Quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um dever! I write the verse and I find the rhyme I listen to the rhythm but the heartbeat`s mine. Por trás de uma grande fortuna está um grande crime-Honoré de Balzac. Este blog é a continuação de www.franciscotrindade.com que foi criado em 11/2000.35000 posts em 10 anos. Contacto: franciscotrindade4@gmail.com ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS
quarta-feira, dezembro 31, 2014
O FUTURO É JÁ EM 2015
O filme Back to the Future II de Robert Zemeckis de 1989, cuja acção se passa em 2015, previa algumas coisas que já se concretizaram tais como comida desidratada (é já comum com fruta e fala-se de impressoras 3D para fazer comida), computadores de mão (temos hoje tablets por todo o lado), acessórios high tech pessoais (já temos os óculos da Google, ainda que longe do mainstream) e vídeo-conferência (temos ominipresente o Skype). Nada mau quanto a concretizações! Sim, sei que nos faltam os carros voadores, mas em 2015 continuarão os testes do carro da Google. E já há testes piloto para a distribuição de encomendas por drones.
Raramente os livros e filmes de ficção científica fazem previsões certeiras para um determinado ano. O ano de 1984 já passou há muito tempo e não foi nada do que consta do livro do Orwell, para não falar das miríadas de previsões para o ano 2000 que de tão diferentes a maioria tinha necessariamente de falhar.
Einstein dizia que o futuro chega sempre mais cedo do que se conta. E chega logo que esteja pronto, não esperando pela data profetizada. O futuro, previsto ou não, está sempre aí a chegar. O que se faz nos laboratórios de todo o mundo é preparar o futuro e é por essa razão que a ciência e a tecnologia são socialmente relevantes. O futuro raramente traz grandes mudanças: é, em geral, uma sucessão de pequenos passos. É a acumulação sucessiva de pequenos passos que nos dá a ilusão dos passos de gigante. E, sendo muito difícil adivinhar o futuro (o físico Niels Bohr dizia: "é muito difícil fazer previsões, especialmente do futuro", frase que lembra a do jogador de futebol João Pinto, que nada sabia de física quântica, "prognósticos só fim do jogo"), a melhor base é sempre olhar para aquilo que está hoje em preparação. O que vai ser amanhã já é hoje, ainda que no silêncio dos laboratórios.
O Boston Business Journal, muito atento aos laboratórios do MIT, prevê para 2015:
http://www.bizjournals.com/boston/blog/techflash/2014/11/guest-commentary-five-tech-predictions-for-2015.html?page=all
- fim da supremacia da Apple, que não está a inovar como no tempo do Jobs, dando o lugar à Google.
- maior presença dos media de cyborgs (como Oskar Pistorius)
- distribuição domiciária por drones
- premência de questões de igualdade sexual na ciência e em geral, veja-se a ascensão de Hillary Clinton (acrescento racial, a avaliar para o que se está a passar na América)
- proliferação de robôs recreativos (os avanços da robótica são além de úteis - já limpam as nossas casas - muito divertidos).
(curiosamente aparece uma figura de um carro planeado por um português: André Costa, conferir http://sub.automotor.xl.pt/0405/300.shtm)
prevejo uma que está destacada na edição especial de The Economist para 2015: o uso clínico de perfis genéticos. No ano passado o preço da sequenciação total do genoma humano baixou dos 1000 dólares e no próximo ano o número de pessoas totalmente sequenciadas (eu já estou) vai passar para o dobro. No futuro as consultas a bases de dados genéticas farão parte das rotinas medicas.
Outros avanços que prevejo, porque até agora têm sido de crescimento explosivo, são os dos novos materiais baseados em nanotech ou em química avançada. O grafeno, por exemplo, vai aparecer na electrónica e em ecrãs (não esquecer que um dos líderes mundiais nessa área, Nuno Perez, é português). Dispositivos flexíveis vão ser mais comuns. Novos materiais vão conferir invisibilidade.
Oxalá a ciência e tecnologia portuguesas, que tão maltratadas têm sido (2914 foi o ano da crise, tendo centro de Nuno Perez sido chumbado pela FCT) tenham em 2015 mais possibilidades de acompanhar e mesmo produzir todos esses avanços.
Sem nuvens negras e com confiança
Ricardo Araújo Pereira, na Visão com data de 1/1/2015:
«Se o leitor gosta de confiança, vai ter um grande 2015. Sobretudo, se aprecia especialmente aquele tipo de confiança que medra quando não há nuvens negras. Foi o que António Costa e Passos Coelho prometeram aos portugueses para o ano que agora começa: confiança e céu limpo. (...)
O primeiro-ministro promete um ano sem nuvens negras. Oferece a inexistência dessa nebulosidade. O que é fascinante é que essa inexistência não existe, isto é as nuvens negras não se dissiparam. (...)
Já António Costa, ao prometer confiança, consegue resguardar-se de eventuais acusações de incumprimento. (...) Prometer confiança é equivalente àquilo que dizemos para consolar o familiar de um defunto. "Muita força", recomendamos nós. Se a pessoa não tem força, a culpa não é nossa. Prometer um ano sem nuvens negras é dizer ao mesmo familiar , no mesmo velório: "Melhores dias virão". A diferença é que, neste velório, nós somos o familiar e, parece-me, o defunto.»
terça-feira, dezembro 30, 2014
A mensagem de Natal de Passos Coelho e o seu "milagre" da redução do desemprego
– A dimensão do falso emprego, a baixa de salários promovida pelo governo e a milagrosa redução do número de inscritos nos centros de emprego
Na mensagem do Natal de 2014 aos portugueses, Passos Coelho afirmou: " Entramos numa nova fase. Uma fase de crescimento, de aumento do emprego e de recuperação dos rendimentos das famílias ". Será que estas palavras têm alguma correspondência com a realidade? Para responder a esta pergunta vamos utilizar dados do próprio governo.
O CRESCIMENTO RÁPIDO DO FALSO EMPREGO EM PORTUGAL
Em estudo anterior mostramos como o governo, recorrendo à formação profissional, aos contratos emprego inserção, aos estagiários, e aos "inativos disponíveis" estava, administrativamente, a reduzir os números do desemprego oficial. Agora vamos mostrar como o governo utilizando também o mesmo processo – medidas administrativas – está empolar os dados do emprego com falso emprego. O quadro 1, com dados oficiais divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), uma entidade tutelada pelo Ministério do Trabalho, Segurança Social e Solidariedade, mostra como o falso emprego tem aumentado em Portugal.
O CRESCIMENTO RÁPIDO DO FALSO EMPREGO EM PORTUGAL
Em estudo anterior mostramos como o governo, recorrendo à formação profissional, aos contratos emprego inserção, aos estagiários, e aos "inativos disponíveis" estava, administrativamente, a reduzir os números do desemprego oficial. Agora vamos mostrar como o governo utilizando também o mesmo processo – medidas administrativas – está empolar os dados do emprego com falso emprego. O quadro 1, com dados oficiais divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), uma entidade tutelada pelo Ministério do Trabalho, Segurança Social e Solidariedade, mostra como o falso emprego tem aumentado em Portugal.
Todo o texto aqui
UBUNTU, A TERCEIRA VIA
Sei que não é a melhor altura, pois acabam de se gastar centenas de milhões de euros em novas tecnologias, mas gostava de falar do Ubuntu. Ubuntu é um sistema operativo alternativo ao Windows e às máquina da Apple. Mas atenção, pois os meus comentários não pretendem ser técnicos, porque não sou completamente leigo mas também não sou cromo.
O Ubuntu é uma versão do Linux. No caso de Linux não se chamam versões mas sim distribuições. É, portanto, uma distribuição de Linux. Uma boa distribuição, simples, clara e intuitiva, levando o sistema Linux a utilizadores comuns, ou seja, aqueles que não têm o escritório cheio de computadores desmontados e que não conseguem mandar o site da PJ ao ar.
Por falar em forças de segurança, o Ubuntu também é mais seguro, muito mais seguro. E rápido. Não está isento de erros, como qualquer sistema operativo, mas é estável e vale definitivamente a pena experimentar, o que também não é difícil. Basta criar-se uma pen e arrancar com o computador através dessa pen, podendo experimentar o Ubuntu sem ter de o instalar.
Depois também há toda aquela questão filosófica, do software open, da computação e internet livres. Parecem coisas de activista maluquinho, mas é cada vez mais importante apoiar as alternativas aos gigantes que, de tão gigantes, comem-nos.
Uma palavra ainda para uma outra distribuição, ainda mais leve, que dá pelo nome de Lubuntu. Essa então reanimou-me um computador com 11 anos e que já não fazia rigorosamente nada. Só pó. Estamos a falar de um Centrino Duo, com 1G de RAM. Estava a caminho da sucata mas é nele que estou a escrever e a publicar.
Claro que, para tanto, o Lubuntu é um sistema muito básico e até feio. Não tem nada a ver com o Ubuntu. Mas tem o essencial, sobretudo para quem quer reaproveitar um computador ultrapassado para, por exemplo, escrever, aceder à internet, consultar o e-mail, etc.. Nessa matéria, é rápido como nenhum outro que me passou pelas mãos e tenho para ali um i5.
Tem outra vantagem muito grande. O valor comercial deste velho computador deve andar à volta dos menos 20€ e isso é triste do ponto de vista do nosso património mas muito feliz do ponto de vista das preocupações. Ou seja, se andarmos com um MacBook de 2000€ temos de andar sempre com medo dos gatunos. Se andarmos com este pobre Asus são os gatunos que têm medo de nós.
Isto faz-me lembrar um certo dia, estava eu parado num semáforo com um Citröen Ax branco de um amigo. O Citröen parecia saído de um filme do Tarantino. Nesse semáforo, um homem tocava violino em troca de moedas. Tocou ao carro que estava à minha frente, depois olhou para mim e continuou para o carro seguinte, sem tocar uma única nota. E os arrumadores também não arrumavam este Citröen. Percebiam que era um lugar perdido e corriam pela rua à procura de outro.
Enfim, fica a recomendação. Para computadores do tempo da outra senhora, Lubuntu. Para máquinas mais recentes ou até de último grito, Ubuntu. Tudo livre. Mesmo livre. Livre, livre. Não é “livre”. É livre.
REBELIÃO À PORTUGUESA
O estado psicológico dos portugueses é de rebelião, embora se fique pela contenção interior e pelo desabafo aos mais chegados.
Portugal tem uma população despovoada de esperança, à espera da implosão do que existe e na crença salvífica de uma força externa como sucedeu recentemente com a troika abençoada por quem manda na Europa; alguns até saudaram o acontecimento.
A pergunta inevitável brota insistentemente: vivemos a normal brutalidade das decadências?
Se os tempos são propícios à eliminação da autenticidade e à hipocrisia, vírus alimentado no autoritarismo e no salve-se quem puder, ainda podemos acreditar que muito se deverá ao nosso comportamento e à nossa capacidade para resistir.
segunda-feira, dezembro 29, 2014
A grande trégua humana nunca aconteceu na Primeira Guerra Mundial
Na véspera de Natal, em 1914, no meio de uma guerra mundial,
algo de incrível aconteceu.
Na madrugada do dia de Natal, alguns soldados alemães
surgiram das suas trincheiras e aproximaram-se das linhas aliadas pela terra de ninguém gritando "Feliz Natal" em Inglês e
Francês.
No início, os aliados temeram que se tratasse duma armadilha, mas vendo que os
alemães estavam desarmados, deixaram as suas próprias trincheiras e apertaram a
mão do inimigo contra o qual tinham lutado durante meses.
Em pouco tempo, mais de 100.000 alemães e britânicos tinham deixado as trincheiras. Presentes, incluindo capacetes, foram trocados entre
ambos os lados.
Houve até mesmo alguns jogos de futebol. Ao mesmo tempo, os soldados de ambos
os lados ajudaram a enterrar os mortos dos dias anteriores de guerra.
Infelizmente, esta foi a primeira e última vez que tal acto
teve lugar durante a Grande Guerra. Depois de passar a surpresa sobre a trégua, os
oficiais de ambos os lados ameaçavam os soldados com uma acção disciplinar se
parassem de lutar.
Embora temporária, a Trégua de Natal provou que nem mesmo uma
das guerras mais mortais na história do mundo pode esmagar o espírito humano ou
roubar as pessoas da sua humanidade.
A universidade preocupada com a escrita dos alunos
Vale a pena ler o artigo L’orthographe préoccupe les universités, escrito por Paul de Coustin e publicado no jornal Le Figaro (on line), do passado dia 26 de Dezembro.
Nele se aborda um problema gravíssimo e nada novo: a degradação das competências de escrita dos estudantes que chegam ao ensino superior.
Muitos professores reconhecem-no e falam dele, começando também a receber a atenção de investigadores mas quando se trata de tomar medidas alguma coisa falha e, em geral, nada se faz.
Talvez se compreenda esta espécie de inactividade por parte de escolas superiores e universidades se pensarmos no seguinte:
- Caberá a tais instituições resolver o problema? A resposta mais imediata é: não, não é essa a sua tarefa, a aprendizagem da escrita tem de ser feita ao longo da escolaridade básica.
- Mas, por razões diversas, essa aprendizagem tem falhas e, portanto, as ditas instituições ficam com o problema em mãos. Então o bom-senso aconselharia que recusassem os estudantes que não dominam suficientemente a escrita, pois sem ela é impossível avançar em qualquer área de estudos superiores. Porém, se o fizessem muitos cursos fechariam com as respectivas consequências para a manutenção dos departamentos e do corpo docente.
Neste cenário dilemático, caso os recursos o permitam, algumas instituições têm tentado fazer face ao problema, criando unidades/módulos/centros para aprendizagem da escrita.
Mas o ensino de jovens adultos é mais exigente do que o ensino de crianças; requer técnicos especializados, persistência por parte dos estudantes e continuidade didáctica, nada que fique resolvido com algumas sessões intensivas no ínicio de um curso. Acontece que estas condições nem sempre são devidamente ponderadas por parte de quem toma, ainda que de boa mente, decisões.
Depois de os Estados Unidos e do Brasil - pode haver outros países que desconhecemos - terem avançado em termos de diagnóstico e de remediação, eis a Europa a seguir-lhe os passos. Não discordarmos, sendo essas as condições, que apontam para uma situação de transição. Mas já discordamos se as instituições de ensino superior fizerem desta aprendizagem uma das suas missões.
O essencial tem de ser debatido: é nos primeiros anos de escolaridade que os alunos devem aprender a escrever. Uma vez detectadas falhas graves, como aquelas que começam a vir a debate, são os sistemas educativos que precisam de rever as suas opções e procedimentos.
DAQUI
Nele se aborda um problema gravíssimo e nada novo: a degradação das competências de escrita dos estudantes que chegam ao ensino superior.
Muitos professores reconhecem-no e falam dele, começando também a receber a atenção de investigadores mas quando se trata de tomar medidas alguma coisa falha e, em geral, nada se faz.
Talvez se compreenda esta espécie de inactividade por parte de escolas superiores e universidades se pensarmos no seguinte:
- Caberá a tais instituições resolver o problema? A resposta mais imediata é: não, não é essa a sua tarefa, a aprendizagem da escrita tem de ser feita ao longo da escolaridade básica.
- Mas, por razões diversas, essa aprendizagem tem falhas e, portanto, as ditas instituições ficam com o problema em mãos. Então o bom-senso aconselharia que recusassem os estudantes que não dominam suficientemente a escrita, pois sem ela é impossível avançar em qualquer área de estudos superiores. Porém, se o fizessem muitos cursos fechariam com as respectivas consequências para a manutenção dos departamentos e do corpo docente.
Neste cenário dilemático, caso os recursos o permitam, algumas instituições têm tentado fazer face ao problema, criando unidades/módulos/centros para aprendizagem da escrita.
Mas o ensino de jovens adultos é mais exigente do que o ensino de crianças; requer técnicos especializados, persistência por parte dos estudantes e continuidade didáctica, nada que fique resolvido com algumas sessões intensivas no ínicio de um curso. Acontece que estas condições nem sempre são devidamente ponderadas por parte de quem toma, ainda que de boa mente, decisões.
Depois de os Estados Unidos e do Brasil - pode haver outros países que desconhecemos - terem avançado em termos de diagnóstico e de remediação, eis a Europa a seguir-lhe os passos. Não discordarmos, sendo essas as condições, que apontam para uma situação de transição. Mas já discordamos se as instituições de ensino superior fizerem desta aprendizagem uma das suas missões.
O essencial tem de ser debatido: é nos primeiros anos de escolaridade que os alunos devem aprender a escrever. Uma vez detectadas falhas graves, como aquelas que começam a vir a debate, são os sistemas educativos que precisam de rever as suas opções e procedimentos.
DAQUI
HERANÇAS, PRECONCEITOS E IDEOLOGIAS
Os 48 anos da ditadura do século passado consolidaram uma sociedade amedrontada, desconfiada do exercício da cidadania, temerosa do contraditório, alojada na corrupção, desrespeitadora do Estado e do bem comum e que não considerou a organização um valor precioso. É evidente que para esse estado também contribuíram outros factores históricos.
A jovem democracia, que ainda regista números escolares que envergonham, demorará, se tiver tempo e engenho para isso, gerações a atenuar.
Existem preconceitos que parecem "guardar" a sociedade que descrevi, que supervisionam a ousadia e a poesia e que reagem ao novo com medo da não conservação da herança. Controlam os danos de forma subtil: classificam de ideológico, dando-lhe uma conotação pejorativa, o que inquieta ao mesmo tempo que se põem a salvo da "radical" catalogação.
É a forma ideológica do mau conservadorismo. Existe em modo silencioso e espera a redenção com a chegada "anunciada" do regime protector de todos os males do mundo.
domingo, dezembro 28, 2014
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