sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Apps há muitas

Quando não sabemos onde ir comer, sobretudo quando estamos perdidos num local mais ou menos desconhecido, podemos sempre recorrer a um conjunto de aplicações para telemóvel que fazem um conjunto de sugestões baseadas na opinião e nos votos de outros utilizadores. Mas também podemos ir lá à maneira antiga – faz favor, desculpe, onde é que a gente há-de ir comer? – muito mais fiável que qualquer aplicação.
Há dias, no maravilhoso concelho de Monchique, dei por mim parado, com a tola tombada sobre o telemóvel, a percorrer listas de restaurantes. Uns tinham vistas deslumbrantes, os outros também, era tudo óptimo, divinal, lá havia um freguês que tinha ficado desiludido, mas de uma forma geral estava tudo satisfeito.
Menos eu, que de forma alguma conseguia tomar uma decisão e que não sei porquê mas mantenho uma enorme desconfiança relativamente a algumas das mais importantes conquistas das redes sociais. Supostamente, não há nada melhor do que chegar ao desconhecido e passar a ser tudo conhecido graças às opiniões online, mas eu não gosto.
Ora, minutos antes tinha passado pelos bombeiros, portanto foi mesmo lá que eu fui, aos bombeiros de Monchique, onde um simpático soldado da paz não fez apenas o favor de me dizer onde é que eles – bombeiros – vão comer, como ligou para lá para saber se ainda havia almoço – já era um bocado tarde. «Trate bem desta gente», disse então, já no fim da chamada que fez para a senhora do restaurante. Uma aplicação não faz isto.
O restaurante não tinha vista para lado nenhum – e é difícil não ter vista em Monchique – mas era mesmo aquilo que se procurava. Tudo genuíno, tudo muito bom e tudo indescritivelmente barato.
Bem podem os criativos e os programadores partir a cabeça toda, que não vão conseguir fazer aplicação alguma que chegue perto disto. Pela minha parte, não quero saber de críticas nem de pontuações atribuídas por “users” com “nicknames” em “apps”. Quero encontrar um amigo, pois é muito melhor e sabe muito mais que qualquer algoritmo.
Entretanto, se alguém quiser saber qual é o restaurante de que falo, é perguntar nos bombeiros.