Vistos gold, subvenções vitalícias. Estava tudo a correr tão mal à maioria. Já tinha corrido melhor antes da sucessão de indefinições do líder e das malfadadas subvenções, mas continuava quase tudo a correr tão bem ao PS. Também corria tudo pelo melhor ao candidato a CDS do PS. E prenderam Sócrates. Não se fazia. A maioria soube conter-se nas comemorações. Um inusitado “os políticos não são todos iguais” dito, logo por quem, por alguém que, a seu tempo, é um mais que provável sucessor tecnofórmico para ocupar as actuais acomodações de Sócrates na Pensão São Pedro (PSP). E pouco mais. Nas claques da rosa e da papoila é que foi o caraças. Não há direito! O homem foi preso à noite! O Dias Loureiro continua por condenar! A Felícia Cabrita escreveu uma biografia muito bonita a Passos Coelho! Isto foi tudo uma grande manobra cheia de fugas de informação! Certíssimo. Tinham que dizer umas coisas, saíram essas. Mas calma, meus senhores. Concordo que houve um grande aparato, de todo desnecessário e vergonhoso, que denota as tão habituais como inaceitáveis violações do segredo de Justiça. Também não tenho a melhor ideia sobre a idoneidade e competência profissional da tal senhora. Pelo contrário, e porque não defendo o direito à impunidade para todos, aquela ideia de ficar à espera que prendam o Manuel para poder prender o José parece-me um perfeito disparate. Mas e que tal se falássemos em corrupção, em branqueamento de capitais, em fraude fiscal e na improbabilidade de haver condenações num emaranhado legislativo tecido por aqueles que haveria que julgar e, se fosse o caso, condenar exemplarmente? É isto que interessa aos portugueses que vêm pagando todos os roubos de todos os governantes que arruinaram este país. À tal “indigência moral” da Felícia ouço-a a falar nos crimes. A vocês, classe bem pensante cá do sítio, alegadamente uns patamares acima na indigência intelectual da Nação, vejo-vos entretidos a entreter com outras abordagens. E a todos, ela e outros que tais a trabalhar para um dos lados, vocês a trabalhar para o outro, vejo-vos a tentarem salvar o regime. É o regime que dá sinais de ruptura. e é isto que não vos agrada. Estava tudo a correr tão bem, vocês até iam com uma certa frequência dizer umas coisas àquele programa do regime umas vezes dos prós, outras dos contras, mas sempre do regime da alternância que nunca negou notoriedade e sustento à elite da sua devoção. Todo o resto era povo, populistas, radicais ou o que se lembrassem de chamar-lhes para que ficassem lá fora, a ouvir-vos falar sobre dificuldades que nunca sentiram. Um dia, a casa vem mesmo abaixo. Vocês sabem-no. Inquietam-se. Inquietem-se lá.
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