No último Natal, Nuno Crato distribuiu pelos colaboradores do seu gabinete uma prenda: uma folha A4, dobrada como se fosse um cartão de Natal, onde não falta a imagem de uma pilha de livros em forma de pinheiro. Lá dentro, “10 ideias para mudar a educação”, o título de um artigo que escreveu em 2009 para um jornal. “Centrar o ensino nas matérias fundamentais, Português, Matemática, História...” e “recrutar os novos professores com base num exame de entrada na profissão” são apenas dois dos pontos da lista — que, na verdade, não é mais do que a síntese da cartilha que durante anos defendeu publicamente. Mas, depois de ter distribuído os seus votos de boas festas, a vida complicou-se. Este ano lectivo arrancou caótico, faltaram professores nas escolas, milhares de alunos somaram furos nos horários, teve de pedir desculpa no Parlamento pelos transtornos causados às famílias. Multiplicaram-se os que pediram a sua demissão. Contudo, sentado à cabeceira de uma comprida mesa de reuniões, no seu gabinete, num 13.º andar da Av. 5 de Outubro, em Lisboa, é ainda a essa folha dobrada que ofereceu ao staff há quase um ano que Nuno Crato se agarra.
Ofereceu-a à Revista 2, também, no final de uma
entrevista, há menos de duas semanas, quando muitos alunos continuavam sem
aulas, para desespero dos pais. Antes, leu em voz alta, rapidamente, os
diferentes pontos. E disse, com um sorriso, que cumpriu a lista quase toda.
Vai continuar até ao fim do mandato? “Não vejo porque não.”