Quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um dever! I write the verse and I find the rhyme I listen to the rhythm but the heartbeat`s mine. Por trás de uma grande fortuna está um grande crime-Honoré de Balzac. Este blog é a continuação de www.franciscotrindade.com que foi criado em 11/2000.35000 posts em 10 anos. Contacto: franciscotrindade4@gmail.com ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS
quinta-feira, abril 30, 2015
Treinador expulso por chamar jogador pelo nome: Preto
"Junta-te ao Preto e fica". Foi esta a ordem que valeu a Juvenal Brandão a ordem de expulsão por racismo. O insólito é que o jogador se chama mesmo Preto.
O árbitro do Valadares - Aliados de Lordelo, disputado no sábado passado, não tolera atitudes ou insultos racistas. Por isso, quando ouviu o treinador do Lordelo chamar um jogador por Preto expulsou-o de imediato.
O insólito é que o jogador do Lordelo, o clube do treinador, se chama mesmo Preto e não houve da parte de Juvenal Brandão qualquer comentário depreciativo em relação à cor da pele de alguém.
"Tinha acabado de lançar um jogador que não está rotinado na posição. Ele é central e tive de o colocar a lateral direito. Em vez de defender, estava a subir e eu, no banco, gritei 'Hugo, não subas, junta-te ao Preto e fica'", contou ao Jornal de Notícias de hoje o treinador Juvenal Brandão, que, segundo explicou, no início nem percebeu o que estava a acontecer.
Só quando o assistente o avisou de que o que tinha dito era racismo é que o treinador do Lordelo compreendeu o que estava em causa e que estava no centro de um enorme equívoco: "o avançado do Valadares, o René, é de raça negra".
Juvenal Brandão ainda tentou explicar a situação, mas em vão: o árbitro João Martins expulsou-o.
Agora, tem esperança que, perante a exposição que o clube vai fazer, o Conselho de Disciplina da Associação de Futebol do Porto o despenalize.
Porque é que deve a Grécia?
Para responder a esta questão central foi criada a Comissão de Auditoria à Dívida Pública Grega. A ação do Parlamento Grego contou no lançamento com o Presidente da República e o Primeiro-Ministro Tsipras.
A presença destes membros dá o devido peso a uma iniciativa inédita em toda a União Europeia. Esta semana entrevistei para a Antena 1 a brasileira Maria Lucia Fattorelli (a partir dos 27m10), que integra a comissão. Fattorelli garante que a análise detalhada do endividamento helénico pode levar à revisão do pagamento da dívida, caso sejam detetados problemas.
A auditoria pode iluminar algumas contas obscuras, nomeadamente as grandes derrapagens nas contas dos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 (Counterpunch ouReuters), os maiores gastos militares em toda a Europa em % do PIB (excelente relatório do TNI), os swaps do Goldman Sachs (explicados pela BBC) ou as luvas da alemã Siemens (nas palavras do alemão Deutsche Welle).
Obviamente que estes casos representam apenas parte da dívida. No entanto, simbolizam as anomalias políticas e económicas na base da catástrofe grega (nós também temos os estádios e submarinos, entre outros casos). Fica a pergunta: será que os cidadãos devem pagar estas contas? Esta ferramenta pode, por isso mesmo, ser preciosa para o Executivo grego, numa altura em que toda a ajuda lhe será bem-vinda.
O primeiro relatório da comissão chega em Junho… resta saber se o Governo grego aguenta mais dois meses sem financiamento (o Zé detalha aqui na ‘casa’ o calendário financeiro do país).
Nota final: É a primeira vez que um Governo Europeu lança uma iniciativa deste género, apesar de ser obrigatório para todos sob resgate, segundo uma diretiva do Parlamento Europeu e o Conselho da UE (ver nº9 do artº7). Em Portugal esta tarefa hercúlea tem ficado a cargo dos ativistas da IAC.
A TRISTE FIGURA DA COLIGAÇÃO EUA-ARÁBIA SAUDITA
Deserções aos milhares das bases e dos quartéis, que alguns serviços europeus de informações avaliam na ordem dos 10 mil efectivos, obrigaram a Arábia Saudita a cancelar, ou mesmo a desistir, da invasão terrestre do Iémen. A medida foi tomada não tanto pelo elevado número de militares que abandonaram os seus postos, ainda assim cerca de 10 por cento do contingente previsto para a invasão, mas porque a debandada revela a falta de ânimo das forças armadas da ditadura para se envolveram em batalhas terrestres, depois do falhanço das operações aéreas, que não atingiram nenhum dos objectivos proclamados e alcançaram o único não anunciado: chacinar dezenas de milhares de civis numa repugnante campanha de terror.
Reparem agora como Washington e Riade explicam a pretensa suspensão dos ataques – a Arábia Saudita anunciou o fim dos bombardeamentos aéreos, embora prossigam – através dos seus órgãos de propaganda, na tentativa de limpar a face da carnificina civil e do fracasso militar. Seriam argumentos dignos dos Monty Piton, ou da guerra de Solnado, não se desse o caso de a campanha de terror ter vitimado um número incontável de civis, incluindo mulheres e crianças, que pagaram com a vida mais estes jogos de guerra imperiais.
Washington, pela voz do impagável e servil New York Times, garante que os bombardeamentos aéreos sauditas pararam (o que, por enquanto, é mentira) devido às intensas pressões da Administração Obama, na verdade incomodada pelas repercussões negativas geradas através do mundo pela sangrenta operação terrorista contra a população civil iemenita.
A Arábia Saudita, a contas com as deserções em massa e perante o silêncio cúmplice – eventualmente aliviado – de uma dezenas de aliados, entre os quais a junta do Egipto, garante que cancela a invasão e suspende os bombardeamentos porque atingiu os objectivos militares.
Atingiu? Vamos ver.
Riade diz que destruiu a força aérea inimiga. É verdade: o pouco que havia estava no chão e às ordens do presidente Abu Mandour Habi, refugiado na capital saudita.
Riade afirma que destruiu as capacidades do inimigo em mísseis balísticos. É uma verdade de Monsieur de La Palisse: não havia mísseis balísticos no Iémen.
Riade assegura que destruiu o controlo de comando inimigo. Não se sabe é qual, porque havia tantos controlos de comando como os grupos coligados com os rebeldes xiitas houthis, entre eles a Al-Qaida e os sunitas urbanos do ex-presidente Saleh.
Riade jura que limitou os movimentos dos rebeldes houthis. Ora os houthis mantêm em seu poder a capital Sanaa e as regiões meridionais petrolíferas, incluindo o porto estratégico de Adem; por isso, não necessitam de se mover para controlar o país.
Riade revela que, através das acções já realizadas, garantiu a segurança do seu território e a protecção do governo “legítimo” do presidente Habi. Também é verdade. O Iémen jamais ameaçou o território saudita; e o presidente Habi não pode estar mais protegido, uma vez que se encontra em Riade, no colo da família real, uma vez que as operações realizadas não o devolveram ao posto em Sanaa a que diz ter direito.
Um glorioso êxito militar, como se percebe, da não menos gloriosa aliança entre o farol da democracia planetária e um dos faróis do terrorismo planetário. Enquanto isso, a mal afamada Al Qaida reforçou a presença no Iémen, pois ficou incólume nas posições que detinha entre os grupos que repartem o poder no país; e o esforço militar no Iémen aliviou a pressão sobre o não menos mal afamado Estado Islâmico, mais incólume ainda do que já estava antes, apesar da apregoada campanha de bombardeamentos aéreos norte-americanos.
Quanto a isto, duas deduções podem fazer-se. Dificilmente os bombardeamentos aéreos resultam quando não se pretende liquidar o que se ataca; e perante os resultados dos ataques de aviação no Iémen e contra o Estado Islâmico há que dar razão aos militares, incluindo comandos da NATO, segundo os quais as guerras aéreas não ganham conflitos e o império sofre de graves lacunas em termos de guerras convencionais.
"A dívida de Portugal vai ser reestruturada. É tão simples quanto isso"
Há dois anos, Thomas Piketty saltou com o seu livro O
Capital no Século XXIpara linha da frente do debate económico mundial. À
esquerda aplaudiu-se a forma como colocou o dedo na ferida da desigualdade. À
direita colocou-se em causa a metodologia e as soluções, que incluíam aumentar
fortemente os impostos sobre os mais ricos. Mesmo depois de sujeito a um dos
escrutínios mais apertados alguma vez feito a um economista, Piketty continua a
dizer que nada mudaria nas suas conclusões.
Esta segunda-feira esteve em Portugal. Participou numa
conferência na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e encontrou-se com
vários líderes políticos. Todos à esquerda, incluindo António Costa e
Sampaio da Nóvoa. Ao PÚBLICO disse que aumentar os impostos sobre os mais ricos
não é a prioridade para a Europa, defendeu que a preocupação deve ser o combate
ao desemprego e caminhar para um imposto comum sobre as empresas. Em relação à
Grécia e Portugal, diz que o caminho a seguir para resolver o problema da
dívida é mais inflação e uma reestruturação.
É o progresso, estúpidos (estúpido e estúpida)
Quando o tema é concertação social, já sabemos que a UGT assina por baixo qualquer proposta que venha de qualquer Governo do tal arco que nos tem a pão e água. Arrumo, portanto, o entusiasmo de Carlos Silva no cantinho que a História tem reservado para os colaboracionistazinhos da sua estirpe. Mas o tema é concertação social. E é igualdade de género. E é discriminação salarial. É Constituição da República Portuguesa, portanto. É que o Governo levou para a concertação social uma proposta de subsidiação do cumprimento do direito à igualdade entre homens e mulheres dirigido a empresas que estejam dispostas a não discriminarem mulheres pagando-lhes menos e oferecendo-lhes piores carreiras do que aquelas que oferecem aos homens e para isso, vá lá que desta feita não será a Segurança Social que pagará a festa, está disposto a ir buscar dinheiro àquela Europa que nos diz que vivemos acima das nossas possibilidades. Chama-lhe "medida de promoção da igualdade de género". Sê-lo-ia, realmente, se a ideia fosse penalizar, com multas ou pela forma que fosse, qualquer – e não apenas a de género – das discriminações que a nossa Lei fundamental proíbe. Subsidiando quem o faz, o nº 2 do art. 13º da CRP começa a ficar com a seguinte redacção: "Quem privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito ou isentar de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica , condição social ou orientação sexual tem direito a prémio". Incentivo à discriminação de género. Curiosa forma de combater uma discriminação. Se incentivar ainda for o contrário de punir, estamos prestes a presenciar mais um enorme retrocesso. Claro, se retrocesso ainda for o oposto de progresso. Calar continua a ser um contrário de reagir.
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BUROCRACIA E DEMOCRACIA
Ao aumento do controle burocrático corresponderá uma descida da democracia. O aumento da burocracia numa organização é o primeiro critério para medir a desconfiança nas pessoas.
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quarta-feira, abril 29, 2015
Comportamentos habituais na nossa sociedade que são considerados ofensivos noutras partes do mundo
Mastigar pastilha elástica em público
Na Suiça, França, Luxemburgo e Singapura pelo menos, mastigar pastilha elástica em público é visto como criticável e mesmo rude em termos sociais. Se pretender nesses países mastigar pastilha elástica em público tente ser imperceptível!
Corpo, cabeça e cauda
Há trinta anos, quando Mário Soares assinou nos Jerónimos o tratado de adesão de Portugal à CEE, era habitual a imprensa nacional fazer comparações com a Grécia para tentar identificar qual dos dois Estados se situava, como então se dizia e repetia, «na cauda da Europa». O processo decorria como numa corrida de estafetas, pois a cada momento, de acordo com as circunstâncias e os indicadores escolhidos, um deles superava provisoriamente o outro.
A absurda competição – desconheço se entre os gregos ela teve também lugar – impunha, de acordo com um raciocínio viciado que ainda não desapareceu de todo, a depreciação sistemática dos números apresentados pelos nossos concorrentes, no sentido de mostrar que, se nos mantínhamos longe dos «países desenvolvidos», a verdade é que tínhamos iniciado um processo que conduziria mais cedo ou mais tarde a entrar no seu clube de elite. Deixando aos gregos a triste sina de se manterem afastados dessa dose certa de desenvolvimento e prosperidade que configuraria aquela que um dia Hegel considerou a etapa perfeita e terminal da História.
Vista a partir da leitura dos jornais da época e do que então diziam os telejornais, a empatia, a grega empátheia, era mínima. O modelo proposto supunha a competição, rumo a um Eldorado desenvolvimentista que excluía a solidariedade entre os países que se encontravam mais próximos no que respeitava à fragilidade da economia, ao limitado peso político nas instituições europeias e à subsistência de uma desigualdade social endémica.
Esta incompreensão configurou um handicap jamais ultrapassado, posteriormente reforçado por um conjunto de mitos, construídos no contexto de uma cultura popular influenciada pelos meios de comunicação, a propósito da capacidade grega para ludibriar a contabilidade, para viver de forma indolente ao sol da Ática e do Egeu, para nos diminuir as receitas turísticas e, por fim, num plano simbólico mas não menos amargo, para estragar as contas da camisola das quinas nas competições de futebol. Os desafortunados helenos eram-nos sistematicamente mostrados como estranhos, incompreensíveis, de certo modo pouco honestos e fiáveis. E acima de tudo como adversários no esforço para escapar à última carruagem do comboio europeu.
Não é por isso de estranhar o desinteresse com o qual, fora dos círculos políticos da esquerda, entre nós tem sido observada a dura experiência de recuperação e de reequilíbrio iniciada, com o apoio expresso da larga maioria dos gregos, pelo governo do Syriza. A ideia de que as tremendas dificuldades pelas quais este passa não nos dizem respeito, não são connosco, parece instalada, com a natural cumplicidade do atual governo, temeroso da contaminação e preocupado com a possibilidade do eventual sucesso grego confirmar a iniquidade das escolhas que fez e pelas quais será histórica e politicamente responsabilizado.
A busca de uma saída do beco para o qual fomos empurrados passa pois pela aceitação de que existe um destino partilhado pelos países mais afetados pela insolubilidade da dívida pública e de que a Grécia fica afinal aqui ao lado, partilhando connosco a certeza de que uma solução justa passa pela instalação da solidariedade internacional como princípio fundamental de política.
O escritor de policiais Petros Markaris, filho de um arménio e de uma grega, nascido em Istambul e morador em Atenas, um tradutor de Brecht e de Goethe que nem sequer votou no Syriza, afirma que aquilo que hoje se vive Grécia é uma crise europeia que impõe uma responsabilização europeia. Nessa medida, a ideia de que existe um fosso intransponível entre a cabeça loira que comanda e uma cauda morena que se arrasta deixou de uma vez por todas de fazer sentido. A Europa será um corpo inteiro e equilibrado ou não será Europa. A chave para a aplicação deste princípio só pode ser partilhada ou deitada fora.
A ministra da paranóia
Um psicopata é um alguém que tem a desordem de não sentir empatia por aquele a quem provoca sofrimento. A ele nada lhe custa, por exemplo, matar e terá, sempre, a consciência tranquila.
Por isso, a ministra da justiça dizer que tem a consciência tranquila quanto à sua proposta de lei sobre a lista de pedófilos tem valor nulo como argumento. Não estou a afirmar que a ministra é uma psicopata mas sim que pode dar-se o caso de ter a consciência completamente errada.
E, no entanto, é o argumento que ela apresenta depois de a Comissão Nacional de Proteção de Dados arrasar a sua proposta. Afirma também que o faz por teimosia – é o que se conclui quando se diz “está no programa eleitoral” em vez de apresentar argumentos. Aliás, estes foram já desmontados há muito, tendo a ministra acabado com roda de mentirosa por parte do Expresso e desmentida em directo no Parlamento. Acresce que, diz quem sabe, as crianças não são violadas por estranhos mas por alguém da sua confiança. Alguém que nunca estará nessa lista de pedófilos, pois estando já foi condenado e não será da confiança da criança – é o que se supõe que qualquer família faça e não será preciso uma lista para esta saber da desgraça que lhes aconteceu.
Sobra a teimosia e o poder, novamente sem controlo, que um ministro tem, em conjunto com o seu grupo parlamentar e com o seu partido, para fazer o que lhe dá na telha.
A oposição diz que vai votar contra. Mas vai revogar a aberração quando tiver esse poder?
Uma ciência exacta
Há sempre um oportunista à espreita a tentar colar-se ao êxito alheio mesmo quando o que defende o autor do sucesso é completamente diferente daquilo que defende o oportunista que se põe à boleia. Na política também é assim. E António Costa, já o sabíamos pelo menos desde o dia em que os gregos disseram não àquela Europa cuja porta lhe põe o nariz a pingar de medo de levar com um ralhete, é um destes artistas. Como estes números mediáticos só produzem o efeito desejado se forem meticulosamente preparados, ontem foi um dos que teve o cuidado de anunciar previamente que iria encontrar-se com Thomas Piketty. A seguir apareceu ao seu lado a criticar a aposta na austeridade do modelo europeu que notoriamente excede largamente o capital de coragem e de vontade política de que dispõe para lhe responder em sede própria. E a seguir Thomas Piketty deu uma entrevista onde, entre outras ideias, voltou a defender a necessidade de combater o aumento dramático das desigualdades que resulta de lucros que por esse mundo fora vêm crescendo a um ritmo mais de três vezes superior ao da massa salarial, uma reforma fiscal que inverta a sobrecarga crescente de impostos sobre rendimentos do trabalho que vêm aliviando os que mais têm ao invés de sobrecarregá-los e, falando especificamente sobre o caso português, que a dívida portuguesa terá que ser reestruturada mais cedo ou mais tarde. Ora, como sabemos, o PS não quer ouvir falar em reestruturar a dívida, aprovou conjuntamente com o PSD e o CDS uma redução de impostos sobre lucros que beneficia sobretudo as grandes empresas e obriga a sobrecarregar ainda mais os rendimentos do trabalho, sempre esteve contra a tributação de grandes fortunas e o máximo que está disposto a fazer pela reposição do poder de compra do salário mínimo de miséria que congelou em 2010 é a sua subsidiação com dinheiros que se propõe ir buscar às reformas futuras dos portugueses e a impostos que fazem falta para inverter o desmantelamento de serviços públicos e para financiar o investimento necessário para criar emprego. Embaraço? Nenhum. As contradições dissipam-se invariavelmente com uma acusação qualquer disparada para o ar de dedo apontado ao PSD e ao CDS, que responderão com a sua. Há truques que resultam sempre. Até prova em contrário, a alternância é uma ciência exacta.
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Submersos em metas grotescas e exames inadequados
Quando a destruição estiver concertada e o afastamento temporal permitir a análise desapaixonada, de Crato serão claras as marcas que sobram para a história: brutal redução do financiamento da Educação, subjugação do público ao privado e do personalismo ao utilitarismo e deriva desvairada para tudo subordinar a metas grotescas e exames inadequados.
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OS BOYS SÃO UNS CÓMICOS
"O Governo retira margem aos ministérios e passa para a CRESAP o perfil dos candidatos aos lugares para dirigentes públicos(...)". Os boys são uns cómicos. Passam a legislatura em concursos partidocráticos, arrumam a clientela e em ano de eleições declaram um arrependimento.
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terça-feira, abril 28, 2015
Comportamentos habituais na nossa sociedade que são considerados ofensivos noutras partes do mundo
Dar gorjeta
Em muitos países da Europa e Ásia dar gorjeta não é só desnecessário, como pode parecer rude. Coisa que não acontece na América. Antes de dar gorjeta tenha bem a certeza do costume que impera no país onde se encontra!...
A FEBRE DA DEVASSA
O escândalo já não é novo. O que se vai renovando quase todos os dias são os dados da amplitude da devassa a que os europeus estão sujeitos por parte da espionagem norte-americana, com a prestimosa colaboração de espiões da União – que não poupam nem políticos, nem empresários, nem segredos tecnológicos e industriais, obviamente sujeitos a patentes.
O que Edward Snowden revelou ao mundo foi apenas a ponta de um icebergue cujos volume e profundidade crescem sem parar. Sabia-se que a National Security Agency (Agência Nacional de Segurança) dos Estados Unidos da América é unha com carne com a sua gémea britânica GCHQ. A imprensa e o Parlamento alemão vêm agora demonstrar que a intimidade é extensiva aos serviços de espionagem da Alemanha, o BND, Gabinete de Defesa da Constituição (curioso nome este), que a seu belo prazer acode às encomendas de devassa feitas pela NSA, ao que parece sem o conhecimento sequer dos órgãos de soberania do país. A torrente de confidências escorre pelo menos desde 2002, tudo à sombra de um manhoso “Memorando de Entendimento” antiterrorista, e só em Março passado a Chancelaria da senhora Merkel teve conhecimento da trapaça.
A coisa passa-se da seguinte maneira: a NSA envia listas de nomes, telefones, endereços electrónicos e IP (protocolos de internet) de pessoas e empresas a espiar e o BND coloca as suas capacidades ao serviço dos espiões norte-americanos, partindo do princípio de que pode fazer o mesmo em sentido inverso. Diz a imprensa alemã que o afã da NSA é imparável, chega a enviar várias listas por dia, de tal modo que o número de entidades devassadas é da ordem das 800 mil, incluindo políticos e cidadãos europeus de numerosas nacionalidades e também empresas de todas as dimensões, entre as quais avulta o gigante EADS (indústria aeroespacial, de defesa e segurança), fabricante do Airbus.
Apanhado em flagrante, o BND alega que o número de atingidos não passa de dois mil; a comissão especializada do Parlamento Alemão (Bundestag) já chegou aos 40 mil e a tarefa está longe de concluída. Em sua defesa – em boa verdade nada disto tem defesa – o BND alega que corresponde aos desejos da NSA no âmbito da boa cooperação, receando que se levantar dificuldades deixa de ter acesso às bases de dados da NSA. Tudo muito instrutivo, muito democrático.
Ora, como se sabe, continua em curso a elaboração do Acordo de Comércio e Investimento Transatlântico (o famigerado TTIP), através do qual os políticos da União Europeia se preparam para entregar a economia e a saúde dos europeus à mais absoluta anarquia produtiva e comercial reinante nos Estados Unidos da América, fazendo orelhas moucas aos protestos de milhões e milhões de cidadãos e instituições da Europa. Mete-se pelos olhos dentro que o frenesi de espionagem norte-americano é ditado, em grande parte, pelos dividendos que o lado de lá do Atlântico pretende retirar deste processo desequilibrado de nascença, que apenas políticos mentirosos e sem escrúpulos podem apresentar como justo e bilateral.
No fundo, no fundo, seja no caso do comércio e do investimento, seja no da intrusão abusiva na vida dos cidadãos e das empresas da Europa, a lógica é a mesma da relação entre a NSA e o BND (ou o GCHQ, ou quaisquer outros congéneres destes 28 de cócoras): o lado americano encomenda ou ordena, o lado de cá obedece, invocando que se levantar problemas pode deixar de ter acesso, no lado de lá, àquilo que na verdade não tem. Chama-se a isto subserviência de simples suseranos.
Danos reputacionais? E daí?
A Comissão Executiva (CE) do Grupo Lena disse ao Expresso que “os prejuízos em Portugal e no estrangeiro” que decorrem da detenção do vice-presidente Joaquim Barroca no âmbito da Operação Marquês são “de carácter reputacional”, acrescentando ainda que “Em 2014, tivemos os melhores resultados de sempre“. Sobre José Sócrates, esse grande amigo do Grupo Lena, o presidente da CE Joaquim Paulo Conceição (JPC) mostra-se convicto que o processo que colocou o ex-primeiro-ministro atrás das grades resulta de “um equívoco”, algo que “será demonstrada no sítio certo, em sede de Justiça“. É sempre reconfortante podermos contar com a vasta experiência de grandes empresários como este senhor para percebermos, antes da justiça se pronunciar, que tudo isto não passou de um embuste e que o 44 é afinal vítima de um equívoco. Um equívoco milionário mas ainda assim um equívoco.
Chamou-me a atenção o facto de JPC ter feito referência aos tais danos reputacionais como algo de somenos, que inclusive não afecta a actividade empresarial do grupo. E convenhamos que existe muita sabedoria nestas palavras. Até porque, se danos reputacionais dessem cabo da actividade das empresas encostadas ao Estado, pouco sobraria do tecido. No PSI-20 seria a tragédia.
No fundo, as palavras de JPC valem para muitas empresas como para a nossa casta política. Se os tão comuns danos reputacionais tivessem impacto na sobrevivência dos partidos do regime, o bloco central desapareceria mais rápido que o PASOK. Mas como a reputação interessa cada vez menos, até porque a malta já se vai habituando à banalização do tráfico de influências e da corrupção generalizada, está tudo bem. A informação é tanta e os casos multiplicam-se de tal forma que a maioria acaba por cair no esquecimento. Há-de chegar o dia que Sócrates, o inocente, habitará o Palácio de Belém. E daí? Cavaco e Soares não o habitaram também?
O amigo dos nossos chefes é um terrorista
Foi o jornalista José Goulão quem escreveu sobre o fulano, o que me chamou a atenção para esta história.
Abdelhadim Belhadj foi identificado pela Interpol como um dos líderes do exército do Estado Islâmico, que tem semeado o terror na Síria e no norte de África. Não se surpreenda: como eu até há dias, não sabe quem este é cavalheiro. Pois ei-lo na foto ao lado de McCain, o senador republicano que foi candidato à presidência dos Estados Unidos (e de dois outros senadores), a trocarem prendas. Ou poderíamos vê-lo a ser recebido por Laurent Fabius, ministro dos negócios estrangeiros de Hollande, em maio de 2014. Claro que isso foi no tempo do reconhecimento. Agora, é um dos chefes do Estado Islâmico.
Abdelhakim Belhadj foi treinado pelos homens de Saddam e chefiou o Grupo Islâmico Combatente da Líbia, opositor de Kadafi, entre 1995 e 1998, tendo colaborado com os serviços secretos britânicos durante esse período. Mas depois foi para Afeganistão, apoiando Bin Laden. Diz-se que foi um dos responsáveis do atentado de Madrid em 11 de Março de 2004. Seria preso na Malásia, onde foi interrogado pela CIA e pelos seus antigos patrões. Mas foi libertado em 2010, instalando-se no Qatar, até à queda de Kadafi.
As forças da Nato, que foram decisivas nos meses de guerra e de desagregação do regime líbio, nomearam então Abdelkhadim Belhadj governador militar da capital, Tripoli, apresentando-lhe desculpas pelo interrogatório e prisão pela CIA e pelo MI6. Não demorou muito nesta função (mas veja a entrevista na Euronews), porque criou um partido e deslocou-se para a Síria, fundando o Exército Sírio da Liberdade, que recebeu o apoio militar e político dos países ocidentais, na guerra contra o regime dos Assad.
A Interpol identifica-o agora como o chefe do grupo que mais teme: Belhadj terá criado campos de treino do Estado Islâmico em Derna, Sirte e Sebrata, na Líbia, e criado um grupo na Tunísia, em Djerba.
Quando se perguntar o que faz a Europa perante o genocídio do Mediterrâneo e as mortes de quem foge da guerra, lembre-se desta história e da sua moral: um dos amigos dos mais respeitáveis líderes mundiais é um dos chefes do terror. É dele e dessa cultura de morte que os emigrantes fogem. Vão encontrar, do lado de cá, muitos dos amigos e ex-patrões desse chefe do terror e de outros como ele. E são estes amigos e ex-patrões que vão colocar navios de guerra no Mediterrâneo para não deixarem passar as balsas de emigrantes.
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