A Economia no Projecto Proudhoniano
Se o pensamento proudhoniano não negligencia os aspectos jurídicos e políticos necessários a uma compreensão do mundo, dispensa no entanto um lugar preponderante à análise económica. Proudhon, e é novo nos socialistas, pensa a ciência económica como instrumento central do seu trabalho teórico. É neste sentido, e somente neste sentido, que ele pode não ser percebido como revolucionário. (50) Proudhon, com efeito, coloca-se directamente como inimigo de toda a acção armada que não tivesse por base preliminar uma compreensão do que deveria ser a economia pós-revolucionária, a economia “natural” da sociedade real.(51)
Com efeito, segundo ele, toda a revolta, mesmo legítima, não pode ser considerada como uma finalidade em si. O teórico socialista não pode ser exclusivamente um teórico da tomada de armas (Blanqui), pois estas engendram inevitavelmente uma conservação do poder por uma ditadura inaceitável por natureza, mesmo sendo uma ditadura do proletariado. Da mesma maneira, não pode fazer repousar o seu sistema, o seu ideal, sobre uma ontologia, sobre um “ser natural” (como a quase totalidade do pensamento socialista do princípio do século XIX, Cabet à cabeça), que fragiliza a teoria, e que engendra sobretudo, um idealismo ligado a este humanismo, permitindo todas as negações do Homem em nome da Ciência e da compreensão restrita que impõe. Proudhon, instintivamente libertário, encontra assim na economia política novas armas para objectivar a sua luta contra a sociedade capitalista.
Este estudo socio-económico permite-lhe pôr em dia a impossibilidade da infraestrutura capitalista, e portanto, a necessidade duma superestrutura forte tanto sobre o plano legislativo, repressivo, como sobre o plano ideológico, religioso. (52)
Após ter atacado esta superestrutura com as suas próprias leis e a sua própria lógica, Proudhon prossegue (o que aparecia já de modo subtil na “Primeira Memória”) a sua denúncia da “injustiça” capitalista por uma crítica da economia política, em vez duma maneira “clássica”, teórica, visando pôr em evidência as “leis eternas” das relações económicas, e duma maneira mais “filosófica”, desembaraçando a lógica intrínseca do desenvolvi-
mento desta economia em direcção à sua falência.(53)
O objectivo desse trabalho é o que encontramos por exemplo na “Filosofia da Miséria”. Daí os estragos que provocou.
Se o pensamento proudhoniano não negligencia os aspectos jurídicos e políticos necessários a uma compreensão do mundo, dispensa no entanto um lugar preponderante à análise económica. Proudhon, e é novo nos socialistas, pensa a ciência económica como instrumento central do seu trabalho teórico. É neste sentido, e somente neste sentido, que ele pode não ser percebido como revolucionário. (50) Proudhon, com efeito, coloca-se directamente como inimigo de toda a acção armada que não tivesse por base preliminar uma compreensão do que deveria ser a economia pós-revolucionária, a economia “natural” da sociedade real.(51)
Com efeito, segundo ele, toda a revolta, mesmo legítima, não pode ser considerada como uma finalidade em si. O teórico socialista não pode ser exclusivamente um teórico da tomada de armas (Blanqui), pois estas engendram inevitavelmente uma conservação do poder por uma ditadura inaceitável por natureza, mesmo sendo uma ditadura do proletariado. Da mesma maneira, não pode fazer repousar o seu sistema, o seu ideal, sobre uma ontologia, sobre um “ser natural” (como a quase totalidade do pensamento socialista do princípio do século XIX, Cabet à cabeça), que fragiliza a teoria, e que engendra sobretudo, um idealismo ligado a este humanismo, permitindo todas as negações do Homem em nome da Ciência e da compreensão restrita que impõe. Proudhon, instintivamente libertário, encontra assim na economia política novas armas para objectivar a sua luta contra a sociedade capitalista.
Este estudo socio-económico permite-lhe pôr em dia a impossibilidade da infraestrutura capitalista, e portanto, a necessidade duma superestrutura forte tanto sobre o plano legislativo, repressivo, como sobre o plano ideológico, religioso. (52)
Após ter atacado esta superestrutura com as suas próprias leis e a sua própria lógica, Proudhon prossegue (o que aparecia já de modo subtil na “Primeira Memória”) a sua denúncia da “injustiça” capitalista por uma crítica da economia política, em vez duma maneira “clássica”, teórica, visando pôr em evidência as “leis eternas” das relações económicas, e duma maneira mais “filosófica”, desembaraçando a lógica intrínseca do desenvolvi-
mento desta economia em direcção à sua falência.(53)
O objectivo desse trabalho é o que encontramos por exemplo na “Filosofia da Miséria”. Daí os estragos que provocou.
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