domingo, dezembro 21, 2014

O AUTARCA MAGO

Em Lisboa, a EMEL está a oferecer o estacionamento durante a época do Natal. Isto é como a Brigada de Trânsito oferecer vinho durante a Operação Baco.
Supostamente, a existência da EMEL assenta na necessidade de organizar o estacionamento em Lisboa, promovendo a rotação de lugares, havendo assim mais lugares livres. Há também benefícios colaterais, como seja a utilização de transportes públicos.
Não deixa por isso de ser interessante esta decisão de oferecer estacionamento no Natal, que é justamente o momento em que a procura dispara, ou seja, mais necessidade havia de fazer a malta circular para todos poderem estacionar.
Oficialmente, a EMEL justifica esta medida como um apoio ao comércio local. A contrario, podemos então concluir que a EMEL prejudica o comércio local durante o ano inteiro, mas no Natal dá-lhes uma folga.
Qual é a ideia? Mandar carros para o centro da cidade, provocando o caos no estacionamento, é uma ajuda? Eu diria que depois de 1 hora a tentar estacionar no Chiado, o melhor é ir até às Amoreiras. Não consigo vislumbrar o apoio ao comércio local. Só consigo vislumbrar uma completa negação do conceito de gestão de estacionamento numa cidade.
O que parece – não obstante o princípio da presunção da inocência política – é que o presidente da câmara e candidato a primeiro-ministro está a oferecer coisas, nomeadamente uma taxinha que é o estacionamento.
Pelas contas da EMEL, vão ser oferecidas 560 mil horas de estacionamento. É portanto um apoio superior a 500 mil euros ao candidato local, perdão, ao comércio local.