Noutros artigos referentes ao caso espanhol tratei de salientar que, quando se fala de “resgatar” um país, produz-se um grande engano que é imprescindível tratar de revelar. Ocorre agora o mesmo com Portugal quando as autoridades europeias e os chamados “mercados”, na verdade os grandes grupos financeiros e empresariais, insistem para que o governo português solicite que o seu país seja “resgatado”. Geralmente, quando se fala de “resgatar” um país, parte-se de uma situação real e de gravidade que costuma manifestar-se num grande endividamento que dificulta ou impede fazer face aos compromissos de pagamento adquiridos. No entanto, quando isto ocorre, produz-se um engano muito bem orquestrado relacionado com as razões, os problemas, as soluções e os efeitos da operação que se deseja levar a cabo. O primeiro engano costuma dar-se sobre a natureza dos problemas de que padece o país do qual se diz que é preciso “resgatar”. Agora, como nos casos grego ou irlandês recentes, afirma-se que Portugal tem um grave endividamento público derivado do crescimento desenfreado das suas despesas que o obriga a recorrer a um avultado empréstimo para com ele liquidar as suas dívidas. Não é de todo certo, como assinalarei em seguida.
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