quarta-feira, dezembro 24, 2014

Certa gente se salvou, só a ciência é que não

"Uma velha canção popular açoriana termina, na última estrofe, desta maneira: Toda a gente, toda a gente se salvou,/ Ai se salvou, só o San Macaio não. O San Macaio dessa história é um barco, e apetece glosar a sua “moral” quando acabam de ser conhecidos os resultados finais do chamado “processo de avaliação” das unidades de investigação científicas portuguesas. Se estas forem vistas como um barco, ou seja, como um todo, dificilmente se encararão as suas várias parcelas como dispensáveis. O processo que agora terminou destina-se, porém, a salvar o casco, o leme e algumas velas e a deixar afundar o resto. O enaltecimento da “excelência”, louvável em parâmetros relativos, foi tido como regra absoluta, onde ser “apenas” bom não conta. Pode-se deitar fora, por exemplo, os remos... Mas quando vier o naufrágio diremos, sem receio de errar, que certa gente (vista como excelente) se salvou, só a ciência (o barco, afinal) é que não."

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