domingo, dezembro 05, 2010

"Greve selvagem" difícil de ocorrer em Portugal

Classe aderiu à greve geral do dia 24, mas não impediu o uso do espaço aéreo português, lembrou João Proença.

A situação ontem vivida em Espanha, com a paralisação dos controladores aéreos, dificilmente ocorreria em Portugal, afirmou ao DN João Proença, secretário-geral da UGT. Para este dirigente sindical, tratou-se de "uma greve um pouco selvagem" e os trabalhadores e sindicatos portugueses "sempre demonstraram um grande sentido de responsabilidade".

No mesmo sentido pronunciou-se José Sócrates, ao condenar de forma veemente a acção dos controladores aéreos espanhóis. Em Mar del Plata, na Argentina, o primeiro-ministro recusou chamar greve à paralisação, porque esta "não foi sequer anunciada".

"Quem actua desta forma, em Espanha, actua de forma criminosa, porque não se pode abandonar sem justificação o posto de trabalho. Isso é selvagem!", advertiu Sócrates, deixando nas entrelinhas um recado para consumo português: "As greves têm as suas regras, em Portugal e em todos os países desenvolvidos."

Depois de revelar que ligou ao presidente do Governo espanhol, e de elogiar a "determinação na acção", o primeiro-ministro ainda acrescentou que "as pessoas não têm o direito de prejudicar os outros fazendo coisas ilegais".

Sublinhou que a acção dos controladores foi "um abuso" que se traduziu no "abandono do posto de trabalho, colocando a Espanha e toda a Europa numa situação absolutamente insustentável".

Na última greve geral, realizada a 24 de Novembro, os cerca de 330 controladores aéreos existentes em Portugal aderiram à paralisação, mas o espaço aéreo português não foi afectado. Como recorda João Proença, "a adesão destes trabalhadores foi total, com a excepção das ligações mínimas para os arquipélagos dos Açores e Madeira". No entanto, os controladores garantiram a utilização do espaço aéreo português.

Estes trabalhadores, que celebraram no Verão um novo acordo de empresa, auferem um salário base entre um máximo de quatro mil e um mínimo de 1500 euros, valores que são fortemente majorados em função dos anos de serviço e dos locais em causa.

Para o líder da UGT, o decretar estado de alerta em Espanha poderá corresponder "à nossa requisição civil", apesar de adiantar não se sentir à vontade para fazer a comparação. No entanto, a desobediência à requisição civil é punível com sanções que podem ir até à prisão, lembrou outra fonte ao DN.

Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, escusou-se, por seu lado, a fazer comparações com idêntica situação em Portugal.

Quanto à substituição dos controladores aéreos, Proença lembrou que numa greve devidamente convocada e cumprindo todas as formalidade, tal não seria possível. Uma fonte do sector aeronáutico salientou que a substituição dos controladores civis por militares "seria difícil em Portugal, porque as qualificações necessárias não são as mesmas".
Comentário: Compare o leitor este texto e o que se segue sobre o direito à desobediência civil e tire as suas conclusões...Vamos a isso?

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