sábado, maio 23, 2015

Leitinho para pobrezinhos


Vamos brincar à caridadezinha? Já andamos a brincar à caridadezinha, a deixar que o que hoje muitos apenas conseguem obter a título de esmola vá substituindo o que antes era garantido como direito. E deixar substituir um Estado social que nunca foi grande coisa mas já foi bastante mais forte do que é hoje por uma rede de instituições de caridade que vai crescendo como cogumelos à sombra do Estado não é lá muito boa ideia, como atesta mais este exemplo: a mãe de uma bebé de seis meses queixa-se de ter sido “banida” do grupo de beneficiários da ajuda alimentar prestada por voluntários do Rotary E-Club de Sesimbra, no Casal do Sapo, depois de tornar público o seu descontentamento por lhe ter sido dado leite, para a criança, “fora de prazo” e em “más condições”. Os generosos beneméritos respondem acusando a sua pobrezinha de má fé e de ingratidão. A ingrata decerto que dali não leva nem mais meio quilo de carapau podre. E não há nada nem ninguém que possa obrigá-los a dar o que quer que seja. O assistencialismo é assim. Quem necessita humilha-se e estende a mão. E dá quem quer, o que quer, quando quer e a quem quer.

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