sábado, maio 23, 2015

Não deixemos que a Europa escreva a sua tragédia grega

O grupo «Les Économistes Atterrés» divulgou recentemente um longo texto de Philippe Légé, que merece ser lido na íntegra: «Ne laissons pas l’Europe écrire sa tragédie grecque».
O autor faz um resumo do historial das finanças públicas gregas desde os anos 80, sublinha a inépcia das políticas de austeridade dos últimos anos, analisa as características e efeitos da reestruturação da dívida e termina com o que considera poder significar, neste momento, «Ajudar a Grécia».
Destaco e traduzo o capítulo final:
Ajudar a Grécia
Temos de nos render à evidência: os credores privados sofreram perdas com a reestruturação de 2012. Mas esta chegou demasiado tarde e permitiu por isso que muitos tivessem podido reduzir a exposição a que estariam sujeitos, transferindo uma parte dos riscos para instituições públicas. Os bancos podem agradecer aos principais responsáveis dessa transferência, a começar pelo presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, e pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, que atrasaram a inevitável reestruturação. Enquanto os bancos credores se livravam assim a tempo, revendendo os seus títulos ao sector público, a austeridade orçamental e salarial deslocava a economia grega. A política imposta pela troika gerou uma tal catástrofe humanitária, e provocou também uma tal queda da actividade, que o considerável prolongamento da maturidade da dívida pública e a importante redução das taxas de juro se revelaram insuficientes.