quarta-feira, setembro 24, 2014

Quantos somos?


Justiça em pantanas, a Ministra pediu desculpas, e ficou assim. A Educação em pantanas, o Ministro pede desculpas, e ficou assim. A Saúde está em pantanas, o caso BES vai de pantanas em popa, o desmantelado Instituto de Meteorologia e Geofísica meteu água por estar de pantanas com falta do pessoal qualificado dispensado por alegadamente estar “a mais”, o país vai estrebuchando, mas vai ficando assim mesmo. O Governo sabe que pode contar com o silêncio do senhor Presidente da República e ambos sabem que podem contar com o silêncio dos portugueses. Não admira que Pedro Passos Coelho nem se dê ao trabalho de dar explicações sobre o seu extenso passado de ilícitos. Já se sabia que fez parte de uma quadrilha que enganou o suficiente para receber 1,4 milhões de euros para formar centenas de funcionários de aeródromos que não existiam: eram apenas dez. Quando a marosca saltou para os jornais disse qualquer coisita sobre estar de consciência tranquila. E ficou assim. Agora sabe-se que durante esse período de intensa actividade formativa também andou a enganar a Assembleia da República para receber por uma exclusividade que não tinha, ao mesmo tempo que enganava o fisco ao não declarar os cinco mil euros que durante anos recebeu mensalmente da quadrilha dos aeródromos. Passos diz que não se lembra de nada. E há-de ficar assim. O que é que fizemos para merecer isto? Nada. Quando muito, uns aproveitam para praticar o desporto nacional do momento, brincar aos insultos nas redes sociais, outros para se entreterem a dizer que o Sócrates era melhor/pior que o Passos, outros para justificarem o nada que fazem a dizer aquela dos políticos todos iguais. Nada, nada e nada. O nada que eles rentabilizam. Uma organização de umas poucas centenas de elementos descobriu como enriquecer a dar cabo de um país e das vidas de milhões de portugueses. Quantos somos nós, afinal?

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