Quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um dever! I write the verse and I find the rhyme I listen to the rhythm but the heartbeat`s mine. Por trás de uma grande fortuna está um grande crime-Honoré de Balzac. Este blog é a continuação de www.franciscotrindade.com que foi criado em 11/2000.35000 posts em 10 anos. Contacto: franciscotrindade4@gmail.com ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS
segunda-feira, março 31, 2014
Os brancos de neve e os anõezinhos
O eurodeputado e cabeça de lista às eleições europeias do FPÖ (extrema-direita austríaca) afirmou que na União Europeia "só os alemães e os austríacos" é que trabalham, entre outras alarvidades que têm sido legitimadas por um Governo português que, ao invés de uma reacção firme a enxovalhos como este, os tem legitimado com cortes de feriados e aumentos no número de horas semanais de trabalho na Administração pública sem qualquer acréscimo remuneratório: "vejam lá que eles eram tão preguiçosos que, se não fossemos nós, o Governo deles não se teria visto obrigado a tomar medidas para lhes acabar com a preguiça", dirão, inchados pela razão que lhes assiste.
Ninguém respeita quem não se dá ao respeito. O anormal austríaco basicamente disse duas coisas: uma, que trabalhamos pouco, outra, que temos todos 1,60 metros. Sobre a nossa preguiça, há estatísticas que atestam que somos os segundos da Europa que mais horas trabalhamos anualmente, logo a seguir aos gregos. Sobre o sermos anões com uma estatura que não ultrapassa o metro e sessenta, é capaz de ter alguma razão. Como sabemos, há para aí muitos atrasadinhos que andam sempre curvados e de mão estendida. A estatura assim encolhe. Nem com todas as estatísticas a mostrarem, a eles e a nós, o contrário de preguiça, aceitam que temos que trabalhar mais e mais baratinho, porque parece que isto só lá vai se aceitarmos empobrecer e trabalhar mais para enriquecer os Belmiros. Curvados, somos todos escravos anõezinhos. Cómicos. Pobrezinhos. Agradecidos que os brancos de neve gozem com a nossa estupidez.
A terrível ironia dos 40 anos
A vida tem ironias terríveis. No próximo mês vamos viver uma dessas ironias.
Os 40 anos do 25 de Abril vão ter à cabeça da sua celebração oficial precisamente quem nada tem ou teve que ver com esse momento histórico. As celebrações oficiais vão ser dirigidas por quem tudo tem feito e fará para destruir o que de mais relevante foi alcançado com o movimento social e político gerado pelo golpe de Estado que pôs fim a quase meio século de ditadura e de estupidez ideológica.
Os actuais detentores do poder político e os actuais protagonistas do poder económico nada têm que os ligue ou aproxime das ideias e dos objectivos que estiveram na base da revolução operada na sociedade portuguesa após o 25 de Abril. Toda a acção das elites que actualmente dominam o país está orientada para uma finalidade prioritária: fazer retroceder até limite do possível — isto é, até onde o jogo de forças sociais e políticas o permitir — as benfeitorias económicas e sociais que a maioria da população alcançou com o derrube da ditadura.
Mas para que o grau de concretização deste objectivo seja elevado e duradoiro, as nossas elites sabem que é necessário, ao mesmo tempo, operar uma radical inversão dos valores ideológicos, políticos e éticos que têm prevalecido na nossa sociedade desde 1974. A valorização da equidade, da solidariedade, da igualdade; a valorização do Estado, enquanto expressão organizada de uma vontade colectiva; a valorização das funções públicas, enquanto serviço comprometido com o bem comum; todas estas valorizações precisam de ser vilipendiadas e diabolizadas para que em lugar delas surjam novas/velhas valorizações:
i) a valorização da desigualdade, enquanto pretensa inevitabilidade decorrente das diferenças individuais e enquanto alegada forma de premiação do mérito e de punição dos «incapazes»;
ii) a aceitação da injustiça social, enquanto pretensa inevitabilidade decorrente da vida em sociedade;
iii) a valorização do individualismo, enquanto suposta expressão suprema da liberdade;
iv) a valorização da designada «iniciativa privada», enquanto arquétipo de vida;
v) a valorização do enriquecimento, enquanto sinal de sucesso pessoal;
vi) a valorização da tecnicidade, em detrimento das artes e das humanidades;
vii) a valorização da caridade, em detrimento da co-responsabilização social.
As nossas actuais elites sabem que é necessário realizar esta inversão de valores — tarefa a que têm dedicado o seu máximo esforço — para que a política de violento retrocesso social que estão a levar a cabo possa manter-se.
E são precisamente estas elites que, com uma ironia que indigna, vão presidir às comemorações oficias dos 40 anos do 25 de Abril.
DAQUI
Os 40 anos do 25 de Abril vão ter à cabeça da sua celebração oficial precisamente quem nada tem ou teve que ver com esse momento histórico. As celebrações oficiais vão ser dirigidas por quem tudo tem feito e fará para destruir o que de mais relevante foi alcançado com o movimento social e político gerado pelo golpe de Estado que pôs fim a quase meio século de ditadura e de estupidez ideológica.
Os actuais detentores do poder político e os actuais protagonistas do poder económico nada têm que os ligue ou aproxime das ideias e dos objectivos que estiveram na base da revolução operada na sociedade portuguesa após o 25 de Abril. Toda a acção das elites que actualmente dominam o país está orientada para uma finalidade prioritária: fazer retroceder até limite do possível — isto é, até onde o jogo de forças sociais e políticas o permitir — as benfeitorias económicas e sociais que a maioria da população alcançou com o derrube da ditadura.
Mas para que o grau de concretização deste objectivo seja elevado e duradoiro, as nossas elites sabem que é necessário, ao mesmo tempo, operar uma radical inversão dos valores ideológicos, políticos e éticos que têm prevalecido na nossa sociedade desde 1974. A valorização da equidade, da solidariedade, da igualdade; a valorização do Estado, enquanto expressão organizada de uma vontade colectiva; a valorização das funções públicas, enquanto serviço comprometido com o bem comum; todas estas valorizações precisam de ser vilipendiadas e diabolizadas para que em lugar delas surjam novas/velhas valorizações:
i) a valorização da desigualdade, enquanto pretensa inevitabilidade decorrente das diferenças individuais e enquanto alegada forma de premiação do mérito e de punição dos «incapazes»;
ii) a aceitação da injustiça social, enquanto pretensa inevitabilidade decorrente da vida em sociedade;
iii) a valorização do individualismo, enquanto suposta expressão suprema da liberdade;
iv) a valorização da designada «iniciativa privada», enquanto arquétipo de vida;
v) a valorização do enriquecimento, enquanto sinal de sucesso pessoal;
vi) a valorização da tecnicidade, em detrimento das artes e das humanidades;
vii) a valorização da caridade, em detrimento da co-responsabilização social.
As nossas actuais elites sabem que é necessário realizar esta inversão de valores — tarefa a que têm dedicado o seu máximo esforço — para que a política de violento retrocesso social que estão a levar a cabo possa manter-se.
E são precisamente estas elites que, com uma ironia que indigna, vão presidir às comemorações oficias dos 40 anos do 25 de Abril.
DAQUI
domingo, março 30, 2014
Da publicidade que utiliza a arte à publicidade que produz arte
Certo artista foi contactado para fazer um grande mural. O parque de uma cidade portuguesa era o destino. Aceitou.
A sua inspiração foi a fotografia de um rapazito que, descalço, andava, há quase oitenta anos, pelas ruas dessa cidade apregoando a venda de pássaros.
A recente inauguração desse mural teve pompa e muita comoção: o rapazito agora, nos noventa, foi descoberto e compareceu; a presidente da Câmara esteve presente e contribuiu com a devida solenidade; as pessoas do costume deram um toque público ao acto; e... o director-geral da empresa - sim, empresa - que encomendou a obra, "no âmbito de uma estratégia promocional do novo Centro Comercial" qualquer-coisa, teve destaque.
Parece que declarou: "Quisemos desenvolver uma série de atividades na região que envolvessem a população e que, de alguma forma, transmitissem a nossa forma de estar nos sítios onde temos unidades comerciais, em que procuramos ter uma atividade ativa a nível social e de sustentabilidade, desenvolvendo muitos projetos com a comunidade"
O "negrito"é meu - a arte para transmitir a "forma de estar" da empresa "onde tem unidades comerciais" - para salientar que o parque de uma cidade é um espaço público, de todos, portanto, que não deveria ser apropriado por uma entidade privada que tem "uma forma de estar", a qual, nessa medida, impõe aos demais e com (legítimos) fins últimos que não são os estéticos. Apresentam-se como tal, mas são económicos.
O problema (e aqui há um problema) não é da empresa, é das entidades camarárias que, sendo, repito, públicas deviam agir em conformidade. Porém, em tempos em que tudo se mistura e confunde, a senhora presidente "salientou o empenho da [tal empresa] na promoção de atividades culturais, a par da atividade comercial que desenvolve no concelho e que, ainda este ano, será reforçada com a inauguração do centro comercial".
A arte serve para tudo, menos para servir como fim a si própria. Isso já se sabe.
E, em sociedades pretensamente intelectuais, ela é, tenho de admitir, muito apetecível como objecto publicitário, tanto para convencer, como para comover e ainda para agradecer a quem no-la proporciona a custo zero: usa-se a que já existe ou, se for preciso, produz-se, e à medida.
A notícia em que me baseei pode encontrar-se aqui.
DAQUI
A sua inspiração foi a fotografia de um rapazito que, descalço, andava, há quase oitenta anos, pelas ruas dessa cidade apregoando a venda de pássaros.
A recente inauguração desse mural teve pompa e muita comoção: o rapazito agora, nos noventa, foi descoberto e compareceu; a presidente da Câmara esteve presente e contribuiu com a devida solenidade; as pessoas do costume deram um toque público ao acto; e... o director-geral da empresa - sim, empresa - que encomendou a obra, "no âmbito de uma estratégia promocional do novo Centro Comercial" qualquer-coisa, teve destaque.
Parece que declarou: "Quisemos desenvolver uma série de atividades na região que envolvessem a população e que, de alguma forma, transmitissem a nossa forma de estar nos sítios onde temos unidades comerciais, em que procuramos ter uma atividade ativa a nível social e de sustentabilidade, desenvolvendo muitos projetos com a comunidade"
O "negrito"é meu - a arte para transmitir a "forma de estar" da empresa "onde tem unidades comerciais" - para salientar que o parque de uma cidade é um espaço público, de todos, portanto, que não deveria ser apropriado por uma entidade privada que tem "uma forma de estar", a qual, nessa medida, impõe aos demais e com (legítimos) fins últimos que não são os estéticos. Apresentam-se como tal, mas são económicos.
O problema (e aqui há um problema) não é da empresa, é das entidades camarárias que, sendo, repito, públicas deviam agir em conformidade. Porém, em tempos em que tudo se mistura e confunde, a senhora presidente "salientou o empenho da [tal empresa] na promoção de atividades culturais, a par da atividade comercial que desenvolve no concelho e que, ainda este ano, será reforçada com a inauguração do centro comercial".
A arte serve para tudo, menos para servir como fim a si própria. Isso já se sabe.
E, em sociedades pretensamente intelectuais, ela é, tenho de admitir, muito apetecível como objecto publicitário, tanto para convencer, como para comover e ainda para agradecer a quem no-la proporciona a custo zero: usa-se a que já existe ou, se for preciso, produz-se, e à medida.
A notícia em que me baseei pode encontrar-se aqui.
DAQUI
Eu também já assinei
Os autores do manifesto dos 74, que reúne personalidades de todos os quadrantes da sociedade portuguesa, anunciaram que estão a realizar uma petição para levar a reestruturação da dívida ao plenário da Assembleia da República. A petição, que terá de atingir um mínimo de quatro mil assinaturas para ser discutida no hemiciclo, pretende que os deputados aprovem "uma resolução, recomendando ao Governo o desenvolvimento de um processo preparatório tendente à reestruturação honrada e responsável da dívida", como se salienta no texto da petição. Quem também recusar as décadas de austeridade que o centrão nos tem reservadas para o resto das nossas vidas e quiser ler e assinar a petição, basta clicar aqui. É importante saber separar as águas e clarificar de uma vez por todas de que lado está cada partido com representação parlamentar para depois o voto poder servir para eleger apenas aqueles que representam condignamente o interesse nacional: é essa a única forma que existe de expulsar da AR aqueles que sempre votam contra o interesse dos cidadãos. Eu também já assinei.
P.S. Não tenho ilusões quanto a esta iniciativa! Vai dar em nada! A democracia parlamentar não tem segredos para mim, e não digo como o outro que é o melhor dos sistemas políticos. De qualquer das maneiras serve unicamente para marcar uma posição. Mas sem capacidade de mudar o que quer que seja!...
sábado, março 29, 2014
Intolerância ao leite
O secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins, convocou alguns órgãos de comunicação social para lhes dizer, informalmente, quais as ideias do Governo no que respeita ao futuro dos salários e pensões dos trabalhadores do Estado.
Informalmente quer dizer, tipo, é pá, o Governo vai transformar os cortes transitórios em definitivos e tal e a Contribuição Especial de Solidariedade passa a ser para sempre e tal, mas isto é tudo off the record e tal.
Os jornalistas publicaram isto tudo e o Governo ficou indignadíssimo!
Passos espumou, Portas berrou!
Hoje, no Parlamento, Portas disse que “o que aconteceu foi um erro, não devia ter acontecido”, desmentido, assim, o secretário de Estado Leite.
Não é a primeira vez que Portas se dá mal com um Leite.
Já há uns anos fiou famoso um homem misterioso que teria financiado a campanha eleitoral do CDS e que se chamava Jacinto Leite Capelo Rego…
Definitivamente, Portas tem intolerância ao leite…
Sempre a descer
Viver em Portugal não é fácil. Suportar a crise e suportar os seus responsáveis, anteriores e actuais, é violento.
1. Foi anunciado que Sócrates vai entrar na campanha eleitoral de Assis, para o Parlamento Europeu. Certamente que haverá quem vá dar ênfase à coragem do ex-primeiro-ministro para regressar à luta política e ao seu gesto de solidariedade para com um dos seus indefectíveis.
Eu prefiro dar ênfase à falta de vergonha política do ex-primeiro-ministro. Na realidade, os factos são o que são: foi Sócrates quem pediu o resgate, foi Sócrates quem chamou a tróica, foi Sócrates quem liderou as negociações que conduziram ao memorando. Era Sócrates quem liderava o país há seis anos quando se chegou ao descalabro. Foi a actuação política de Sócrates que abriu as portas para o acesso fulgurante ao poder por parte dos indivíduos mais regressivos da nossa sociedade e com mais contas para ajustar com o 25 de Abril de 1974. Foi Sócrates quem objectivamente lhes estendeu a passadeira — não apenas porque a sua incompetência e arrogância desmedida gerou a reacção imediata do eleitorado de o afastar do poder, optando (erradamente) por colocar no seu lugar quem mais facilmente reunia condições eleitorais para o conseguir, mas também porque foi Sócrates quem iniciou de modo decisivo várias das políticas que o actual governo tem levado ao seu extremo máximo. Não é pelo facto de, comparativamente, Passos Coelho ter feito de Sócrates uma figura quase angélica, que, objectivamente, Sócrates deixa de ser quem foi: o primeiro-ministro que fez a penhora do país ao estrangeiro e que protagonizou a política mais à direita que o PS teve na sua história. Como bem disse o próprio acerca de si mesmo: «Eu [Sócrates] fui o líder que a direita gostaria de ter tido.»
2. As mentiras de Passos Coelho são incontáveis — não apenas porque já se perdeu a conta ao número de mentiras que em três anos já proferiu, como contar, em forma de narrativa, as mentiras que ele persistentemente diz é um exercício que reforça a indignação de quem o faz.
A mais recente mentira (digo «a mais recente» correndo risco de eu próprio estar a mentir, pois não há garantia de que, de ontem para hoje, Passos Coelho não tenha introduzido uma nova mentira na vida política portuguesa) foi, por ironia, desmascarada pelo Presidente da República. Na verdade, aquilo que Passos Coelho tinha dito acerca da necessidade de aumentar em 1% o desconto para a ADSE («equilibrar as contas deste subsistema de saúde») é uma obscena mentira. Para isso acontecer, para se atingir esse equilíbrio, bastaria que o aumento fosse de 0,2 ou 0,3%, o que significa que, mais uma vez, Passos Coelho enganou conscientemente os portugueses e, em particular, os funcionários públicos.
Se a realidade não nos mostrasse como Passos Coelho é descaradamente mentiroso, seria certamente difícil alguém imaginar que pudesse existir um primeiro-ministro que mentisse tanto aos cidadãos do seu país.
2. As mentiras de Passos Coelho são incontáveis — não apenas porque já se perdeu a conta ao número de mentiras que em três anos já proferiu, como contar, em forma de narrativa, as mentiras que ele persistentemente diz é um exercício que reforça a indignação de quem o faz.
A mais recente mentira (digo «a mais recente» correndo risco de eu próprio estar a mentir, pois não há garantia de que, de ontem para hoje, Passos Coelho não tenha introduzido uma nova mentira na vida política portuguesa) foi, por ironia, desmascarada pelo Presidente da República. Na verdade, aquilo que Passos Coelho tinha dito acerca da necessidade de aumentar em 1% o desconto para a ADSE («equilibrar as contas deste subsistema de saúde») é uma obscena mentira. Para isso acontecer, para se atingir esse equilíbrio, bastaria que o aumento fosse de 0,2 ou 0,3%, o que significa que, mais uma vez, Passos Coelho enganou conscientemente os portugueses e, em particular, os funcionários públicos.
Se a realidade não nos mostrasse como Passos Coelho é descaradamente mentiroso, seria certamente difícil alguém imaginar que pudesse existir um primeiro-ministro que mentisse tanto aos cidadãos do seu país.
3. Mas Passos Coelho não mente apenas. O primeiro-ministro pretende agora premiar a ilegalidade. O primeiro-ministro pretende baixar o valor da indemnização dos despedimentos ilegais. Praticar uma ilegalidade tornou-se, para Passos Coelho, uma prática que deve ser favorecida.
Se utilizarmos as mesmas categorias das agências que se dedicam a classificar o risco dos créditos, verificamos que os valores e a prática ético-política do actual primeiro-ministro estão a um nível inferior ao do rating da dívida: abaixo de lixo.
sexta-feira, março 28, 2014
O momento cheio de emoção quando uma mulher surda de nascença ouve pela primeiro vez!...
Isto não é religião, isto é ciência!
Joanne Milne de 40 anos de idade, nascida surda, ouve pela primeira vez após lhe terem sido colocados implantes auditivos. A sua reacção é muito bonita!
Joanne Milne de 40 anos de idade, nascida surda, ouve pela primeira vez após lhe terem sido colocados implantes auditivos. A sua reacção é muito bonita!
Do It for Denmark!
Portugal não é o único país da Europa com problemas de natalidade! Os dinamarqueses também o têm! Este vídeo explica tudo o que há a fazer com muita elegância...
É a demografia, estúpido!
Cortes, mais cortes e ainda mais cortes, servidos aos bocadinhos um a seguir ao outro, juntamente com a ilusão que desta vez é que é, que será o último corte antes da recuperação económica que virá logo a seguir montada nesse derradeiro esforço para conquistar um futuro radiante para todos. Hoje é a vez deainda mais uma revisão em baixa dos valores das reformas e, para que não seja a última vez que se reformam reformas num sistema cujo equilíbrio depende dos salários sobre os quais incidem os descontos que o financiam, também ainda mais uma revisão em baixa dos salários na função pública, pois então.
E a culpada volta a ser a madrasta da demografia. Era o que mais faltava que as gerações que descontaram a vida inteira para financiar um Serviço Nacional de Saúde de excelência que aumentou a esperança de vida que hoje prolonga as suas velhices pudessem agora colher os frutos desses e dos outros descontos que também realizaram anos a fio para conquistarem o direito a um final de vida digno. A justificação para ainda mais uma machadada nas conquistas destas gerações que construíram o progresso da nossa sociedade ao longo das décadas que se seguiram à revolução de Abril volta a ser o envelhecimento populacional.
O poder político continua a conseguir esconder-se atrás do pretexto de uma quebra de natalidade que as estatísticas confirmam mas que como justificação para arruinar velhices não faz qualquer sentido: se com a falta de jovens que vai crescendo com o passar dos anos temos hoje uma taxa de desemprego jovem a trepar os 40% que os empurra para uma emigração que apenas encontra paralelo na década de 60 do século passado, sem falta de jovens esse desemprego monstruoso e essa emigração em massa seriam ainda maiores. O problema não é de forma alguma a natalidade. O problema está na inflexão do crescimento da massa salarial que começou com a adesão a um euro que transferiu para a esfera laboral os mecanismos de ajustamento que deixaram de poder fazer-se através da desvalorização cambial.
Desde a adesão ao euro, pela mão de um “europeísmo convicto” a favor ou contra consoante está no Governo ou na oposição, as relações laborais foram alteradas pelo menos três vezes, todas elas direccionadas para a redução dos salários sobre os quais se realizam os descontos que financiam a Segurança Social e os serviços públicos. O mesmo nas relações de emprego público, com carreiras desmanteladas para evitar progressões e promoções na carreira, congeladas anos a fio juntamente com actualizações salariais que a partir de 2010 foram substituídas por cortes sucessivos nos salários nominais. O salário mínimo foi abruptamente congelado em 2010. Não foi à toa que, durante o mesmo período, assistimos a outras tantas alterações da fórmula de cálculo de pensões do regime contributivo e que a idade mínima para adquirir o direito a uma aposentação sem penalizações tenha sido sucessivamente aumentada.
Agora, quer porque o arco da redução de salários que desequilibrou o sistema entretanto descobriu como rentabilizar uma crise desencadeada pela mesma delinquência banqueira que com ela enriquece, quer porque o “europeísmo convicto” desse mesmo arco recusa outro caminho que não o do empobrecimento do seu povo e da agenda de concentração de riqueza que lhe está associado, sem renegociação da dívida externa e sem romper com este paradigma, podemos desde já preparar-nos para as décadas de reduções salariais que temos à nossa frente. E sem salários médios minimamente decentes não teremos nem as reformas, nem a Segurança Social, nem a Saúde, nem a Educação, nem nenhuma das conquistas que herdámos das gerações que hoje deixamos – também se deixam – maltratar. Não há-de ser nada. Os filhos que não tivemos e os que deixarmos emigrar depois que nos amparem nas velhices miseráveis que a nossa inconsciência política semeou como forma de nos agradecerem o nada que lhes deixaremos como herança do uso peculiar que demos a uma democracia que tanto custou a conquistar.
DEPUTADO DO CDS, COM O 12.º ANO, ACHA QUE OS PROFESSORES DEVEM SER TESTADOS !!! ....
DEPUTADO DO CDS, COM O 12.º ANO, ACHA QUE OS PROFESSORES DEVEM SER TESTADOS !!! ....
PORTAS, NA ÚLTIMA VEZ QUE FOI SINCERO PERANTE O PAÍS, EXPLICOU O QUE É A POLITICA EM PORTUGAL:
" OS POLÍTICOS NÃO PRECISAM DE MÉRITO, ATÉ SÃO MUITO MEDÍOCRES, MAS NÃO SABEM FAZER MAIS NADA NA VIDA, PRECISAM DA POLITICA PARA SUBIR NA VIDA"...
EIS O EXEMPLO VIVO... da mediocridade que sobe e sobe na vida.
O deputado do CDS-PP Michael Seufert, da Comissão de Educação, Ciência e Cultura, "foi considerado um dos 10 portugueses da área política mais influentes no Twitter em 2012..."
E isso é mais importante que qualquer currículo profissional, formação académica ou qualquer ideologia.
Na politica procuram-se pessoas medíocres mas populares, pessoas desonestas, mas populares.
É isso que traz votos.
É o maravilhoso mundo da autoformação.
Um Relvas, que nem se preocupou em disfarçar, agora mais este!...
Aos 47 anos este personagem aparecerá licenciado e doutorado por equivalência.
Mas as coisas serão feitas com mais cuidado, pois eles ao longo dos anos, aprimoram os seus esquemas.
Lá está, aprendem depressa, e assim roubam cada vez mais e melhor, enganam e mentem mais e melhor. É essa a sua vocação e formação.
Já existe uma petição para o demitir :
"Demissão do deputado Michael Lothar Mendes Seufert por falta de qualificações para desempenhar as tarefas que lhe foram atribuídas."
Claro que não vai adiantar nada porque quem valida as petições são os deputados, mas o povo ilude-se a brincar à democracia.
Enviado por A.C.
quinta-feira, março 27, 2014
Nem o país melhora, nem a gente almoça
O país está muito melhor, embora a vida dos portugueses esteja pior. Dito assim, de forma vaga e imprecisa, tal como o fez Luís Montenegro há um par de semanas, o saque destes dias quase que fazia cair o Carmo e a Trindade. Traduzido em números, com a forma precisa e detalhada de uma síntese de execução orçamental, pois nem Carmo, nem Trindade, nem sequer o país está melhor, pelo contrário. Os números são hieróglifos ilegíveis para uma grande maioria incapaz de decifrá-los que, como tal, os lê como leria o pior dos insultos em sumério. Sem reagir. O Governo sabe bem que é de Audis que o bom povo gosta.
E a síntese de Fevereiro está pejada de detalhes sórdidos. Mostra, por exemplo, como, para aliviar ainda mais a tributação de rendimentos de empresas, os rendimentos do trabalho foram ainda mais castigados com impostos do que em 2013, terceiro ano consecutivo em que os portugueses foram campeões europeus das reduções salariais e ano de desemprego generalizado em que as receitas de IRS cresceram 35% relativamente a 2012. Em Fevereiro de 2014 as receitas de IRS voltaram a crescer 17,7% relativamente ao mesmo mês do ano anterior e, pelo contrário, as receitas de IRC reduziram-se 15,2% entre os dois Fevereiros. As receitas de IRS dos dois primeiros meses de 2014 somam 2400 milhões de euros, ao passo que as receitas de IRC do mesmo período somam apenas 165,1 milhões de euros, isto é, por cada euro cobrado sobre lucros foram cobrados 14,50 euros sobre salários e sobre pensões de reforma. As grandes fortunas continuam à margem de qualquer contribuição.
Mostra também como, no meio da maior tragédia social desde o 25 de Abril, o valor pago em subsídios de desemprego se reduziu em 13,7%, para 429,3 milhões de euros. Números oficiais, e o desemprego real é muito superior ao oficial, Em Dezembro passado, mais de metade dos desempregados (442 mil) não recebiam qualquer ajuda do Estado. De acordo com dados disponibilizados na página da Segurança Social, no final do ano passado havia apenas 376.922 beneficiários de prestações de desemprego que escaparam à insensibilidade social deste Governo.
E mostra como o pagamento de juros e comissões aumentou 47,7% relativamente a Fevereiro de 2013, mais 246 milhões de um total de 8.173 milhões de euros previstos até ao final do ano. É para esta despesa, que PSD, PS e CDS não querem renegociar, que Vão impostos que não foram brutalmente aumentados para termos melhor Saúde e Educação e os salários e pensões de reforma que o Governo cortou à margem da Constituição, tal como é no interesse de credores tão bem remunerados que o Governo não vê qualquer problema nos quase meio milhão de portugueses, que a sua austeridade – e não a preguiça que tanto gosta de apontar-lhes - empurrou para o desemprego, que não têm direito a um cêntimo sequer dos 4,4 milhões de euros em impostos que foram cobrados em cada hora dos primeiros dois meses deste ano.
Não irei alongar-me muito mais, até porque a experiência me diz que quase ninguém consegue ler até ao fim posts com tantos números. Concluo com os 6,4% de derrapagem da despesa relativamente a 2013 que, por não terem sido compensados pelo aumento de receita verificado de 7,2%, produziu um saldo orçamental negativo de -30,8 milhões, isto é, a dívida continua aumentar apesar deste saldo se ter reduzido em 150 milhões de euros relativamente a 2013, apenas um pouco mais de um terço dos 420 milhões do crescimento da receita fiscal. O país não está melhor e a vida dos portugueses também está cada vez pior. Mas há sempre alguém a tentar convencer-nos do contrário.
quarta-feira, março 26, 2014
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