segunda-feira, novembro 01, 2010

O FMI confessa-se

«No ano passado foram destruídos 30 milhões de postos de trabalho em consequência da crise económica internacional». Quem o afirmou foi o “insuspeito” director gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn. A afirmação, proferida no contexto da Reunião Anual do FMI realizada no passado fim de semana em Washington não surpreende – o aumento exponencial do desemprego é uma das respostas do sistema capitalista à sua crise e os dados referidos pelo FMI estarão subavaliados, podendo o acréscimo de desempregados ser de 50 milhões. Mas não deixa de ter significado que após dois anos de milionários financiamentos ao sector financeiro e de “sacrifícios para todos” de modo a “relançar a economia mundial e criar emprego”, este seja um ponto do discurso de uma das mais importantes instituições internacionais do capitalismo.

Mas o FMI não se limitou a reconhecer a evidente catástrofe social que se vive em todo o Mundo – situação bem demonstrada pelo número total de desempregados que rondará, segundo a OIT, os 230 milhões – foi mais além: classificou o desemprego como «uma ameaça à democracia e mesmo à paz» e teorizou em torno do conceito da «geração perdida» pondo para cima da mesa o risco de a economia mundial não ser capaz de criar durante a próxima década os 450 milhões de postos de trabalho necessários para integrar no «mercado de trabalho» a próxima geração de trabalhadores. De um discurso de “retoma” o FMI passa para um “cuidadoso” discurso sobre a “fragilidade”.

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