domingo, junho 16, 2013

O TERROR DA CRISE - Como se pretende fazer da Grécia um exemplo

No século XXI as forças do capital já não estão viradas para conquistas territoriais como tem sido dito. Que fariam elas com zonas económicas de terra queimada e populações supérfluas? Isso não significa que o imperialismo tenha acabado. No entanto, já não se trata de impérios e zonas de influência nacionais, mas sim da possibilidade de controlar a globalização enquanto crise. Os limites da valorização do capital devem ser redefinidos como limites de viabilidade para as massas de perdedores; o colapso das economias nacionais, como justaposição controlada de cidades em expansão financiada a crédito e regiões miseráveis abandonadas.

A produção de segurança para os negócios que restam nestas condições exige legitimação ideológica. Aqui calha bem admitir que os filhos abandonados e deserdados do capital não são pessoas melhores, mas caem sobre os seus concidadãos em vez de se virarem contra as suas condições de vida impossíveis. O paradigma do conflito no mundo decadente dos Estados não é a guerra externa, mas sim a guerra interna, com base em divisões étnicas e religiosas. As intervenções policiais globais das forças da ordem do centro capitalista contra os bárbaros da periferia precisam de um fundamento de idealismo democrático.

Esta imagem, naturalmente, foi apenas um instantâneo no processo de dissolução aos solavancos da estrutura da ordem global. Pelo menos desde a crise económica mundial iniciada em 2008 a situação alterou-se de novo no fundamental. Agora os limites da capacidade de financiamento foram atingidos também nos centros ocidentais. Em toda parte se manifestam crises de dívida que anteriormente apenas surgiam nas franjas do mercado global. Com isso está na ordem do dia uma mudança qualitativa na gestão da crise nas metrópoles, que desloca a importância da crise externa para a crise interna. Além das populações incalculáveis nos pátios abandonados das traseiras do capital mundial, também as próprias classes médias estão a ser cada vez mais visadas. O formalismo democrático vazio, que até os fascistas religiosos de diversos matizes reconheceram como princípio configurador do seu delírio, faz valer ainda mais a valorização forçada do capital como sua "base natural" (Marx) quando os seus limites internos são atingidos. A seiva da vida capitalista que é o dinheiro tem de ser desligada passo a passo não apenas aos novos pobres marginalizados, mas também à maioria do "povo soberano" das metrópoles.