segunda-feira, outubro 18, 2010

O Orçamento e as clientelas partidárias

«O problema essencial não reside, ao contrário do que vem sendo revelado pelos diversos atores, na necessidade do país em encontrar financiamento externo. O problema essencial reside no facto de a classe política (de todos os setores) manter a empregabilidade das suas clientelas, espalhadas, de forma mais ou menos equilibrada e na devida proporção, por toda a rede da administração pública.
São mais de 350.000 funcionários excedentários, um exército de gestores que só o são porque passaram pelo filtro dos partidos ou têm alguém amigo na política e, a montante e a jusante, clientelas empresariais, agora mais visíveis, porque, apesar de tudo, o governo resolveu torná-las públicas numabase de dados sobre a contratação.

O chamado «estado social» é minúsculo e Portugal continua a ter dos maiores índices de pobreza da Europa.

Segundo a base de dados Pordata, a divida bruta das administrações públicas cresce a um ritmo quatro vezes superior ao da receita fiscal. Porém, a despesas pública na educação e na saúde (que são o essencial do «estado social») é sensivelmente inferior a metade da receita fiscal.

Significa isso que, sem operar reduções das despesas da saúde e da educação, o Estado ficaria com outro tanto para se manter. Só que, o que a realidade mostra é que gasta oito vezes mais do que esse valor, em boa parte com despesas inúteis ou marcadas pela suspeita de má administração.»

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