quinta-feira, dezembro 04, 2014

Demitam-nos!

Os economistas a que Geoff Davies se refere são os neoliberais e os neoclássicos. Trata-se de uma obra que à semelhança de outros trabalhos, por exemplo de Mike Whitney, Michael Hudson, Paul Craig Roberts, James Petras, J. Stiglitz, só mencionando não marxistas, não deixam pedra sobre pedra do edifício neoliberal, o capitalismo atual, na sua fase senil, incapaz de dar solução aos problemas que cria. 

Para G. Davies o pensamento neoliberal “está centrado no mercado “livre” e no direito dos mais ricos fazerem e dizerem o que mais lhes agrada”. “Liberdade”, mas apenas para alguns e sem responsabilidade. 

A aversão neoliberal à intervenção do Estado na economia, o facto de serem os bancos privados a criarem moeda e controlarem o crédito, com os bancos centrais a trabalharem a seu favor, levou a que os economistas e propagandistas do sistema comparem a ação do governo à gestão de uma boa dona de casa. Isto pode de facto ocorrer se o Estado deixa de ter o poder de emitir moeda, ficando dependente dos interesses de quem a emite. Na UE, países que cederam o poder de criar dinheiro ao BCE, aceitando o euro, é de facto possível irem à falência. 

A economia vigente, “nega a possibilidade de acontecimentos que na realidade ocorrem. Ficam sempre surpreendidos quando algo adverso (como uma recessão) na realidade acontece. E quando finalmente sentem que a sua posição não pode ser mantida não reexaminam as suas ideias, não consideram que há uma falha na sua lógica ou teoria. Simplesmente, mudam de assunto” (John K. Galbraith) 

A economia dominante é um conjunto incoerente de abstrações matemáticas, que não consideram a observação empírica e sem útil analogia com que é observável, além de falsa interpretação da história e fontes, racionalizando práticas arcaicas de dívida e tomando os desejos por realidades. O desempenho medíocre da era neoliberal não deverá, pois, ser uma surpresa. Em termos simples: não passa de uma pseudociência. 

A ciência requer algo mais que matemática, embora esta seja essencial. Requer comparar as implicações da teoria com a observação dos fenómenos. O neoliberalismo é pré-científico, é tão útil para as sociedades como a cosmografia ptolemaica que, a maior parte do tempo, dava indicações erradas sobre a posição dos planetas. 

A ideologia é velha: os ricos e poderosos sabem mais, os restantes de nós estão aqui para os servir. A versão atual desta ideologia chama-se neoliberalismo. Defende mercados “livres” e governo mínimo: precisamente o bilhete para os ricos e poderosos fazerem o que entendem. 

Em outubro de 2008, Greenspan reconhecia que o edifício intelectual visando proteger as instituições financeiras e os acionistas “tinha colapsado”. O que não o impediu de mais tarde argumentar contra moderadas propostas para regular o sector financeiro… 

Admitem “imperfeições” no mercado, contudo não é correto descrever como “imperfeições” ou mesmo “aberrações” a causa da miséria de milhões e milhões de pessoas devido ao mau funcionamento dos mercados financeiros. Na realidade as “imperfeições” são comuns e atualmente a regra.  

Segundo o fundamentalismo vigente os mercados proporcionam indicações que corrigem os preços e os levam a um ótimo antes que se desviem demasiado. Assim as bolhas especulativas nunca poderiam existir.Para o dogma se manter inalterado culpam-se os governos e as despesas sociais. 

Ao simples bom senso a “volatilidade” dos mercados deveria parecer suspeita. Será possível um mercado funcionar convenientemente, ser “eficiente”, sendo volátil? Na realidade, o investimento produtivo não pode manter-se se os “investidores” são inconstantes e desviam o seu dinheiro para qualquer outra parte sem aviso, mas é justamente isto que os mercados financeiros promovem de forma geral. Conclusão, a ideologia neoliberal, não tem fundamento

O problema com a teoria neoclássica é que a “mão invisível” do mercado só funciona se nenhuma entidade dominar o mercado. Ora, as distorções provocadas pelos monopólios, tornam os que os controlam obscenamente ricos e poderosos, até à fusão fascista de grandes negócios e governo. 


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