sábado, setembro 25, 2010

O diabo dos detalhes

Existe uma história sobre o homem que ditou o seu testamento. Dividiu generosamente o seu património, proveu todos os membros da sua família, recompensou os seus amigos e não esqueceu os seus servidores.

Terminou com um curto parágrafo: “No caso da minha morte, este testamento é nulo e inválido.”

Receio que tal parágrafo será adicionado ao “acordo de enquadramento” que Binyamin Netanyahu promete assinar dentro de um ano, depois de negociações honestas e frutuosas com a Autoridade Palestiniana, mediadas por Hillary Clinton, para grande gáudio do Presidente Barack Obama.

Ao fim de 12 meses, haverá um acordo sobre um enquadramento perfeito. Todos os “assuntos chave” serão resolvidos – a fundação do Estado palestiniano, fronteiras baseadas na Linha Verde, a divisão de Jerusalém em duas capitais, acordos de segurança, colonatos, refugiados, a divisão da água. Tudo.

E depois, na véspera da impressionante cerimónia de ratificação no relvado da Casa Branca, Netanyahu vai pedir a junção de um curto parágrafo: “Com o iniciar das negociações para o tratado de paz permanente, este acordo será nulo e inválido”.

Um Acordo de Enquadramento não é um tratado de paz. É o oposto a um tratado de paz.

Um tratado de paz é um acordo final. Contém os detalhes dos compromissos que foram conseguidos através de negociações longas e exaustivas. Nenhuma das duas partes estará completamente feliz com os resultados, mas cada um saberá que conseguiu muito e que pode viver com isso.

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