segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Cartas na mesa

Ontem foi António Costa a dizer que não está para levar com a porta na cara em Bruxelas por causa da dívida. Acabaram-se as ambiguidades. Hoje foi Passos Coelho a dizer que não estará do lado de nenhuma conferência para reestruturar ou perdoar dívida porque não é essa a vontade dos portugueses depois de terem contado com a solidariedade europeia. Mais claro seria impossível. Isto no dia em que o INE publicou dados quer sobre a tal solidariedade europeia de Passos Coelho, quer sobre o nada de tão grave que obrigue António Costa a querer fazer diferente e correr riscos pelos seus. Quem não corre riscos pelos seus não pode querer ser delegado de uma turma do ensino básico, quanto mais Primeiro-ministro de um país. E nem Passos nem Costa, são os próprios a garanti-lo, darão a cara em Bruxelas para inverter o crescimento do risco de pobreza que em 2013 abrangia 1 em cada 5 pessoas, o mais elevado desde 2005 , 1 em cada 10 portugueses com trabalho (medida de como em Portugal se empobrece a trabalhar), mais de 4 em cada 10 portugueses sem trabalho, mais de 1 em cada 4 crianças até aos 18 anos. Em 2013, o rendimento dos 10% mais ricos era 11,1 vezes o rendimento dos 10% mais pobres; em 2010 era 9,4 vezes. A privação material abrangeu 1 em cada 4 portugueses ( em 2014 e a privação material severa 1 em cada 10. O relatório detalhado do que deixámos que fizessem aos nossos está disponível aqui. E ainda não vimos nada. O PSD, o PS e o CDS garantem que conseguem fazer ainda pior.

Para depois das eleições: O Fundo Monetário Internacional (FMI) insiste num tratamento de choque sobre a despesa pública em salários e pensões. No primeiro relatório de avaliação pós programa, hoje divulgado, o Fundo diz que é preciso mais ambição da reforma das tabelas salariais, o Governo deve equacionar reduzir ou mesmo eliminar suplementos remuneratórios e adiar a devolução gradual dos cortes de salários e pensões. E mais rescisões. E mais requalificações de funcionários.

DAQUI