Uma análise aos últimos oitos meses de vida do Grupo
Espírito Santo revela que o banco era na prática o gestor de tesouraria da
Portugal Telecom. O colapso do GES não poderia, por isso, deixar ilesa a PT. E
um banqueiro caiu em desgraça. Esta é a segunda parte da história do fim de um
império.
As grandes crises desenvolvem-se, muitas vezes, em plena luz do dia, mas há sempre quem não dê por elas. Foi o que aconteceu com o Grupo Espírito Santo (GES), que, depois de três anos de progressiva degradação, permanentemente disfarçada, e comportamentos duvidosos, faliu num mês. Para se ser mais preciso: o universo empresarial Espírito Santo tinha excesso de dívida acumulada, que a crise económica profunda e longa acentuou, e não resistiu; Ricardo Salgado, presidente do grupo, baseava o seu poder num fôlego financeiro que afinal não existia e o mito caiu. Há ainda a Portugal Telecom com uma relação promíscua com o BES, que actuava como gestor de tesouraria da operadora, o que os episódios aqui relatados provam.
A história do poder que o GES assumiu durante décadas conta-se
até Dezembro de 2013. Os oitos meses seguintes, que culminaram na detenção
para interrogatório de Ricardo Salgado, líder do clã durante duas décadas,
são o epílogo deum grupo com 149 anos. E foi tão fácil pôr-lhe uma pedra em
cima.