Existe uma percepção errónea, amplamente reproduzida em alguns círculos económicos de âmbito liberal e/ou conservador, de que Espanha gasta já em saúde o que lhe corresponde pelo nível de desenvolvimento económico que possui. Esta percepção baseia-se nos estudos de alguns economistas que reproduziram nos seus trabalhos uma postura que foi dominante nos EUA nos anos noventa e que continua a dominar amplos sectores da cultura económica sanitária espanhola. Estou a referir-me à tradição conhecida como determinismo económico, que postula que a variável mais importante para explicar o nível de a despesa sanitária num país é o seu nível de riqueza económica, medido pelo seu PIB per capita. Segundo tal tese, a maior riqueza económica, maior despesa sanitária. Ou, dito de outra maneira, “cada país pode gastar o que seu nível de rendimento lhe permite”. Para saber, pois, se Espanha gasta o que lhe corresponde, basta ver o que a Suécia, por exemplo, gastava quando tinha o PIB per capita que Espanha agora tem e ver se gastamos o mesmo, se gastamos mais, ou se gastamos menos. Se a despesa é igual, então conclui-se que Espanha já gasta o que lhe corresponde.
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