O aumento do nível médio de escolaridade da população empregada está-se a fazer à custa da exclusão dos trabalhadores de baixa escolaridade, que são os mais atingidos pelo desemprego, e o governo desinveste na educação
O sistema de ensino em Portugal continua a não corresponder às necessidades de desenvolvimento, e também não criou condições que ajudassem o País a enfrentar a crise actual. Segundo a OCDE, em 2008, portanto 33 anos depois do 25 de Abril, em Portugal, 72% da população portuguesa tinha apenas o ensino básico ou menos, quando a média dos países da OCDE era de 29%, ou seja, 2,4 vezes menos. E, entre 2008 e 2010, a situação não melhorou pois, segundo o INE, no fim do 1º semestre de 2010, a população com o ensino básico ou menos representava 73% da população total considerada nas Estatísticas do Emprego por níveis de escolaridade.
Uma outra distorção que se verifica em Portugal, segundo a OCDE, é a da percentagem da população com o nível de escolaridade correspondente ao secundário ser praticamente igual à percentagem da população com o ensino superior, quando a média nos países da OCDE é da primeira ser muito superior à segunda. Em 2008, segundo a OCDE, em Portugal, a percentagem de população com o ensino secundário era apenas 14% da população total, enquanto a média nos países da OCDE atingia 44%; e a com ensino superior era, em Portugal, 14%, quando a média nos países da OCDE era de 28%. E, entre 2008 e 2010, a situação não melhorou muito, pois, apesar de no fim do 1º semestre deste ano, segundo o INE, a população com um nível de escolaridade correspondente ao secundário ser 15% da total, e a com o ensino superior 12%, o universo considerado pelo INE é inferior ao da OCDE, e pode estar aí a razão da diferença verificada. A nível da população empregada também se verifica idêntica distorção, já que a diferença é apenas de um ponto percentual (1º semestre 2010: com o secundário: 17,9%; com o superior: 16,8%):
Enquanto se verifica a manutenção do baixíssimo nível de escolaridade da população total portuguesa, em relação à população empregada está-se a registar uma dramática alteração que tem passado despercebida a nível da opinião pública.
Entre o 1º trimestre de 2005 e o 1º trimestre de 2008, portanto em três anos, a população empregada com o ensino básico ou menos passou de 72,4% do total para 70,3%, ou seja, diminuiu em apenas 2,1 pontos percentuais, enquanto entre o 1º trimestre de 2008 e o 1º trimestre de 2010, ou seja, em dois anos, baixou de 70,3% para 66,1%, portanto baixou em 4,2 pontos percentuais, isto é, o dobro do verificado nos três anos anteriores. Se analisarmos a variação do emprego em Portugal após o inicio da crise de 2008, por níveis de escolaridade, chegamos à seguinte conclusão: entre o 1º trimestre de 2008 e o 2º trimestre de 2010, o emprego em Portugal diminuiu em 199,4 mil postos de trabalho, pois passou de 5.191 mil para 4.991,6 mil segundo o INE. Mas isso foi conseguido apenas à custa da redução de 392,5 mil empregos ocupados por trabalhadores com o ensino básico ou menos. Durante o mesmo período, segundo o INE, o número de trabalhadores empregados com o ensino secundário aumentou em 115,6 mil, e o número de trabalhadores com o ensino superior cresceu em 77,5 mil. É evidente que o aumento do nível de escolaridade da população empregada está-se a fazer à custa do despedimento de centenas de milhares de trabalhadores com o ensino básico ou menos, que são atirados, desta forma, ou para o desemprego de longa duração, ficando assim praticamente excluídos do mercado de trabalho, ou então empurrados para a reforma prematura.
Apesar do baixo nível de escolaridade da população portuguesa, o governo continua a desinvestir na educação. A partir de 2009, o orçamento comparável do Ministério da Educação tem diminuído continuamente, pois passou, entre 2009 e 2011, de 6.877 milhões de euros para 5.650 milhões de euros, ou seja, sofreu um corte de 1.227 milhões de euros em apenas dois anos. Em valores nominais e comparáveis, o orçamento atribuído ao Ministério da Educação para 2011 (5.650 milhões de euros) é já inferior ao de 2005 (5.693 milhões de euros). Em termos reais, ou seja, eliminado o efeito do aumento de preços, o orçamento do Ministério da Educação de 2011 é inferior ao de 2005 em 664 milhões de euros a preços de 2005. É claro o crescente desinvestimento na educação em Portugal, apesar da gravidade do baixo nível de escolaridade da população portuguesa, e apesar da própria OCDE ter aconselhado Portugal a investir na educação, e não desinvestir como se está a fazer.
O governo tem procurado branquear a situação a nível das estatísticas por meio da distribuição de milhares de certificados do 9º ano e do 12º ano a adultos. Só em 2009, e de acordo com o Relatório de execução do POPH desse ano, que é o programa comunitário que financia as “Novas Oportunidades”, foram distribuídos 53.890 certificados do 3º ciclo básico e 22.958 do 12º ano a adultos (pág. 113 do Relatório).
O sistema de ensino em Portugal continua a não corresponder às necessidades de desenvolvimento, e também não criou condições que ajudassem o País a enfrentar a crise actual. Segundo a OCDE, em 2008, portanto 33 anos depois do 25 de Abril, em Portugal, 72% da população portuguesa tinha apenas o ensino básico ou menos, quando a média dos países da OCDE era de 29%, ou seja, 2,4 vezes menos. E, entre 2008 e 2010, a situação não melhorou pois, segundo o INE, no fim do 1º semestre de 2010, a população com o ensino básico ou menos representava 73% da população total considerada nas Estatísticas do Emprego por níveis de escolaridade.
Uma outra distorção que se verifica em Portugal, segundo a OCDE, é a da percentagem da população com o nível de escolaridade correspondente ao secundário ser praticamente igual à percentagem da população com o ensino superior, quando a média nos países da OCDE é da primeira ser muito superior à segunda. Em 2008, segundo a OCDE, em Portugal, a percentagem de população com o ensino secundário era apenas 14% da população total, enquanto a média nos países da OCDE atingia 44%; e a com ensino superior era, em Portugal, 14%, quando a média nos países da OCDE era de 28%. E, entre 2008 e 2010, a situação não melhorou muito, pois, apesar de no fim do 1º semestre deste ano, segundo o INE, a população com um nível de escolaridade correspondente ao secundário ser 15% da total, e a com o ensino superior 12%, o universo considerado pelo INE é inferior ao da OCDE, e pode estar aí a razão da diferença verificada. A nível da população empregada também se verifica idêntica distorção, já que a diferença é apenas de um ponto percentual (1º semestre 2010: com o secundário: 17,9%; com o superior: 16,8%):
Enquanto se verifica a manutenção do baixíssimo nível de escolaridade da população total portuguesa, em relação à população empregada está-se a registar uma dramática alteração que tem passado despercebida a nível da opinião pública.
Entre o 1º trimestre de 2005 e o 1º trimestre de 2008, portanto em três anos, a população empregada com o ensino básico ou menos passou de 72,4% do total para 70,3%, ou seja, diminuiu em apenas 2,1 pontos percentuais, enquanto entre o 1º trimestre de 2008 e o 1º trimestre de 2010, ou seja, em dois anos, baixou de 70,3% para 66,1%, portanto baixou em 4,2 pontos percentuais, isto é, o dobro do verificado nos três anos anteriores. Se analisarmos a variação do emprego em Portugal após o inicio da crise de 2008, por níveis de escolaridade, chegamos à seguinte conclusão: entre o 1º trimestre de 2008 e o 2º trimestre de 2010, o emprego em Portugal diminuiu em 199,4 mil postos de trabalho, pois passou de 5.191 mil para 4.991,6 mil segundo o INE. Mas isso foi conseguido apenas à custa da redução de 392,5 mil empregos ocupados por trabalhadores com o ensino básico ou menos. Durante o mesmo período, segundo o INE, o número de trabalhadores empregados com o ensino secundário aumentou em 115,6 mil, e o número de trabalhadores com o ensino superior cresceu em 77,5 mil. É evidente que o aumento do nível de escolaridade da população empregada está-se a fazer à custa do despedimento de centenas de milhares de trabalhadores com o ensino básico ou menos, que são atirados, desta forma, ou para o desemprego de longa duração, ficando assim praticamente excluídos do mercado de trabalho, ou então empurrados para a reforma prematura.
Apesar do baixo nível de escolaridade da população portuguesa, o governo continua a desinvestir na educação. A partir de 2009, o orçamento comparável do Ministério da Educação tem diminuído continuamente, pois passou, entre 2009 e 2011, de 6.877 milhões de euros para 5.650 milhões de euros, ou seja, sofreu um corte de 1.227 milhões de euros em apenas dois anos. Em valores nominais e comparáveis, o orçamento atribuído ao Ministério da Educação para 2011 (5.650 milhões de euros) é já inferior ao de 2005 (5.693 milhões de euros). Em termos reais, ou seja, eliminado o efeito do aumento de preços, o orçamento do Ministério da Educação de 2011 é inferior ao de 2005 em 664 milhões de euros a preços de 2005. É claro o crescente desinvestimento na educação em Portugal, apesar da gravidade do baixo nível de escolaridade da população portuguesa, e apesar da própria OCDE ter aconselhado Portugal a investir na educação, e não desinvestir como se está a fazer.
O governo tem procurado branquear a situação a nível das estatísticas por meio da distribuição de milhares de certificados do 9º ano e do 12º ano a adultos. Só em 2009, e de acordo com o Relatório de execução do POPH desse ano, que é o programa comunitário que financia as “Novas Oportunidades”, foram distribuídos 53.890 certificados do 3º ciclo básico e 22.958 do 12º ano a adultos (pág. 113 do Relatório).
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