataque, violentamente, sem que se defina completamente a nossa existência. Ao estarmos cientes das nossas contradições atingimos a hipocrisia que parece ser a única coisa que mantém os equilíbrios deste terreno social.
Sabemos como as escolhas que fazemos irão determinar grandemente o resto de nossas vidas.
É por isso que não agimos sem pensar. As possíveis conseqüências não nos desanimam na nossa ação. Nossas escolhas são baseadas na consciência e nas nossas experiências, têm uma base real.
Descobrindo pessoas que tenham feito as mesmas escolhas descobrimos companheiros. Com a erupção dos nossos desejos comuns derrubamos os mitos dominantes das organizações criminosas de maníacos e constituímos parte da "organização de terroristas internacionais", que são compostas por individualidades rebeldes.
Assim decidimos exercer a nossa própria diplomacia, incendiando cinco veículos dos corpos diplomáticos na jornada de sábado, 28 de agosto, em Tessalônica.
Dedicamos desta forma o nosso ataque a todos os companheiros chilenos que desde o dia 14 de agosto sofrem o ataque do Estado chileno (atualmente, oito deles estão em presídios de segurança máxima, enquanto os seis restantes estão sob fiança em condições restritivas). Também aos companheiros processados pelo caso “Conspiração das Células de Fogo”.
Decidimos esta forma e este período temporal para definir o nosso terreno de luta, para lá da coincidência com o DEF¹ e o festival de repressão do ministério de proteção do cidadão², com a colaboração das instituições e que terão lugar nas ruas da cidade. Acreditamos que estas explosões coletivas de espontaneidade, por mais úteis que sejam, são estrategicamente um erro, quando aplicadas a terrenos de luta que sejam impostos por mecanismos repressivos. Cremos que, em tais manifestações de massas, a aposta é a organização - com antecedência e não simultaneamente - tanto da defesa como do ataque - até que se torne possível o confronto em tempo real e vise condições inversas favoráveis para nós.
Corpo Diplomático dos Incendiários
[para o agravamento da solidariedade internacional]
[1] Exposição Internacional de Tessalônica.
[2] Anteriormente conhecido como o ministério da ordem pública.
Tradução > Liberdade à Solta
agência de notícias anarquistas-ana
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