A renegociação das dívidas soberanas começa a ser um cenário cada vez mais verosímil. Observar, aqui, algumas reacções. Mesmo sem conhecer nenhum dos nomes dos economistas convidados a dar a sua opinião, será fácil identificar duas perspectivas bem distintas, cada uma delas inserida no respectivo posicionamento ideológico. De um lado, os raciocínios desenvolvem-se em torno dos elementos “ser melhor para o sistema como um todo” e “ser melhor para Portugal e demais países em dificuldades”. Do outro, os elementos-chave “giram em torno de preocupações relacionadas com menores ganhos para especuladores” (aos quais a sua doutrina insiste em apelidar carinhosamente de “investidores”)) e sobre eventuais impactos de tal cenário sobre os ganhos dos bancos alemães, franceses e espanhóis. De um lado, um “já chega de perder”. Do outro, as preocupações suscitadas por uma decisão que poderá beliscar o seu “há que continuar a aproveitar os tempos de bonança”. De um lado, a exploração do caminho das alternativas. Do outro, a maximização da rentabilização da rota das inevitabilidades. Este curioso diálogo entre os dois lados de uma mesma crise tornou-se possível apenas graças à pluralidade do painel de convidados. Uma raridade. Há economistas e economistas. Gostei.
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